O objetivo do coach é servir-se ao coachee no atingimento do seu apogeu. Significa a doação completa e incondicional no foco das pessoas, seus sonhos e metas. Mas como explicar, pela filosofia, essa doação incondicional? Acredito que tudo nasce na Maiêutica Socrática. Ela deveria ser a regra número um de um coach, não de qualquer profissional, mas daquele que se sente como o verdadeiro coach. 

Desde os primórdios da nossa existência, o ser humano recebeu algumas “dádivas” que o fizeram ser o rei na natureza, apesar dos insetos o serem os grandes donos do pedaço. As benesses recebidas nos deram o poder de antecipar fatos, empreender, de sermos angustiados, de nos compreender pelos valores adquiridos (e podermos tomar decisão), unindo o nosso instinto, lógica e lúdico num crânio só, o que alguns estudos recentes chamam de Colective Learning. 

As competências humanas sofreram evoluções consistentes em milênios, porém tem um momento crasso na história que o avanço intelectual avivou de forma muito abrupta, o nascimento de um homem chamado Sócrates.

Um dos principais filósofos de todos os tempos nasceu no monte de Licabeto, perto de Atenas, filho de um escultor e de uma parteira. Desde o começo de sua vida, seu tino educador e questionador se sobressaiu. 

Em meio a um período clássico da Grécia antiga, Sócrates, quase que uma figura esfíngica, dedicou-se a pormenorizar o que não era descrito. Seu ponto de vista sobre diversos assuntos, como por exemplo a morte e vida, o fizeram alguém único. O professor de Platão (que falarei em outro artigo) caminhava descalço sobre um crono diferente da sociedade, tendo a consciência dos limites da própria ignorância. 

Esse fator exigiu devotação a conhecer profundamente a si mesmo. Olhava todos e tudo com olhos de um semideus nascido do ventre da Natureza, tirando conclusões e ensinamentos profundos da nossa vivência que até hoje são estudados e pesquisados. O que temos de Sócrates são apenas relatos, nada escrito ou registrado por ele mesmo. 

Talvez isso fosse fundamental para que pudéssemos ser empáticos na visão aguçada do filósofo, e assim, sermos filósofos de nós mesmos, daquilo que podemos impactar na nossa sociedade por meio do nosso Quociente Intelectual, Emocional e Espiritual.
 
Após essa pequena contextualização, entro na pequena obra chamada Maiêutica Socrática, que é o caminho filosófico para que o homem possa descobrir em si a verdade. “Conhece-te a ti mesmo” é o início de qualquer grande jornada na vida.

Reza a lenda que essa linha de pensamento se originou em um dado momento da vida de Sócrates, onde acompanhou a sua mãe em um trabalho de parto, e após ver a sua mãe realizar o parto, disse: “Minha mãe não irá criar o bebê, apenas ajudá-lo-á a nascer e tentará diminuir a dor do parto. Ao mesmo tempo, se ela não tirar o bebê, logo ele irá morrer, e igualmente a mãe morrerá!” 

Viu-se tal qual a sua mãe, um parteiro, mas não no sentido literal, e sim como aquele que faz nascer o conhecimento nas pessoas e que são capazes de aprender por si mesmas. Nascia a Maiêutica Socrática. 

O conhecimento, sonhos, desejos, metas e as nuances de vida estão dentro das pessoas, bastando alguém fazê-los nascer. Nesse ponto que o coach passa a ser o principal agente para exercer a Maiêutica, aquele que faz nascer o conhecimento. 

O coach é, por sua essência, aquele que conduz o nascimento dos desígnios humanos. Nossa vocação nasceu para sermos os condutores da humanidade em realizar seus trabalhos, sonhos e metas, sejam elas quais forem. 

Assim, defino o Coach Socrático, aquele que, por meio da maiêutica (e uma confiança inabalável), utiliza de técnicas estabelecidas, ética Aristotélica, uma escuta profunda e perguntas poderosas para que se descubra os caminhos das tarefas funcionais, sociais ou pessoais de cada coachee.

Esse caminho “filosófico” do verdadeiro coach está na arte de perguntar e ouvir. Essa investigação filosófica, sempre baseada em valores fidedignos na destreza e esmero, empodera cada pessoa no atingimento dos seus resultados, e por fim, no prazer imensurável do sucesso. 

Como disse Sócrates: “A virtude é um conhecimento.”



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