Sou professor universitário há cinco anos e, desde que comecei a dar aula, faço paralelos entre o futebol e o mercado de trabalho. E não há época mais oportuna para isso do que uma Copa do Mundo. Os jogos contra Alemanha e Holanda trazem importantes lições.

Em primeiro lugar, Felipão já estava na história como campeão do mundo por causa do título que conquistou em 2002. Quando assumiu o time para a Copa de 2014, ele sabia do risco e, mesmo assim, resolveu encarar. Foi corajoso e merece ser aplaudido por isso.

Alguns podem dizer que ele errou porque, como já havia levantado uma taça, não precisava se expor dessa forma. Porém, só tem sucesso na vida quem age apesar do medo. No dia 13 de julho de 2014, ele poderia ter se consagrado como bicampeão. Não deu certo.

O segundo ponto é que jornalistas esportivos importantes têm dito que Felipão está ultrapassado. Foi por isso, afirmam eles, que a seleção foi envolvida de forma tão intensa nas duas últimas partidas. Essa situação ainda será tema de muito debate.

Agora, isso traz à tona uma questão muito relevante: conquistas do passado não garantem feitos no futuro. Portanto, o indivíduo que se agarra ao que fez e não se atualiza pode colocar uma mancha desnecessária numa história gloriosa. Então, é preciso cuidado.

Outra questão é a reformulação do futebol alemão. As informações dão conta de que, em 2002, o país percebeu que mudanças tinham que ser feitas para resgatar a qualidade no esporte. Esse insight veio depois que o time perdeu a final para o Brasil de Felipão.

O que chama atenção é que a Alemanha reparou nisso depois de um segundo lugar. Ora, muitos países entrariam em festa só por ficar entre os oito primeiros. Então, por que um vice iria gerar tamanha revolução? Penso que é o nível de exigência.

Os alemães já haviam conquistado três títulos. O torcedor de um país como esse não aceita qualquer posição. Aqui no Brasil, sabemos muito bem como isso funciona. Mas tem um outro detalhe que é importantíssimo: uma grande dose de autocrítica.

Em 2002, eles poderiam ter pensado que estava tudo bem porque bateram na trave, mas não ficaram satisfeitos e fizeram as adaptações que levaram ao tetracampeonato conquistado no Maracanã. Foi a vitória do planejamento, da preparação de qualidade.

Há 12 anos, a Alemanha reconheceu que estava mal. Em 2014, depois dos vexames, a comissão técnica do Brasil não admitiu falhas no trabalho. Que postura você, como profissional, teria? Você costuma fazer autocrítica ou nunca admite que está errado?

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