Fazendo um paralelo entre a profissão de coach com a magistratura, não devemos ignorar a importância das experiências de vida, aliadas ao conhecimento, para o exercício dessas atividades.

Década atrás, um presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, encaminhou um projeto de lei à Assembleia Legislativa para alteração do CODJERJ, no tocante ao período de estágio forense, exigido para a inscrição no Concurso para a Magistratura Estadual, propondo sua elevação de 3 para 5 anos.

Nas suas exposições de motivo, em brilhante síntese, justificou a medida com o fato de que quase 70% das sentenças dos novos juízes estavam sendo reformadas pelos Tribunais, tendo em vista que, apesar de tecnicamente legais, não estavam representando a justiça real, pois, estavam afastadas da realidade fática das experiências de vida do povo que atingiam.

Nesta justificativa, utilizou uma citação que trouxe muitas repercussões na época. Disse ele: “O TEMPO NÃO PERDOA AQUILO DO QUAL ELE NÂO PARTICIPA!”

Referia-se ele, obviamente, à ausência de experiência de vida dos juízes novos para prolatar as sentenças nos processos, as quais estavam sendo fundamentadas, apenas, nos textos frios das leis, deixando de lado o bom senso, a equidade e outros princípios que só seriam entendidos e adquiridos com o passar do tempo, com a prática forense.

Neste mesmo diapasão, o coach deve trazer para a sua atividade diária, suas experiências de vida pessoal e profissional, evitando assim, influenciar, de forma equivocada e precipitada, seu cliente, na fixação de sua meta, aplicando, apenas de forma didática e formal, as ferramentas que aprendeu nos cursos de coaching. Deve colecionar conhecimentos, mas utilizá-los com cautela, buscando um equilíbrio entre esses e suas experiências de vida, até que a prática ininterrupta de sua atividade, lhe traga a confiança e a certeza necessárias a uma orientação de qualidade e eficiência.

O progresso do coaching deve manter-se em paralelismo natural com o progresso da ciência e experiências de vidas bem sucedidas, negá-lo significaria negar os fins da ciência e do coaching.

Um comentário hábil pode nos levar aos mais injustos julgamentos, portanto, o coach deve ter cuidado nos feedbacks que irá dar a seus clientes, devendo trazer para o momento suas experiências de outras atividades e vivências, agindo com paciência, que é a chave de todas as situações.

O bom coach examina tudo o que se narrou e o que se alegou; apoia o cliente nas tomadas de suas decisões em direção a sua meta; dá feedback consciente e, deve utilizar sempre as suas experiências para conhecer as verdadeiras necessidades do coachee, devendo ter em mente que, “a lei, a doutrina, os fatos e o próprio coaching são poderosos; mais poderosa, porém, a necessidade!”

“Não esperes ocultar alguma coisa. Vem o tempo, passa e a tudo descobre, e a verdade fica, por fim, patente”. (Sófocles)



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