Escrito por Sulivan França - 14 de Junho de 2019

Qual será o custo do analfabetismo emocional? Vamos refletir. Se educadores há tempos estão preocupados com as notas baixas dos alunos em matemática ou leitura, recentemente constataram que a deficiência em controlar sentimentos é um problema terrível, com graves consequências. Não faltam estatísticas que indicam o aumento da turbulência entre adolescentes e distúrbios na infância. 

Vejamos alguns destes tristes e evidentes sinais: alta na prisão de jovens que praticam crimes violentos, como estupros e assassinatos; aumento no índice de suicídios na adolescência; maior número de gravidez em adolescentes; crescimento de doenças venéreas; aumento nos casos de abuso de álcool e drogas por jovens. 

O que alguns dados estatísticos revelam é que os níveis de competência emocional de crianças e adolescentes têm se deteriorado de forma acentuada nas últimas décadas. Entre os principais pontos críticos estão: 

Problemas de relacionamento social: pense naquele indivíduo que prefere ficar só. É cheio de segredos. Tem falta de energia. Sente-se infeliz. É muito dependente. 

Ser ansioso, deprimido ou solitário: tem muitos medos e preocupações. Tem uma autoexigência exagerada. Não se sente amado. É nervoso e triste.   

Problemas de atenção ou raciocínio: este perfil tem dificuldade de concentração. Tem devaneios. Age impulsivamente. É nervoso demais para se concentrar. Possui mau desempenho escolar. É incapaz de afastar pensamentos. 

Delinquência ou agressividade: trata-se daquele que anda com garotos que se metem em encrencas. Mente e trapaceia. Discute muito. É mau com os outros. Chama a atenção para si. Destrói as coisas dos outros. Desobedece em casa e na escola. É teimoso. Fala e provoca demais. Tem pavio curto.    


Faça um teste: pense em adolescentes que você conhece que não sabem administrar suas emoções. Que problemas a alfabetização emocional evitaria para eles e para a sociedade?

Entre as causas que explicam esta deterioração emocional nas últimas décadas está a crescente pressão econômica sobre as famílias, o que faz com que pais precisem trabalhar muitas horas. Com isso, os filhos são deixados por conta e risco aos cuidados da televisão ou da babá. Não bastasse, nossa sociedade tem mais crianças criadas na pobreza, e as   famílias formadas por apenas um pai ou uma mãe só cresce. Acrescente ainda a tudo isso, bebês que são deixados em creches. 

Nesta situação, mesmo pais bem-intencionados perdem as oportunidades de intercâmbios com seus filhos, algo fundamental para o desenvolvimento das aptidões emocionais. 

Entre os diversos problemas da infância que podem refletir em perturbações na vida adulta está a agressividade. Estudos mostram que crianças e adolescentes brigões têm uma falha de percepção que faz com que eles vejam coisas insignificantes como ameaças e reagem com exagero. Um esbarrão não intencional de um colega pode significar motivo para a violência. Isso, claro, acaba por afastar outras crianças e adolescentes, consequentemente  esse isolamento agrava a agressividade deles. Com o tempo, o adolescente problemático tende a se tornar um jovem criminoso. 

Os antídotos para interromper este ciclo nocivo são programas nos quais os garotos agressivos aprendem a domar sua inclinação antissocial antes que se metam em problemas mais sérios. Neles, acontece o treinamento de controle da raiva e os adolescentes são instruídos a monitorar os próprios sentimentos e a pensar antes de reagir. 

Faça um teste: reflita sobre episódios que você tenha vivido em que a falta do controle da raiva teve consequências ruins. O que poderia ter sido feito diferente nessas situações?

Outro problema muito frequente em crianças e adolescentes é o aumento nos casos de depressão. Sobretudo em jovens, problemas de relacionamento são um gatilho para este mal. Muitas vezes, a dificuldade está no trato com pais ou com colegas. Porém, por serem incapazes de falar de seus sentimentos, é comum que demonstrem outras características como mau-humor, irritabilidade, impaciência, instabilidade e raiva. 

