Era um sábado à tarde, em uma tradicional competição de boxe em São Paulo. Um calor infernal, um ginásio que mais parecia uma estufa. Respeito aos competidores e ao público era algo que ficou longe dessa competição, mas até aí tudo bem, né? É Brasil e sabemos das reais condições dos esportes por aqui.

Orientei meu atleta e meu assistente a ficarem prontos para eu chegar e acompanhá-los até a luta. O calor era tanto que nem foi preciso aquecer. Cheguei, e LV estava molhado, levemente pálido. Perguntei se estava bem, e ele me falou que não. É aí que entro em cena, como o conheço bem, sabia do seu nervosismo e expectativa para sua estreia nessa competição. Ele estava pronto para ser campeão. Havia esperado e treinado dois anos para lutar nesse evento. Naquele calor, a água estava quente e não aliviava em nada. Pedi para meu assistente correr e conseguir gelo e água gelada. Enquanto isso fui repassando a estratégia e relembrando o quanto havíamos treinado para esse momento. Que lutar boxe (Lucas já havia lutado Muay Thai e MMA Amador) era diferente, e aquela atmosfera era nova, porém, nada além do que vivemos no dia a dia. Aos poucos ele foi se acalmando e voltando a si. A água chegou, refrescou, e a alegria por estar ali ficava clara e evidente.

Fomos chamados no ringue, e lá ia Lucas, entrando no seu território como o campeão que é. Lutou 3 rounds bravamente, dominando todas as ações, fazendo seu adversário andar para trás e ser apenas um coadjuvante no combate. Estávamos tranquilos. Naquele monólogo, era praticamente impossível algo dar errado. Estávamos confiante no final da luta.

Porém no anúncio do vencedor, a surpresa. Levantaram a mão do adversário. Naquele momento, sob o barulho das vaias, a frustração tomou conta de todos nós. Caiu a ficha que nosso adversário era outro. Lutamos contra os donos da casa, que patrocinam a pobre federação e jamais deixariam um time novo, sem tradição no esporte levar essa batalha. Para mim que estou acostumado com o esporte no Brasil me sobrou apenas a revolta e a certeza de nunca mais pisar em um evento dessa federação.

Porém o que me tocou, não foi o roubo ou a máfia, mas a tristeza do Lucas em dizer \"meu sonho acabou\". Naquele momento senti o peso de ser treinador e orientador desses meninos, da minha responsabilidade. Foi aí que veio a lição mais importante para mim e para os Jovens que sonham em ter uma carreira de sucesso: Sonhar para que? Por o que?

Os sonhos na vida de um jovem, e na vida das pessoas em geral, são o nosso rumo, nossa bússola interna. O que define nossas escolhas, nossas atitudes. Na vida de um atleta, o que define se ele vai passar uma noite na balada igual a todos os jovens da sua geração ou se ele vai dormir cedo por que tem treino no dia seguinte, e ele tem um sonho para realizar. Sem os sonhos não existem objetivos, metas, inspiração, transpiração?

Mas, agora, pergunto: Qual é o seu sonho?

E mais importante, ELE VALE A PENA?

Naquele momento sentei com meu atleta e fiz ele refletir como aquele sonho era ilusório? e não pelo tipo do sonho, mas pela situação geral do que havíamos passado- do ginásio ao descaso dos responsáveis.

Na hora refletimos que deveríamos aprender a sonhar,? Será que você terá aquilo que merece e deseja ao realizá-lo? Naquele momento mudei e mudamos a forma de sonhar? Pense e visualize a situação desejada, pare alguns segundos, mentalize seus sonhos, e reflita se vale a pena mantê-lo ou substitui-lo.

Certifique-se que você será valorizado ao alcançar seu sonho, ou ao menos lutar por ele. Sonhe, porque são os sonhos que movimentam nossas vidas, mas deixo aqui meu apelo e minha experiência, sonhe pelo que vale a pena, pelo que te valoriza, para que não tirem de você a oportunidade de realizá-lo!


Informamos que esse texto é de inteira responsabilidade do autor identificado abaixo.