Raramente se fala de vantagens e oportunidades de uma empresa por ser familiar. O que é muito comum ao revisar a literatura relacionada à "empresa familiar" é encontrar temas ligados às dificuldades, limitações e desafios, seja de gestão, performance, projetos, sucessão a até mesmo as relações interpessoais.


Essa predominância de temas "negativos" cria uma falsa sensação de diferenciação das empresas familiares, de forma depreciativa em relação às demais, como se a empresa por ser familiar tivesse necessariamente uma desvantagem competitiva, ou pior, como se fizesse parte de uma minoria incapaz de ter um bom desempenho.

É algo estranho, como tratar a regra como se fosse uma exceção, basta considerarmos que, somente no Brasil, cerca de 90% das empresas é familiar, um percentual mais alto que a média mundial. Desse percentual, 98% são de pequeno e médio porte (SEBRAE, 2005). 

Podemos concluir que há uma enorme interseção entre as pequenas e médias empresas e os empreendimentos familiares, na qual está contida o maior número de empresas brasileiras.

São empresas que estão mais vulneráveis às turbulências emocionais das famílias o que, comprovadamente, pode levar a organização sucumbir a estatística de que 70% das empresas que falharam na sucessão, o fizeram por conflitos familiares. Esse cenário é agravado pela falta de profissionalização da gestão da maioria dessas organizações, embora não se tenha estudos profundos sobre o assunto no Brasil.

Em um cenário ideal, a profissionalização da empresa familiar deveria iniciar sempre com a preparação da família, um processo que, basicamente, promove a sensibilização e orientação dos familiares sobre a distinção dos papeis assumidos em cada dimensão, seja ela a empresa, propriedade ou família. 

Tal distinção é fundamental para que se defina o papel de cada familiar, ou seja, qual membro possui realmente aptidão para a gestão da empresa, compor o conselho e acionistas, se for o caso, e quais devem permanecer apenas como herdeiros do patrimônio, seguindo outros caminhos profissionais que tenham mais afinidade.

Essa preparação como passo inicial para profissionalização da empresa seria o ideal, já que os problemas encontrados nas organizações advindas da família são, em sua maior parte, frutos ou influenciados diretamente pelas relações familiares das mais diversas possíveis, seja de um segundo casamento à conflitos entre irmãos iniciados na infância. 

Infelizmente, mesmo sendo este o melhor caminho, sem dúvida, a maioria dos empresários e suas famílias não estão dispostos a isso e boa parte sequer tem consciência dessa necessidade.

Outro fator limitante para que isso ocorra, em uma escala maior, é a falta de profissionais aptos a conduzir esses trabalhos, pois são intervenções no núcleo familiar que transcendem as competências técnicas ou de negócios, são demandas que necessitam, muitas vezes, de uma abordagem terapêutica.

Harmonizar as demandas familiares com as da empresa é algo extremamente complexo, pois a forte relação e um alto nível de influência entre os fatos ocorridos entre a família e a empresa familiar exigem competências transdisciplinares para lidar com essa complexidade.

Mesmo sem querer atribuir uma relação de importância entre a profissionalização da família e da empresa, fica claro que embora possa ser bem mais difícil iniciar pela preparação e profissionalização da família, este parece ser o caminho mais sustentável da mudança. Todavia, as demandas da família e da empresa transcorrem em tempos e ritmos diferentes.

Não é raro conflitos familiares ultrapassarem gerações, serem guardados silenciosamente por vários anos, enquanto na organização as demandas não podem esperar, pois estão relacionadas ao mercado, clientes, oportunidades e demais fatores externos. 

Subestimar a urgência das demandas empresariais pode custar a falência da empresa e até o comprometimento do patrimônio da família.

Essa urgência se potencializa em um cenário de recessão e ameaças, o qual afeta o mundo há alguns anos e mais recentemente o Brasil. Além de cenários macroeconômicos, as próprias mudanças de comportamento a um nível mundial estão sendo aceleradas pela tecnologia, o que nos causa uma certa sensação de impotência frente a alta velocidade de transformação.

O fato é que a empresa familiar, mesmo as pequenas e médias, não podem ficar inertes à espera dessa transformação na família. 

As ações de profissionalização das duas dimensões, tanto familiar como empresarial, devem ocorrer simultaneamente em sistema de mútua cooperação, onde a melhoria de uma dimensão reforça a outra.

Uma forma de aprender e desenvolver uma organização em que existem familiares envolvidos é utilizar o Coaching para "ampará-las". Por ser um processo de desenvolvimento e maximização de performance humana que é pautado 100% na solução, a metodologia Coaching traz todo o suporte para a família saber lidar com as situações do cotidiano, aprendendo a separar problemas pessoais dos profissionais, trabalhando a comunicação e relacionamento com o próximo, analisando perdas e ganhos da empresa e do próprio contexto familiar, e muito mais. 




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