"O autorrespeito é a raiz da disciplina; a noção de dignidade cresce com a habilidade de dizer não a si mesmo" (Abraham Linconl).

Sem disciplina não vai rolar. Pode até dar certo, mas não se mantém, muito menos cresce. Mas não vai adiantar nada eu gastar todo o meu português nesse texto se a disciplina não emergir de você. Tem que ser assim mesmo, uma necessidade latente. Você tem que sentir.

A palavra disciplina tem a ver com outras duas palavras: obediência e constância. Obediência para seguir os preceitos determinados por uma organização, por um sistema social ou por você mesmo. Todos nós adotamos, por mais extravagantes que sejam, padrões de comportamento. Constância para manter esses preceitos adotados livremente fluindo através das nossas vidas, como parte fundamental do nosso modus operandi.

Todos temos disciplina em algum nível, a grande questão é: no seu nível, é possível alcançar aquilo que você quer alcançar? Se a sua resposta for não, a próxima pergunta deverá ser: E como ser mais disciplinado, de maneira que eu consiga alcançar? Bom, tenho 5 dicas para você se tornar mais disciplinado(a).


Decida ser disciplinado(a)
Decidir? Sim, decidir. Porque quando você decide, algo dentro de você muda. Não foi alguém que disse que você precisava, mas a mudança veio das suas entranhas, do seu íntimo. As grandes revoluções da histórias começaram de baixo para cima, ou neste caso, de dentro pra fora. Para revolucionar a sua vida, decida ser diferente. Agora decida de verdade, conscientemente. Coloque as cartas na mesa e seja você de verdade com você mesmo. Nesse bate-papo franco, uma decisão virá a ser tomada de forma que seu nível de compromisso será altíssimo e, com certeza, irá lançar você na direção que você quer realizar. 

Se você quer emagrecer, por exemplo, decidindo ter a disciplina de ter uma vida regrada para atingir esse fim (exercícios, dieta, etc), você dá o passo mais importante para a concretização: você gera o comprometimento. Quando essa decisão vem de uma necessidade que você mal consegue (e normalmente não consegue) explicar, você está diante de uma decisão que tem a ver com seu instinto de sobrevivência. E, com certeza, para uma mudança nesse nível, tem que ter a ver com a sua vida.

Escolha sua disciplina
Um comportamento para ser desenvolvido precisa de estímulos certos. As deixas. Aquilo que dá o estalo e você, automaticamente, entra em estado de realização em busca do resultado. A teoria do hábito que descreve Charles Duhigg funciona dessa forma. Uma vez que você tomou a decisão de ser disciplinado, precisa escolher o que você quer ver mudando (foco na solução do problema) e precisa identificar quais estímulos podem funcionar com você para que o problema seja resolvido. As dicas são as mais variadas: post its, recados, uma planilha, uma tabela com tarefas, enfim. Mas deixe claro o que deve fazer. Lembra da história da fita no dedo? Pessoas faziam isso para lembrar compromissos importantes, mas como aquilo não era um hábito, então amarrar a fita no dedo significava que havia algo a ser lembrado, mas como não havia nenhum gatilho para disparar o processo (o laço era o gatilho, mas sem mensagem clara), como uma palavra ou uma imagem, a fita virava um obelisco sem sentido. Quando você identifica o “gatilho correto”, sua mente passa a trabalhar de maneira focada em cumprir o seu objetivo. E que sensação melhor que a do “dever cumprido”? A de ter tido prazer em cumprir o dever!

Corra para a ação
Agora que você decidiu tomar uma atitude, escolheu quais os estímulos que podem te auxiliar a disparar o processo do hábito, é hora de efetivamente meter a mão na massa. E ter disciplina também pode tornar-se um hábito. Comece devagar. Ninguém, mesmo os quenianos e etíopes, conseguem correr os 42 km de uma maratona do dia para a noite. Eles desenvolvem o hábito de correr desde crianças. Você pode não ser mais criança, mas ainda possui MUITO tempo para desenvolver novos hábitos ou melhorar os velhos. É preciso agir. Não permita que um estalo venha e passe batido. No início, é necessário um grande esforço para que você lembre o que fazer quando olhar, por isso para desenvolver a disciplina é exigido um esforço considerável, mas se você escolhe os gatilhos corretos, que realmente causam a sensação certa em você, esse esforço tende a ser cada vez menor. E quando você menos esperar, você terá um ciclo de hábito tão forte que o gatilho será mental. Eu tenho uma ferramenta que chamo de Desing de Rotina que simplifica as três principais tarefas do dia (da semana, do mês, no intervalo de tempo que você queira) para que você defina e acompanhe as ações necessárias a serem cumpridas, de acordo com as suas possibilidade, necessidade e ambições.

