Se analisarmos com algum detalhe poderemos verificar que independentemente do negócio, mercado, dimensão ou área de atuação a forma de estar e fazer negócios hoje é drasticamente diferente da que existia há alguns poucos anos atrás.

Os desafios hoje de um negócio são substancialmente mais exigentes e não só ao nível do seu “core business” esse é o grande ponto sobre o qual gostaríamos de refletir.

Há sensivelmente poucos anos bastava um sólido conhecimento do seu negócio, ter uma estratégia bem delineada, “fornecedores” adequados, “empregados” com alguma formação na área de atuação e o “negócio” estaria mais ou menos assegurado.

Propositadamente utilizamos acima os termos “fornecedores” e “empregados”, hoje já não existe negócio ou atividade – independentemente de sua dimensão, área ou geografia – que possa ter uma boa atuação no mercado sem os seus “parceiros”. Parceiros de negócios, parceiros de soluções, parceiros que assumem compromissos e dividem riscos.

Os negócios, as empresas, as instituições que não invistam em captar, formar e reter os seus “talentos” não têm lugar hoje no mundo dos negócios. Já não existem empregados!

Importa salientar que não é apenas uma questão de utilização das “palavras”, em cada uma dessas palavras existe uma verdadeira postura subliminar à cada uma delas, cada uma dessas “palavras” trazem a “energia” e a “classificação” do tipo de empresa que gerimos e do tipo de gestor que somos ou queremos ser.

Um gestor que continue hoje a fazer negócios com “fornecedores” e “empregados” dificilmente poderá estar em condições de competir num mercado altamente exigente, globalizado, que procura a produtividade sim mas que reconhece o mérito, a capacidade de inovar, de utilizar as novas tecnologias, as redes sociais, os instrumentos de medição de performance e de tomada de decisão, os indicadores de gestão.
Novamente não se trata apenas do uso das palavras, hoje o “mundo dos negócios” já não tem fronteiras. Não nos referimos apenas às fronteiras geográficas ou de atuação de cada empresa ou atividade. Referimo-nos às fronteiras do “conhecimento”. Fronteiras intangíveis, não mensuráveis mas que são absolutamente fundamentais para o sucesso do atual mundo dos negócios.

Podemos citar alguns pequenos exemplos, tais como:

· Clientes cada vez mais exigentes e bem informados;
· Era digital que tanto ajuda a divulgar produtos e serviços como pode ser também um canal para divulgar de modo imediato a ocorrência de experiências menos boas, maus prestadores, evidenciando falhas e falta de compromisso;
· Compras on-line: de repente o mundo está ao alcance de qualquer cidadão em toda a parte do mundo, ou seja, se não comprarmos na loja da esquina, compramos virtualmente;
· Colaboradores muito bem qualificados que necessitam de um tipo de “gestão” totalmente diferenciado, a gestão é por objetivos e incentivos, o desafio de gerir intelectualmente esses colaboradores passou a ser um novo desafio na forma de fazer negócios;
· Sistemas de apoio à gestão e ferramentas de suporte que necessitam de ser manuseados por colaboradores “qualificados”, conectados;
· Os líderes, empresários, administradores precisam estar mais informados e atualizados acerca dos novos mecanismos, precisam ter acesso e domínio de informações que produzam conhecimento;
· Domínio mínimo de ferramentas informáticas, linguagem de gestão, máquinas e equipamentos, acesso ao mundo digital passou a ser uma questão de sobrevivência no mundo dos negócios;

Estamos, definitivamente, na era da informação. Essa informação deve ser abrangente e atualizada, informação sobre o seu negócio, sobre os mercados financeiros, sobre as crises, os conflitos, informação geopolítica, informação sobre as commodities, sobre o impacto que a tomada de decisões macroeconômicas terá no seu mercado, na sua geografia, informação sobre a escassez de produtos, de recursos: humanos, financeiros, hídricos, etc...

Apenas por esta breve reflexão podemos entender como ficou muito mais complexo fazer negócios nos dias de hoje, precisamos dedicar grande parte do nosso tempo para nos atualizarmos, nos reciclarmos, para adquirir ou desenvolver o domínio sobre diversas outras necessidades que não apenas às relacionadas diretamente com o nosso “core business”, com o nosso negócio.

De um modo geral, felizmente, estes novos desafios na forma de fazer negócios despertou uma grande parte dos administradores e gestores em várias geografias. Contudo,existe ainda um grande número daqueles que ainda consideram que o que acontece “lá fora” não tem impacto “aqui dentro”. Grande equívoco! Nunca o mundo esteve tão interligado, tão conectado, tão dependente dos acontecimentos globais e com impactos muitas vezes imediatos para a nossa atividade.

A boa imagem moral e ética de um país começa e termina nas pessoas, em cada um de nós que fazemos parte de um todo.

Esse “todo” não existe sem as pessoas, sem cada um de nós, sem nossas empresas, sem nossas instituições. Estes valores devem ser ensinados, interiorizados, praticados e vividos diariamente em todos os contextos, de modo a que se torne parte de nós, das nossas empresas, da nossa vida e, consequentemente, da imagem que transmitimos, a tal credibilidade que tanto falamos.

Os desafios do mundo dos negócios hoje são muito mais abrangentes, estamos a falar acima de tudo de moral, de ética, de cidadania e temos todos que nos prepararmos de forma irrepreensível para estes novos desafios, as empresas, os negócios são feitos por pessoas e esses valores devem partir das pessoas. Os mercados hoje mais do que nunca vivem de expectativas. Esperam profissionalismo, comportamento e conduta ética, compromisso, comprometimento, inovação, transparência.

As fronteiras hoje dos negócios “confundem-se” com as fronteiras do modo de ser, dos valores e compromissos de quem faz e gere os negócios, de quem lidera as empresas, organizações e instituições. Não são “mundos separados” pelo contrário, cada vez mais é o mesmo mundo, são as mesmas pessoas e o profissional não se dissocia da “pessoa” este é o grande ponto.

As empresas são as pessoas. Essa afirmação sempre existiu mas consideramos que de um certo modo todos permitíamos que nos negócios as coisas acontecessem de modo meio diferente, separado. Hoje não, clientes, consumidores, colaboradores, stakeholdes, shareholders estão todos muito mais sensíveis e atentos às questões morais, éticas e sociais. E este novo “olhar” interfere diretamente com o modo e a forma de estar nos negócios, obrigando a que todos os intervenientes tenham uma prática na vida e no mundo empresarial comprometida com esses “novos” valores.



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