História do Tesouro de Bresa

Há muito tempo, na Babilônia, existiu um alfaiate chamado Enedim. Ele era muito trabalhador e carregava dentro de si a esperança de se tornar rico.

Certo dia, um velho mercador da cidade Fenícia bateu na porta de sua casa com vários objetos em mãos. Enedim olhou todos, até que encontrou um livro bem grosso com vários símbolos e caracteres estranhos.

Percebendo que Enedim se interessou, o mercador logo começou a dizer as qualidades do livro, dizendo ser único, precioso e custava apenas 3 dinares. As páginas eram todas escritas em caracteres estranhos e logo o alfaiate notou que se tratava não de um, mas sim de vários idiomas diferentes e bastante difíceis de decifrar. 

O interesse e a curiosidade ficaram ainda mais aguçados depois de alguns dias de estudo intenso e quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte inscrição "O segredo do tesouro de Bresa". Enedim lembrou que já tinha ouvido falar desse tesouro. E na sua cabeça ele ficou matutando se tinha então encontrado, sem querer, um mapa para esse tesouro. 

Ele se dedicou a decifrar as páginas seguintes e depois de muita pesquisa, conseguiu traduzir mais um trecho que dizia: "O tesouro de Bresa enterrado pelo gênio do mesmo nome, entre as montanhas do Harbatol, foi esquecido e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo". 

O alfaiate começou a decifrar todas as páginas do livro, sempre visando encontrar o tesouro. Todavia, como as páginas eram escritas em caracteres de vários idiomas, ele teve que estudar os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus, entre outros.

Com o passar dos anos, Enedim já dominava vários idiomas. Aliás, na região, não tinha ninguém como ele. Com tanto conhecimento, foi convidado para deixar a profissão de alfaiate e se tornar intérprete do rei. Ele aceitou o convite e passou a ganhar muito mais, tendo uma vida confortável. 

Continuando a ler o livro, encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e se tornou um grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.

Ainda em decorrência da leitura do livro, o então prefeito estudou as leis de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino. E então, foi viver em um luxuoso palácio, onde recebia visitas de muitas pessoas poderosas e influentes, como príncipes, reis e suas comitivas.

Graças ao seu trabalho e ao seu vasto conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todos. Entretanto, apesar do sucesso, o tesouro de Bresa ainda não fora encontrado. O livro já havia sido totalmente traduzido, mas Enedim não encontrara nenhuma pista do tesouro.  

O tempo passou até que um dia, ao fazer uma viagem para supervisionar obras do reino, ele reencontrou o mercador que lhe vendera o livro. Contando ao velho mercador que havia conseguido traduzir todo o livro, revelou ao ancião que se sentia frustrado, pois não havia encontrado nada que o levasse à localização do tesouro. 

O velho sorriu em resposta e disse: "O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro e ao seu esforço próprio, você adquiriu grande saber e foi isso que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui hoje. Afinal, Bresa significa "saber".

Essa fábula traduz a ideia de aprimoramento contínuo que desejo compartilhar com você e que traduz muito bem o que significa a palavra japonesa "Kaizen".  

Kaizen significa mudança para melhor, traz consigo o despertar de que sempre é possível fazer melhor e nenhum dia deve passar sem que alguma melhoria tenha sido feita. 

O tesouro de Bresa é o saber. Qualquer um que se esforce da maneira correta é capaz de alcançar o que deseja. Quem segue o Kaizen alcança esse tesouro, pois busca sempre a melhoria gradual e contínua, em todos os aspectos.

Patrick James Riley, ex-técnico da NBA e atual  presidente do clube de basquete Miami Heat, certa vez, para estimular os atletas do time que treinava a passar para o próximo nível, os convenceu de que se cada jogador melhorasse o desempenho em apenas 1% em cinco áreas chave, tudo seria diferente.

Todos tinham certeza de que eram capazes disso. Cada jogador só precisava se dedicar para um aumento de 5%. Esse aumento, multiplicado por 12 jogadores, produziu um aumento de 60% para o time. E isso fez com o que aquele time tivesse a melhor performance da sua história durante as temporadas seguintes.

O caminho para a transformação 

Eugen Herrigel, filósofo alemão, nos diz que a prática oriental surpreende porque não tem como finalidade resultados práticos ou o aprimoramento do prazer estético, mas sim exercitar a consciência, com a finalidade de fazê-la atingir a realidade última, ou seja, o nirvana. Este é um estado de iluminação suprema, para além da concepção do intelecto, que harmoniza o consciente com o inconsciente.

