Escrito por Sulivan França - 17 de Junho de 2019

Vamos falar um pouco sobre liderança? 

Não é apenas o foco de um único tomador de decisão estratégico que faz uma empresa vencer ou quebrar. Devemos considerar toda a amplitude de atenção e destreza que envolve a todos. Mas a atenção nas organizações, assim como ocorre com os indivíduos, tem uma capacidade limitada. As empresas também precisam escolher onde investir a atenção, focando nisso enquanto ignoram aquilo.

Você já ouviu falar de "transtorno do déficit de atenção" organizacional? Alguns sinais dele são a tomada de decisões equivocadas por ausência de dados, a falta de uma pausa para reflexão, a existência de problemas para obter atenção no mercado e a incapacidade de focar no que e onde importa.

Faça um teste: as empresas pelas quais você já passou tomavam decisões com base em dados? Havia pausa para reflexão? Elas mantinham o foco no que e onde importava?


A liderança em si depende de capturar efetivamente e direcionar a atenção coletiva. No entanto, liderar a atenção requer, primeiro, focar a própria atenção. Depois, atrair e direcionar a atenção dos outros. Por fim, atrair e manter a atenção dos empregados e colegas, dos consumidores e clientes.

Já no nível da organização, o líder bem focado pode equilibrar um triplo foco. Trata-se do foco interior no clima e na cultura com outro foco na paisagem competitiva, e um foco exterior nas realidades maiores que moldam o ambiente em que a organização opera.

As questões e metas particulares em que o líder foca, ou seu campo de atenção, também guia o foco daqueles que o seguem. E isso ocorre quer o líder as articule de forma explícita ou não. As pessoas escolhem onde focar com base na percepção que têm do que é importante para seus líderes.

Este efeito dá aos líderes uma carga extra de responsabilidade. Afinal, ele não está guiando apenas suas atenções, mas, em grande parte, as atenções de todos ao redor.

De acordo com filósofo alemão Arthur Schopenhauer, o gênio atinge o alvo que os outros não vêem. Steve Jobs, CEO da Apple, tinha este tipo de talento. Ele foi o primeiro a pensar em um computador que qualquer pessoa pudesse compreender e usar com facilidade, não apenas os aficionados por tecnologia.

Nesta época, tal conceito foi algo radical e jamais havia sido considerado pelas demais fabricantes de computadores. Em seguida Jobs ajudou a criar produtos, a exemplo do iPod e do iPad, que conquistaram uma legião de consumidores e viraram verdadeiros objetos de desejo. Antes de chegarem às lojas, porém, ninguém sabia que precisava desses produtos.

Ao menos até que as pessoas colocassem os olhos nele pela primeira vez.

O retorno de Jobs à Apple ocorreu em 1997, após ele ter sido expulso da empresa em 1984. Neste reencontro, ele se deparou com uma companhia que fabricava uma infinidade de produtos e que encarava dificuldades. Sua receita foi simples, ter foco.

Decidiu que em vez das dezenas de produtos, a empresa se concentraria em fabricar apenas quatro. Desta forma, ele determinou o que não fazer. Algo tão importante quanto definir o que fazer.

Faça um teste: em que situações na sua vida profissional ou até pessoal você diria que decidiu o que não fazer, a exemplo de Jobs? Pense em coisas que fez que hoje não faria.

O termo estratégia significa a arte do líder. Atualmente, os líderes precisam gerar estratégias que tenham sentido em quaisquer que sejam os sistemas mais amplos em que operam. E esta é uma tarefa para o foco externo. Para localizar estratégias vencedoras é necessário aliar criatividade e insight, elementos que usam tanto o foco interno quanto o externo.

Consciência sistêmica é um item no repertório do melhores líderes. Isso é o que os ajuda a responder a pergunta constante de onde devemos ir e como. Já o autodomínio e as habilidades sociais estão baseadas no foco em si mesmo e no outro. E eles são combinados pelo líder para produzir a inteligência emocional que move o motor humano necessário para chegar lá.

Alguém em posição de liderança precisa verificar uma escolha estratégica potencial em relação a tudo o que se sabe. E depois que a escolha estratégica é feita, deve ser comunicada com paixão e habilidade, usando empatia cognitiva e emocional. Porém, todas essas habilidades pessoais sozinhas não irão funcionar se não contarem com sabedoria estratégica.

O pensamento sistêmico conduz a forma como o líder trata com valores, missão, estratégia, metas, táticas, soluções, avaliações e o ciclo de feedback que recomeça todo o processo.

Em anos recentes, não faltam exemplos de como a falta de visão sistêmica fez marcas sucumbirem diante de concorrentes mais ágeis em mudar e mais sensíveis às demandas do público consumidor.

A fabricante dos telefones Blackberry, que revolucionou e dominou o mercado corporativo na metade dos anos 2000, viu seu império implodir diante da chegada do iPhone e os telefones com sistema Android. O domínio do Blackberry nos EUA derreteu e eles pareciam não fazer ideia do que os consumidores queriam. Em cinco anos perderam 75% de seu valor de mercado.

Uma dose de vigilância é vital para buscar aquele detalhe revelador no horizonte. No universo da tecnologia isso é particularmente mais acentuado, pois os produtos têm ciclos de vida supercurtos e o ritmo de inovação é bastante intenso. Por isso, não faltam casos de estudo.

Nos games, a Nintendo abocanhou mercado da Sony. Google desbancou o Yahoo do topo, como portal preferido na internet. A Microsoft, que já teve 42% do mercado de sistemas operacionais de celulares, viu a chegada do iPhone e o crescimento deste concorrente.

Estas histórias servem para refletir. Muitas vezes quem está no comando do antigo sistema não percebe as mudanças. Ao perceber, conclui que aquilo não é importante. Avalia que é um nicho ou uma moda. Finalmente, quando se dá conta de que o mundo realmente mudou já deixou passar grande parte do tempo que tinha para se adaptar.

Faça um teste: na sua área de atuação, quais mudanças ocorreram recentemente que mudaram e exigiram adaptações? Olhando adiante, o que você acredita que possa mudar?

Ao mesmo tempo que é preciso ter um foco para dentro do negócio também é necessário estar sintonizado com o mundo maior em que a empresa opera. Deve-se buscar o seguinte equilíbrio entre duas forças. A exploração do negócio, ou seja, aprimorar o que a empresa já faz, algo que exige concentração. E a investigação para o que existe além do negócio, para desbravar novos caminhos, o que requer foco aberto.

Os empresários de sucesso reúnem dados que podem ser relevantes para uma tomada de decisão significativa de uma maneira muito mais ampla e de uma variedade de fontes maior do que a maioria das pessoas consideraria relevante. Mas, da mesma forma, eles sabem que quando estão diante de uma resolução marcante, intuições também são dados.

Outro fato é que os líderes mais bem sucedidos estão sempre em busca de novas informações. Eles querem compreender o território em que operam, mas precisam estar alertas a novas tendências e localizar padrões emergentes que podem ser importantes.

Quem está na liderança precisa de toda a amplitude do foco interno, assim como no outro e também externo para se sobressair. Uma fraqueza em qualquer um deles pode desequilibrá-lo.

Faça um teste: reflita sobre como você poderia fortalecer seu foco interno, o seu foco nos outros e ainda o seu foco no ambiente externo. Anote e comece a praticar o quanto antes.


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