Em um contexto tão turbulento é muito comum ouvirmos queixas e reclamações de toda a ordem. Não sei se é só comigo (era bom que fosse) mas em todos os lugares vejo pessoas insatisfeitas, reclamando, queixando-se e lamentando-se. Como se tudo estivesse fora do lugar e nada dependesse de nós, quase como se fôssemos figurantes das nossas próprias vidas.

Há cerca de duas semanas deixei o carro em um estacionamento. Parei, sai do carro e fui pegar o ticket e o homem que tratava do assunto perguntou-me de forma automática, sem olhar para mim, escrevendo a placa do carro no pequeno papel: tudo bem? Eu respondi. Tudo otimo! Quando respondi isso ele tomou um susto, parou de escrever e olhou para mim, sorrindo, e respondeu: deve ser a única. Eu argumentei que prefiro estar feliz e me sentir ótima pois assim poderei ter alguma lucidez, calma, bom senso e visão para enxergar tudo de bom que a vida me oferece, ele enconlheu os ombros e quase que podia ler seus pensamentos: “há loucos para tudo”.

Deixei o local e fui para o meu compromisso. Fiquei refletindo sobre o que acabara de acontecer e pensei como é que chegamos ao ponto em que dizer - e verdadeiramente sentir - que estamos bem é motivo de sobressalto, como se eu pertencesse a outro planeta.

Com os meus coachees, e em outras ocasiões, vejo vários progresso, inúmeras pequenas conquistas mas é incrível como desde há algum tempo (não sei desde quando) aprendemos apenas a valorizar as “grandes conquistas”, deixamos de dar importância - e de comemorar - pequenas e constantes vitórias que alcançamos diariamente. E mais, normalmente, associamos às “grandes conquistas” coisas e acontecimentos materiais. Entretanto, as pequenas conquistas a que me refiro, e que tenho vivenciado e acompanhado junto a várias pessoas são conquistas não materiais, refiro-me a perda ou diminuição de medos e fobias, ao resgatar da autoestima a coragem de se posicionar diante de uma situação e dizer “não” caso seja essa sua decisão, perda de peso e por conseguinte o caminhar em direção ao atingimento da sua meta, ao vencer uma timidez que quase que tornava insuportável as relações pessoais e profissionais, a recolocação no mercado de trabalho, o superar de uma perda, a coragem para enfrentar um problema de saúde, sentir-se mais leve, feliz, alegre e confiante. Sentir-se vivo.

Qual foi a última vez que você sentiu-se verdadeiramente feliz? E qual foi o motivo desse sentimento de alegria, plenitude, leveza e paz interior? Esse momento foi vivido pela sequência de um acontecimento financeiro ou material ou por outro acontecimento “interno”, não material? Qual foi a última vez que nos sentimos felizes por ver - e fazer - alguém feliz? Não necessariamente um familiar, amigo ou tão pouco alguém conhecido, mas contribuir para a felicidade de um “estranho”?

Por que o seu, o nosso momento é agora?

· Porque o agora, o presente é o que temos, queiramos ou não é a única “certeza” que temos;

· Porque agora é o momento, a mudança chegou e chegou para todos, de forma implacável e inevitável. Você está preparado (a)?

· Porque estamos vivos, a cada dia nasce uma nova oportunidade de fazermos algo novo, diferente, temos todos os dias a chance de recomeçar, de seguir por caminhos diferentes, de descobrir um significado novo para a nossa vida;

· Porque podemos identificar e assumir novas formas de estar e atuar. Somos seres únicos, capazes, dotados de inteligência e sabedoria e se tivermos o firme propósito do nosso autoconhecimento e de tomar as rédeas das nossas vidas vamos descobrir uma infinidade de novas e diferentes oportunidades. Não porque as condições externas mudaram mas por que nós mudamos a nossa forma de estar na vida e de enxergar o mundo que nos rodeia;

· Temos a nossa forma de ser e atuar, e principalmente a nossa forma de pensar, as nossas crenças e valores. Mas… e se mudarmos algo nessa forma de pensar? Se ousarmos pensar mais no “nós” do que no “eu”? Se procurarmos agradecer mais do que pedir? Se pararmos de reclamar? E se dedicarmos o nosso tempo livre (de lazer ou até mesmo por estarmos momentaneamente sem trabalho) a um trabalho voluntário, a ajudar o próximo? E se dedicarmos esse mesmo tempo livre a um novo aprendizado?

· Vamos olhar para o lado para o nosso núcleo familiar mais próximo, quem poderíamos apoiar para que esse “alguém” possa melhorar mais rapidamente sua condição e automaticamente a da família? Refiro-me a apoiar iniciativas formais ou informais de trabalho que ajude com o orçamento da família, que proporcione um novo ofício ou trabalho, que desenvolva uma nova capacidade ou habilidade;

· Vamos nos ocupar mais em cuidar do nosso bem estar fisico e mental, cuidar com amor, carinho e dedicação dos nossos afazeres do dia-a-dia, procurar todos os dias aprender uma habilidade nova, transmitir o nosso conhecimento a nossa experiência. É um momento precioso para cultivarmos, praticarmos e ensinarmos às nossas crianças formas de vida mais equilibradas, incentivando a vivência de valores morais, éticos e pessoais comprometidos com a solidariedade, com a responsabilidade social, com um consumo mais consciente.

· O sorriso é poderoso, é contagiante, alegra a vida, o ambiente e muda de forma instantânea a nossa disposição e, por consequência, a disposição de todos à nossa volta.

Estamos todos “no mesmo barco”, o barco da vida e da existência tão especial, aproveitemos esse momento em que todos estamos de uma forma ou outra procurando nos reposicionar diante desta “nova vida”, desses novos acontecimentos e vamos procurar fazer da vida simples, mas comprometida, uma nova forma de ser, estar e viver.

Acredito que já tiveram oportunidade de verificar quantos serviços têm sido trocados ultimamente? Quantas pessoas estão dispostas a trabalhar e oferecer seu know-how e expertise por conta de outros serviços que não dominam? O que você pode oferecer em troca de algo que você precise? A economia compartilhada chegou, e em minha opinião chegou para ficar e crescer, transformar de modo significativo a forma de fazer negócios.

Gostaria de deixar um desafio:

Durante uma semana vamos pensar e atuar de forma diferente? De forma construtiva, sorridente e entusiasmada?

Vamos nos permitir sentir a força da natureza exuberante, da alegria e autenticidade das crianças.

Quando foi a última vez que você ouviu o canto dos pássaros? Que você notou a beleza de uma flor?

O que temos a perder em tentar?



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