Realize avaliações de desempenho
Ah, eu não sei como devo fazer isso! Bom, tenho duas formas de fazer isso. A primeira é que, quando você escreve o que diz que vai fazer, você possui um registro gráfico-visual do compromisso que você tem. Pode ser que no começo o remédio seja amargo e, aqui ou acolá, você esqueça de tomá-lo. Mas todas as vezes que o registro confrontar você, você vai se lembrar que tem algo a fazer. Não se exaspere e muito menos se desespere, a ideia não é que você vire um escravo da disciplina, mas que a disciplina discipline você a ser disciplinado. Seu comportamento vai ser moldado não para seguir um padrão que eu ou qualquer pessoa diga, mas um padrão que você sente e entenda que é o certo pra você e que você decidiu, lá em cima, ter tomado. Assim sendo, todas as vezes que você, por alguma razão, não cumprir, terá um fôlego para parar e retomar a atividade que ajudará você a ser disciplinado(a). A segunda opção que tenho é, caso você tenha problemas em realizar sozinho, peça a alguém que ame você que te ajude. “Ah, mas para que uma pessoa que eu ame?”. Bom, pessoas que nos amam querem nosso bem acima até do que nós mesmos queremos. Essas são as que nos amam de verdade. Mesmo que a gente queria fazer algo que vai nos prejudicar, elas saltam na frente para evitar que tomemos a decisão errada. Escolha uma pessoa que ame você e peça a ela ajuda no cumprimento das tarefas, para que ela lembre você do seu comprometimento. Ela vai ser sua “coachciência”: o coach falando na sua cabeça “vá em frente, você consegue” ou “lembre do que você decidiu, prossiga”. Essas pessoas nos ajudam a manter o foco em resolver os problemas e, nesse caso, a conseguirmos ser pessoas disciplinadas. Caso você ainda não saiba como avaliar seu desempenho, baixe a ferramenta Verificação de Sucesso, que é bem intuitiva e pode te ajudar muito a avaliar o seu dia a dia.

Evite a ansiedade
Parece que é bobagem, mas não é. Não fique ansioso por nada, por nadinha mesmo. Muitas vezes nós queremos logo ver o resultado, seja ele perder o peso ou comer menos. Queremos ver o todo pronto fisicamente, mas mal começamos o trabalho de construção. Dê tempo ao tempo. Quando mais esforços você empreender, é provável que sua caminhada seja mais curta, mas isso depende muito daquilo que você quer alcançar. Um hábito não se forma em poucos dias ou realizações. Isso não isenta você da prática e da repetição. Da mesma forma que resultados realmente duradouros não ocorrem do dia pra noite, como citei o exemplo dos corredores. Aproveita o dia, carpe diem. Aproveite cada oportunidade de falha, de acerto, de crescimento.

Quando fazemos um acompanhamento do desenvolvimento da disciplina, corremos o risco de nos frustrarmos em ocasiões nas quais não cumprimos uma tarefa e deixamos esvair o aspecto disciplinar dos cumprimentos de ações. Reveja o que houve, refaça a trilha e execute a tarefa. Não vá dormir sem saber como pode fazer isso melhor, porém, se seu corpo não aguentar, faça com que sua mente procure algo que a faça relaxar e descanse. No dia seguinte você retoma. Mas não é contraditório isso? Não. Se corpo e mente não trabalharem sinergicamente, não será possível alcançar resultado nenhum, ou, pior, pode-se chegar a crises de ansiedade desnecessárias. Aí não é de um coach ou amigo que você vai precisar, e sim de um psicólogo. Faça algo que você sempre faz, que te faça feliz. Saia com seus amigos, faça novos, faça uma refeição com sua família, com o amor da sua vida. Ou simplesmente vá dar uma volta por aí sem pensar em nada (só cuidado com a bandidagem).

A disciplina não te prende em uma caixa, ela te deixa livre para fazer o que você quiser, na hora que quiser, de maneira planejada e tranquila. A ideia jamais é que você se violente para alcançar alguma coisa, mas em geral é preciso ter um pouco de dor para que o aprendizado faça sentido e com a disciplina não é diferente. A disciplina é o ponto de equilíbrio para que qualquer tipo de programa, plano ou planejamento funcione. Para você alcançar seu objetivo, qualquer que seja, de maneira consistente.

Portanto, anote essas dicas e comece a fazer isso agora: decida, escolha, aja e avalie o resultado, mas sem ficar ansioso. O grande beneficiado será você. Faça uso da disciplina e deixe que ela te ajude a realizar seus sonhos.



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