Entre os fatos que podem explicar o aumento dos casos dessa melancolia crônica estão a perda da referência familiar para a identidade de crianças e adolescentes; uma crescente indiferença dos pais pelas necessidades dos filhos; a ascensão do individualismo; e o desaparecimento das crenças na religião, no apoio da comunidade e da família. 

Existem indícios de que ensinar as crianças as verem suas dificuldades, através de meios mais produtivos, reduz os riscos de depressão. Em um dos programas, alunos com depressão branda aprenderam a contestar os padrões de pensamento associados à tristeza, o que deu bons resultados. 

A lista de problemas ligados as emoções que afetam jovens inclui ainda os distúrbios alimentares, como a anorexia e a bulimia, a evasão escolar de adolescentes rejeitados pelos colegas e o abuso de álcool e drogas. No entanto, cada um desses males pode ser amenizado ou evitado com a capacidade de lidar com sentimentos como a ansiedade, raiva e melancolia. 

Alguns estudos mostraram que apenas informar os jovens sobre os riscos aos quais eles estão expostos não é suficiente para obter mudanças significativas. É preciso ajudar no desenvolvimento dos talentos emocionais, como a autoconsciência, a identificação e a expressão dos sentimentos e o controle dos impulsos, da tensão e das preocupações. 

Mas, como é uma educação sobre emoções?

Faça um teste: avalie que ganhos traria a sociedade, como um todo, se mais pessoas soubessem  lidar melhor com a ansiedade, a raiva e a melancolia em suas vidas. 

Os chamados cursos de alfabetização emocional têm raízes em movimentos pela educação afetiva, ocorrida na década de 1960. A ideia era colocar em prática lições psicológicas e motivacionais que vinham sendo ensinadas em teoria apenas. 

Em decorrência disso, surgiram diversos programas preventivos para problemas específicos, como tabagismo, abuso de drogas, gravidez e evasão escolar na adolescência e, mais recentemente, violência. Porém, ficou claro que são obtidos melhores resultados quando é ensinado um núcleo de aptidões emocionais e sociais, como controlar o impulso, a raiva, e encontrar soluções criativas para provações sociais, frustração e dor. 

Ensinar os benefícios da cooperação, de como administrar atritos, evitar brigas, lidar com as preocupações do cotidiano, compreender o que está por trás de um sentimento estão incluídos em uma educação voltada para a alfabetização emocional. 

Com ela, estudantes aprendem a parar, se acalmar e pensar antes de agir. Um projeto ideal neste sentido começa cedo, é apropriado para a idade, cobre todo o tempo de escolaridade e intercala os trabalhos na escola, em casa e na comunidade. 

Avaliações que comparam alunos desses cursos, com quem não recebeu tais conteúdos, mostram um proveito na competência social e emocional das crianças e adolescentes do primeiro grupo, em seu comportamento dentro e fora da escola e em sua capacidade de aprender. Entre os pontos abordados com estes estudantes estão a autoconsciência emocional, o controle das emoções, a canalização produtiva dos sentimentos, a arte da empatia, e como lidar com os relacionamentos. 

Se o desenvolvimento do caráter é uma das bases das sociedades democráticas, a inteligência emocional reforça fundamentos essenciais como a autodisciplina e a força de vontade. Diante dos crescentes desafios e complexidades de nossa sociedade, fortalecer a consciência das emoções pode ajudar as atuais e futuras gerações a solucionar inúmeros  problemas decorrentes da má administração dos sentimentos. O quanto antes isso tiver início, melhor para todos.  

Faça um teste: olhando para todo o aprendizado ao longo dos conteúdos sobre Inteligência Emocional, quais foram as principais lições para você? Liste os temas que mais te agradaram. 

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