ATO 1: Fato Verídico e pergunta improvável

Em pleno voo, a poucos quilômetros do destino final, o aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek em Brasília – DF, os passageiros aguardavam em silêncio o aviso do pouso dentro da aeronave. Esta monotonia foi quebrada no acento imediatamente posterior a minha poltrona, iniciou-se o diálogo bem animado entre dois passageiros, as vozes eram de uma jovem e uma criança, ambos conversavam sobre o mar e as espécies marinha.

Já estava distraído e aguardando o comunicado do tempo de pouso. Subitamente, uma simples pergunta da criança para a mulher, mudou a ordem do meu dia:

- Eu conseguiria comer uma baleia inteira?

A mulher respondeu em tom de brincadeira:

- Não sei, depende da sua fome!!!

A comissária de bordo acionou o microfone do avião, pelos autofalantes solicitou aos passageiros que afivelasse os cintos e relatou que faltavam apenas 15 minutos para o pouso. O aviso aquietou a minha ansiedade de chegar ao destino, mas a pueril indagação da criança e a resposta da mulher deixou-me pensativo.

ATO 2: Reflexão e Insight

Alguém seria capaz de comer uma baleia inteira? Alguém seria capaz desta proeza? Imaginar esta cena seria improvável ou no mínimo esdrúxulo. No entanto, a inocente provocação da criança despertou-me um momento de reflexão e a brilhante resposta da mulher um insight sobre o papel do coach.

Durante o processo de coaching, alguns dos meus clientes ou coachees descrevem as metas estabelecidas como grandes baleias intransponíveis, submersas em um imenso e profundo oceano de incertezas. Neste momento, as baleias pesam 15 toneladas de impossibilidades, o não sobrepõe o sim, muitos pensam em desistir pelo medo da derrota do que poderia ter sido.

Então vamos por partes: a meta é comer uma baleia inteira? Parece impossível ou irreal? A resposta é muito simples, se a sua baleia ou meta é muito grande, divida pequenas partes e comece pelo primeiro pedaço. Logo após devorar o primeiro pedaço, ainda existirá uma baleia a ser vencida, no entanto com menos um pedaço e com o sabor da primeira vitória. Acredito que existem três fatores determinantes para comer a baleia inteira e são os seguintes:

I - O apetite que representa o tamanho da fome ou motivação para comer a baleia inteira;

II - A paciência de saborear cada pedaço devorado, compreendendo que o tempo é proporcional ao tamanho da baleia.

III – Não engasgar com as espinhas ou pessoas que desestimulam a sua meta e dizem que é impossível comer a sua baleia.

Segue exemplos de grandes baleias devoradas por grandes personalidades da história da humanidade:

A baleia de Nelson Mandela, um líder rebelde que tornou-se presidente da África do Sul, durou 27 anos e foi totalmente engolida com o fim do apartheid em seu país. Eis na história da humanidade um homem com muito apetite, paciência e que não deixou-se emudecer pelas espinhas de um sistema opressor.

A baleia da paquistanesa, Malala Yousafzai, começou em uma província no nordeste do Paquistão em 2009, onde os talibãs locais impedem as jovens de frequentar a escola. Nesta época, com apenas 12 anos de idade, criou um Blog para a promoção da defesa dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação em seu país. O seu grande apetite ou fome de mudança, culminou no ataque de homem armado em 2012, que disparou três tiros e felizmente sobreviveu para se tornar a pessoa mais nova a ser laureada com um prêmio Nobel no mundo.

ATO 3: Conclusão

Lembre-se da resposta da mulher dentro da aeronave, não se trata tão somente em comer a baleia inteira, mas do tamanho da sua fome e do comprometimento com a sua meta. Ao sair do avião, pensei bastante na minha baleia e você no que está pensando?

Qual o tamanho da sua baleia?
Quantos pedaços precisa dividir?
Você já comeu o primeiro pedaço da sua baleia?
Qual a sua fome agora?



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