A mente atenta em estado de atenção plena – mindfulness – pode ser entendida como a consciência que emerge através de prestar atenção a um propósito, estando no presente momento, sem julgamento e em contato com o que revela a experiência momento a momento.

Mindfulness envolve algumas características chaves: primeira, uma consciência receptiva e o registro de experiências internas (emoções, pensamentos, intenções, comportamentos) e eventos externos. Segunda, o processamento mindful (mente atenta) de informações é preconceitual, isto é, em estado mindful, os indivíduos estão puramente observando o que está acontecendo sem avaliar, analisar ou refletir sobre isso. Terceira, mindfulness se caracteriza por uma consciência orientada para o presente na qual os indivíduos focam nas experiências momento a momento ao invés de pensar sobre o passado ou fantasiar sobre o futuro. Quarta, mindfulness (atenção plena) é uma capacidade humana inerente e natural que varia de pessoa para pessoa e situações. Isso implica que a maioria das pessoas experimenta um estado mindful, de uma forma ou de outra, com maior ou menor intensidade. A maioria dos pesquisadores tem concordado que mais de um processo está envolvido em mindfulness, incluindo atenção, consciência, intenção, atitude, cognição e ação.
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Enquanto mindfulness está frequentemente associada a tradições filosóficas, nos anos recentes pesquisas científicas apontam os benefícios da prática em diversos campos, como o clínico, aconselhamento psicológico, neurociências, medicina, educação e ambiente laboral entre outros.

Uma considerável dimensão de estudos tem focado no vínculo entre mindfulness e bem-estar físico e psicológico. As pesquisas indicam que o estado de atenção plena está positivamente relacionado à vitalidade, satisfação com a vida, qualidade de relacionamento interpessoal e com redução de depressão, ansiedade e estresse. Pois as pessoas veem os eventos mais objetivamente e com menos paixão, o que permite a regulação dos pensamentos, emoções e reações fisiológicas de forma mais efetiva, reduzindo a exaustão emocional e deixando outros recursos e habilidades pessoais ficarem mais livres criando uma expansão emocional positiva.

Abaixo, uma passagem do livro "Seguindo as pegadas de Buda", onde Buda fala a seus novos discípulos proferindo a seguinte palestra:

“... Bhikkhus, retornem para o momento presente de modo a estarem em direto contato com a vida e a enxergarem-na com profundidade. Se vocês não puderem estabelecer contato direto com a vida, não conseguirão ver profundamente. A mente atenta os habilita a voltarem ao momento presente; entretanto, se estiverem escravizados por desejos e ansiedades que vocês sobrepõem àquilo que está acontecendo no presente, perdida estará sua mente atenta, e vocês não estarão mais verdadeiramente presenciando a vida.

Bhikkhus, aquele que realmente sabe como estar sozinho espontaneamente habita o momento presente, ainda que esteja sentado o meio de uma multidão. Se uma pessoa não mantém a mente atenta, ainda que sentada sozinha no meio do deserto, se estiver sendo perseguida por seu passado e futuro então ela não está realmente sozinha.”

Buda, então, recitou um gatha para resumir seu ensinamento:

“Não busque o passado.

Não se perca no futuro.

O passado já se foi.

O futuro ainda não chegou.

Olhando profundamente para a vida como ela é no exato aqui e agora,

o praticante habita a estabilidade e a liberdade.

Devemos ser diligentes hoje.

Esperar pelo amanhã será tarde demais.

A morte chega inesperadamente.

Como barganhar com ela?

O sábio chama a pessoa que sabe

como viver em mente atenta

noite e dia

de ‘aquele que sabe

a melhor maneira de viver sozinho’.”


Referências:

Seguindo as pegadas de Buda, 2ª edição – Thich Nhat Hanh

Guia da prática de Mindfulness – Enio Burgos

Medicina e meditação – Roberto Cardoso



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