Para se tornar mestre em algo, o domínio técnico é insuficiente. É necessário transcendê-lo, de tal maneira que ele se converta em uma arte sem arte, emanada do inconsciente. E tudo isso passa pelo aprendizado.

David A. Kolb, teórico educacional americano, definiu a aprendizagem como o momento em que conceitos abstratos são adquiridos e têm a capacidade de serem aplicados em um conjunto de situações, e, quando novas experiências motivam o surgimento de novos conceitos.

Um dos maiores problemas dos sistemas de educação atuais é que a maioria dos professores não conhecem as estratégias de aprendizado de seus alunos. 

Até agora, nosso processo educacional tem sido baseado no que os alunos devem aprender e não em como podem aprender melhor.

Afinal, como as pessoas aprendem/melhoram? Por meio do estudo? Prática?

E as pessoas que já atingiram a maestria? Como continuam a melhorar?

Elas buscam a perfeição. E nós também temos que buscar a perfeição.

Dizer que buscar o perfeccionismo é estressante é o mesmo que dizer que fazer exercícios é cansativo. Ora, se você quiser os resultados terá que pagar o preço.

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni, artista florentino, dizia que o problema não é mirar muito alto e errar, mas sim mirar muito baixo e acertar.

O fracasso não deveria ser uma força desmotivadora para desistir, mas uma força motivadora para a superação.

Pode parecer complicado, mas é possível, basta que o perfeccionismo seja desenvolvido nas pequenas coisas, para depois ser aplicado em larga escala.

Afinal, se não conseguimos fazer as pequenas coisas direito, vamos falhar nas coisas importantes.

Coaching como potencializador de performances 

Mas por que não aprender a melhorar também por meio de processos como o Coaching? Por que os profissionais dos esportes têm coaches e as outras profissões não?

Uma das maneiras de agir buscando o aprimoramento contínuo e a perfeição é por meio do Coaching. O coach não realiza qualquer aconselhamento, mas pode utilizar técnicas como as chamadas shadowing ou o shadow coaching, as quais observa você fazendo o que pretende melhorar e te orienta (através de um método) como descobrir maneiras de fazer ainda melhor.

A ideia de alguém te observar, apontar erros e pontos de melhora pode parecer absurda e mexer com o ego de alguns, no entanto, pode ser a única forma de ir além e apoiar no alcance da maestria em algo.

Se você está sempre melhorando e atinge a maestria, o que passa a ser possível? O que passa a ser possível quando as pessoas são as melhores no que elas fazem?

É seu dever, por todos que investiram e acreditaram em você, ser o melhor que poderia ser. Por isso, o que quer que você faça, faça bem feito.

É como diz Simon Sinek: "faça tão bem feito que, quando as pessoas virem você fazendo, queiram voltar e ver você fazer de novo e queiram trazer mais pessoas para mostrar o quão incrível você faz aquilo que faz".

Com o propósito e estímulo aos pontos fortes, é que os grandes se tornam grandes. É por isso que os melhores de cada ramo estão em tal posição. Além de muito treino, dedicação e aprimoramento contínuo, o propósito e o foco em seus pontos fortes são os elementos que fazem a grande diferença.

Quando você vai começar a viver a vida que você vive dizendo que quer? Comece hoje!

Quantos lhe disseram que não podia? Que ia morrer tentando? Que ia quebrar a cara? Prove que estavam errados! Prove que pode ir além! Prove que é possível!

Afinal, você não precisa ser um herói, apenas um lutador. Você não precisa ser recordista, apenas vença as suas próprias barreiras, uma de cada vez.

E se não estiver conseguindo, finja até conseguir. O que quero dizer com isso, não é que você deve ser uma pessoa falsa, mas que deve pensar, sentir e agir como se estivesse conseguindo, até que, em algum momento, você vai conseguir.

Aja como se você tivesse recursos, poder e felicidade! Como se soubesse que vai ser bem-sucedido. Aja como se já estivesse lá. Aja como se pudesse. Aja como se soubesse como.

Agir "como se" é mais efetivo, pois você põe a sua fisiologia no estado que estaria se já tivesse realizado. Então, fique em pé do modo que ficaria se soubesse como fazer isso!  Respire da maneira que respiraria se soubesse como fazer isso. 

Quando nos sentimos fortes e com recursos, tentamos coisas que nunca tentaríamos se nos sentíssemos amedrontados, fracos e cansados.

Então, finja até conseguir. Depois que conseguir, faça até que isso se torne parte de você. Depois que isso se tornar parte de você, exercite essa parte de você até que ela se torne você. Quando isso acontecer, você atingiu a maestria. E não deve parar por aí, deve continuar se aprimorando.

Deve continuar usando e vivendo o Kaizen.



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