Aos quinze ou dezesseis anos de idade passei por uma experiência ruim, porém libertadora, uma tia das quatro que tinha, agora tenho três, fora assassinada através de um golpe de faca. Não lembro exatamente o motivo, mas a autópsia iria ser realizada no necrotério do cemitério, antes da liberação do corpo para o enterro.

Eu, adolescente curioso, enquanto todos se afastavam fui ficando no local, pensei que o legista iria pedir para eu me retirar, como não pediu fiquei no local, enquanto o legista preparava um sanduiche e depositava seus instrumentos na pedra fiquei observando aquele corpo inerte.

Vendo aquela pessoa tão querida ali, inerte, pálida, sem vida em cima daquela pedra me veio a primeira grande reflexão à respeito do que realmente somos, enquanto vivos somos diferentes dos demais animais, nossa capacidade de falar, pensar e racionalizar nos diferem dos irracionais, ou pelo menos deveria. Quando mortos, no entanto, apesar do sofrimento de nossos entes querido pela perda, nos tornamos iguais a todos os seres vivos, pó ao pó.

Vendo o legista cortar e quebrar o externo daquele corpo inerte e retirar os órgãos que interessava para definir a causa mortis, eu não pude deixar de pensar – “não somos nada mesmo”, aquela pela clara, sem vida era muito semelhante ao couro de um suíno quando seu pelo é raspado, eu sei, parece mórbido, mas real.

Vejo todos os dias, pessoas que pensam ser alguma coisa, pisam nas outras, usam como escada, ofendendo e maltratando; estas pessoas pensam que seus bens, dinheiro, títulos e formações às tornam superiores e melhores que os demais.

Não é verdade, é sim uma grande vantagem competitiva, o conhecimento adquirido durante sua vida é de grande importância para suas conquistas, os acompanham na viagem, mas de nada valem do outro lado da vida, seus bens, amigos e familiares de igual modo não os acompanham após a morte.

Se olharmos com um pouco de profundidade vamos perceber que nada temos, minha vida, minha família, tesouro que Deus me deu não é na verdade minha, a qualquer hora Deus pode colher a mim ou a algum membro de minha família e eu não posso fazer nada à respeito, quando eu me for não posso levá-los comigo. Deus os colocou na minha vida para cuidar da melhor maneira possível, sou apenas Seu mordomo, o direito sobre eles e eu são Dele.

Um mordomo é:

1 – Indivíduo encarregado de administrar, em residência alheia, as tarefas domésticas cotidianas, distribuindo-as entre os demais empregados.

2 – Pessoa que administra os bens de uma irmandade ou qualquer outro estabelecimento.

Minha casa, meu carro, todas as conquistas materiais não são na verdade meus, não vou levá-los comigo quando partir para o outro lado, como bom mordomo devo administrar, valorizar e multiplicar para que eu e outras pessoas possam usufruir.

Há, então não devo buscar conhecimento, adquirir bens e outras benesses já que não são exatamente meus não é? Não, é exatamente o contrário, não estamos aqui nesse planeta apenas para fazer número, mas para trabalhar, buscar conhecimento, ser melhor ser humano a cada dia e buscar conquistar tudo o que a há de melhor na vida.

Uma excelente metodologia para o desenvolvimento é o Coaching, é uma metodologia que apoia pessoas no alcance de metas usando seus próprios recursos internos e externos, é um processo estruturado onde o Coach apoia o Coachee ou cliente a se desenvolver, seguindo uma lógica na identificação dos recursos necessários para o desenvolvimento, alcance e sustentabilidade de uma determinada meta.

Devemos buscar o crescimento, mas não devemos nos esquecer dos outros, porque como eles somos apenas um (a) “boneco (a) de barro que anda”, que tem sentimentos, ama, sofre, busca o melhor para si, vem preparado para vencer, mas depende da capacidade de aprender, do seu meio, de como reage a esse meio e sua capacidade de adaptação para mudar e melhorar a cada dia.

No final somos apenas mordomos, numa casa transitória, o que levamos na bagagem depende de como administrarmos o que nos foi concedido em vida, de material não levamos nada, mas o conhecimento adquirido, o bem que fizermos ao outros, o amor, a amizade, a diferença positiva que fizermos em prol das pessoas e da humanidade irá junto e o legado de sua administração ficará para sempre na mente e na vida das pessoas atingidas por suas ações.

Você tem uma meta? Nunca pensou nisso?

Que legado você quer deixar?



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