Certo dia estava em casa estudando sobre crença limitante, quando meu filho de dois anos de idade, chegou para mim e perguntou:


- Papai, "bota lerigo"!


Parei, olhei e não consegui entender o que meu filho dizia. De antemão fiquei perplexo porque como um adulto antenado não compreendê-lo é algo inaceitável. Por essa razão perguntei outra vez o que ele estava dizendo e mais uma vez ele disse:


- Papai, "bota lerigo"!


Como não consegui entender, parti para a mímica num certo desespero e nada, desenhei o que eu imaginava ser e nada, até liguei para a minha esposa que estava no trabalho, para que ela me ajudasse a decifrar esse enigma chamado "lerigo" e nada.


Quem é pai ou mãe, sabe que crianças de dois anos de idade desenvolvem um dialeto mais parecido com um idioma escandinavo que o nosso português, porém depois de uma hora me esforçando para decifrar o que ele pronunciava, fui pesquisar no buscador mais famoso do mundo, enfim uma luz se acendeu no fim do túnel.


"Lerigo" na linguagem do meu filho, significava "Let In Go", música do desenho animado Frozen.


Criei logo uma crença limitante baseado nos meus gostos cinematográficos e condicionei meu modelo mental a pensar que o filme não era para ele. Imagine um filme de conto de fadas com princesas, príncipes e magia. Comecei então a desviar a atenção dele, o que acabou dando errado, pois criança quando quer alguma coisa, começa a chorar muito, tanto que dei o braço a torcer e coloquei o filme para ele assistir.


Dei o play no filme que estava disponível na minha operadora de tevê, visualizei que ele estava quietinho, então com a calmaria no ar, voltei a estudar as crenças limitantes, porém o menino não satisfeito pegou no braço e disse:


- "Papai tenta ti." - e com aquele olhar pitoresco do Gato de Botas do desenho Sherek, me sensibilizei e não tive outra opção a não ser sentar ao lado dele no sofá.


Logo deduzi que seria um filme com uma narrativa clichê. Como sou da era da convergência fui de novo ao buscador ver a sinopse e verificar algumas informações em relação ao filme e os números da produção. 

Frozen obteve a quinta maior bilheteria na historia do cinema mundial com um faturamento superior a $ 1,27 bilhão de dólares, essas informações começaram a modificar a minha percepção em relação ao filme.


Porém, com o desenvolvimento do filme, fui fisgado pela narrativa e num determinado momento surge um personagem simpático, pitoresco e muito astuto que me fez quebrar inúmeras crenças limitantes, Olaf um boneco de neve, que adora dar abraços quentinhos e que possuí o sonho impossível de curtir o verão.


No entanto, o que mais me chamou atenção em Olaf foi a capacidade em se doar ao próximo que ele tanto quer bem, e num gesto de compaixão para ajudar a personagem principal a conquistar o objetivo, encara uma fogueira que quase o derreti por completo.


Essa ação misturada com a felicidade, bom humor e o acreditar no sonho, foram os elementos principais que levaram Olaf a materializar o seu sonho e consequentemente com a premiação de uma nevasca sob a sua cabeça que faria enfim, realizar o seu nobre sonho em curtir o verão.


O filme por si é um grande laboratório e um excelente exercício sobre as crenças limitantes que modificou a minha crença limitante, de que um filme de contos de fada são só para meninas.


Depois dessa experiência o danado do meu filho olha para mim com muita felicidade e diz assim:


- Papai "lerigo" de novo!


E o que eu fiz dessa vez?


Fui preparar uma pipoca, afinal eu já tinha sido contagiado pela alegria e graça de Olaf e meu coração ficou aquecido com os abraços quentinhos que meu filho me deu.



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