A felicidade de Tony era imensa. Chegou à estação de trem uma hora antes do embarque. Não havia mais ninguém lá. Sentou-se no banco, abriu a mochila e pegou um livro para ler. A partir daquele dia, tudo mudaria. Ele estava pronto.

Alguns minutos depois, o jovem sente uma mão repousar sobre o ombro direito. "Tio Alberto!!!", exclamou. Depois de um abraço, o parente perguntou: "O que faz aqui sozinho, meu caro Tony?". Ele respondeu: "Vim pegar o trem para os meus sonhos".

"Tony, querido, repare que não há mais ninguém aqui. Poucas pessoas tomam a decisão de pegar o trem dos sonhos. De vez em quando, venho até aqui apenas para conferir se tem gente. É raro. Que bom que te encontrei!", disse Alberto.

De repente, surge o barulho do trem. É hora de ir. Alberto abraça o sobrinho, que se sente acolhido. O meio de transporte se aproxima cada vez mais e o abraço não termina. A condução para. São apenas poucos segundos.

Tony percebe que o tio não quer largá-lo. Ele tenta se desvencilhar, sem sucesso. O parente o segura com força. O trem vai embora. Desesperado, o viajante começa a chorar. Só depois disso consegue se soltar. Olhou triste para Alberto.

"Não se preocupe, Tony. Tem outro trem daqui a quatro horas. Peço desculpas. Eu te amo tanto que não queria mais te largar. Demorei para perceber que o trem já estava aqui na frente. Foi apenas uma grande demonstração de carinho", explicou.

O jovem se recompôs e disse: "Tudo bem, tio. Sei que não fez por mal. O que são quatro horas para quem esperou tanto tempo, não é mesmo? Além disso, é uma grande felicidade ter alguém que me ama. Também amo o senhor!".

O viajante tentou demonstrar tranquilidade, mas a verdade é que estava muito preocupado. Pegar o trem seguinte era crucial. Ele soube que o próximo embarque para os sonhos seria apenas dali a 20 anos. Era agora ou nunca.

O tio não saiu dali. Quando a nova oportunidade surgiu, resolveu "demonstrar amor" novamente. Não deixou Tony embarcar. Disse que não era o momento. Acreditava que aqueles 20 anos seriam bons para o sobrinho amadurecer.

Sem acreditar no que ocorreu, Tony ficou ali, de joelhos. Antes de ir, Alberto afirmou, ao pé do ouvido: "Um dia você vai entender". De volta ao sítio, o tio foi se divertir com o passatempo preferido: segurar pássaros com a mão para impedir o voo.



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