Escrito por Sulivan França - 17 de Junho de 2019

Segundo diversos estudos, no entanto, à primeira vista, sistemas são como coisas invisíveis para os nossos cérebros. Nossa mente age como se fosse cega em relação a eles.

Isso quer dizer que não possuímos uma percepção mais imediata de qualquer um dos inúmeros sistemas que impactam na nossa vida. Os compreendemos apenas indiretamente, por meio de alguns modelos mentais criados no decorrer da trajetória do homem e nos quais ainda nos baseamos, como, por exemplo, o significado das ondas do mar ou das constelações no céu.

Ao longo da história da espécie humana, a fim de sobreviver, fomos preparados por nossa biologia para uma série de tarefas como comer, dormir, lutar, fugir, procriar e cuidar de nossos bebês... Mas não existem no nosso cérebro mecanismos dedicados a compreender os sistemas maiores dentro dos quais tudo isso ocorre. Ao menos tais áreas nunca foram identificadas dentro de nossas mentes.

Entretanto, embora seja necessário um pouco de esforço para aprender sobre sistemas, para conduzir a vida com sucesso, também precisamos nos fortalecer nessa variedade de foco. Da mesma forma como já falamos da importância de ter o foco fortalecido no que se refere à autoconsciência e à empatia.


Faça um teste: por que a análise e compreensão de sistemas pode ser considerado algo importante? Na sua rotina, como seria útil entender melhor como operam os sistemas?

Para entender melhor o significado de tudo isso, pense que um dos piores resultados decorrentes dessa cegueira sistêmica ocorre quando líderes implementam uma estratégia para resolver um problema, mas ignoram toda a dinâmica pertinente àquele sistema.

Com isso, é obtido um alívio no curto prazo. Porém, o problema volta e, com frequência, chega pior do que antes. Trata-se de um verdadeiro tiro no pé pela absoluta falta de uma leitura correta de como um sistema funciona.

O estudo do que ocorre com os engarrafamentos é um bom exemplo do que estamos falando. Uma falsa solução aponta para a construção de vias mais largas e em maior quantidade. Olhando em um primeiro momento, parece algo bem lógico, não é?

Esta nova capacidade traz reconhecido alívio no curto prazo. Mais espaço automaticamente também faz com que o fluxo de veículos seja melhor. Mas, uma vez que a locomoção se torna algo mais fácil, logo as novas ruas passam a atrair mais pessoas, assim como novos comércios e prédios, uma complexa nova estrutura que vai se espalhando por toda aquela região.

E o que acontece a seguir? Com o passar do tempo, o resultado de longo prazo é que o tráfego aumenta e os engarrafamentos se tornam tão ruins ou até piores do que antes daquela expansão viária. Observe: acreditamos que ficamos presos por causa daquele engarrafamento, mas o congestionamento em si nasce da dinâmica dos sistemas de vias. Esta visão mais ampla, no entanto, nos escapa.

Culpamos os motoristas que estão lotando as ruas, mas deixamos de considerar toda a dinâmica do sistema que os colocou lá. Mais uma vez, é como se não enxergássemos o sistema. Nosso foco é dirigido para o ponto errado.

Faça um teste: se ampliar e multiplicar vias não resolve o problema dos engarrafamentos a longo prazo, exercite sua visão sistêmica. Pense em soluções alternativas para a questão.

Fica uma importante reflexão sobre isso. Na maior parte do tempo, as pessoas atribuem o que ocorre a elas a eventos próximos no tempo e no espaço. No entanto, na realidade, tais acontecimentos resultam da dinâmica do sistema maior dentro do qual elas estão inseridas.

E nossa atenção parece não ser capaz de perceber nada disso.

Muitas vezes, nos sentimos confiantes da nossa compreensão de um sistema complexo. Mas, na verdade, temos apenas um conhecimento bastante superficial dele. Portanto, estamos nos enganando. Além disso, nossos sistemas de percepção e emocionais também são praticamente cegos à consciência desses sistemas.

Para entender algumas das razões por trás disso, precisamos viajar no tempo. O cérebro humano foi sendo moldado para nos ajudar a sobreviver quando a agricultura iniciou seu crescimento. Aqui, estamos nos referindo a algo entre 2,85 milhões de anos e 12 mil anos atrás. Mas essa funcionalidade mudou pouco: deste modo, somos muito mais ligados a um barulho nas folhas que possa sinalizar que uma fera selvagem está se aproximando.

Por outro lado, é inexistente em nós qualquer aparato de percepção para detectar, por exemplo, o estreitamento da camada de ozônio ou as partículas cancerígenas que respiramos em um dia cinzento. Tais coisas podem nos matar, mas nosso cérebro não foi equipado com um radar direto para essas ameaças invisíveis.

Não se trata apenas de uma falta de percepção. Nosso circuito emocional é capaz de nos fazer reagir rapidamente diante de uma ameaça imediata, nos inundando com hormônios como o cortisol e a adrenalina. Porém, ele também é deficiente quando pensamos em perigos potenciais que estão a anos ou séculos adiante.

Simplesmente não notamos o que não vemos. Em razão disso, quando observamos um belo dia ensolarado não há nada nele que nos diga que o planeta está superaquecendo em níveis alarmantes. Nenhum alerta ecoa dentro de nossa mente ou aciona nossos mecanismos internos, como acontece com a intuição.

Algo bastante similar ocorre em relação à nossa saúde ou às nossas economias para a aposentadoria. Nossa mente não grita: "há um perigo, rápido, faça alguma coisa!". Diante de um doce bastante calórico, não existe um aviso do cérebro considerando que se continuarmos a comer tais alimentos, morreremos alguns anos antes. Ou que se seguirmos consumindo desenfreadamente terminaremos pobres, enfrentando uma série de problemas decorrentes disso na velhice.

Faça um teste: você controla sua alimentação e seu consumismo atual pensando no futuro,em relação à sua saúde e a aposentadoria, por exemplo? O que gostaria de mudar nisso? 

Como aparentemente o ritmo do aquecimento global é algo com potencial devastador daqui a séculos em vez de anos, as pessoas costumam não prestar muita atenção ao problema. E isso segue ocorrendo mesmo com um número cada vez maior de especialistas alertando para as consequências. As pessoas parecem preferir deixar a questão para os netos delas e acreditar que, bem mais adiante, eles vão encontrar algum tipo de solução.

É como uma espécie de resignação conveniente. Como consideramos que alguém conseguirá resolver isso no futuro, lavamos as nossas mãos no presente. Um misto de miopia e irresponsabilidade.

Diante de situações como essa, é preciso ter uma atenção panorâmica capaz de nos fazer apreciar as interações no nível dos sistemas. Também se torna necessário manter a atenção mais flexível para conseguir expandir e contrair o foco, como se fosse uma lente de zoom, a fim de enxergar os elementos grandes e os pequenos.

Há quem defenda que se deva até mesmo ensinar as crianças tais habilidades básicas de leitura de sistemas. Seria uma espécie de alfabetização sistêmica. Algo que poderia contribuir para uma análise mais precisa de problemas globais e faria com que mais pessoas procurassem respostas adequadas para questões que afetam todos nós.

Faça um teste: diante do que falamos sobre sistemas, como você se classifica em relação ao entendimento deles? Você considera que enxerga o contexto maior envolvido neles? 


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