O que podemos aprender com as diferenças? Por que somos como somos? Quais os fatores que contribuíram para a formação do nosso modelo mental, da forma enxergamos o mundo e vivemos as experiências?
De acordo com a definição do dicionário, diversidade significa a qualidade de diverso, variedade, multiplicidade.

A criança, nos seus primeiros anos de vida é autêntica, genuína. Fala o que pensa, pergunta o que quer saber de forma espontânea, leve e até engraçada às vezes. Na sua ingenuidade e autenticidade não conhece – e nem se preocupa – com as crenças e os valores, se está certo ou errado, se pode ou não pode, nem tão pouco com o que os outros vão pensar. Ou seja, a criança nesse estado atua sem filtros, sem estar limitada por regras ou padrões sociais institucionalizados.

À medida que crescemos, somos convidados/estimulados a pensar antes de falar, agir ou interagir, já somos confrontados com os dilemas morais e éticos, com o certo e o errado, sobre a opinião que as pessoas terão a nosso respeito, temos a preocupação de seguir as crenças e valores que nos foram apresentados durante a nossa vida. Ou seja, nos afastamos da nossa essência interior, deixamos de valorizar a genuinidade, a leveza do ser e estar e passamos a focar na aparência das circunstâncias.

Já na vida adulta, constituímos família, desenvolvemos os nossos laços sociais e ingressamos na vida profissional. Contudo, toda essa carga emocional, racional, todo o aprendizado do contexto em que fomos criados passam a ser, na maioria das vezes, a nossa verdade dos fatos, a nossa zona de conforto, o mundo tal como nos o conhecemos.

E então, deparamo-nos com outras pessoas provenientes de meios e contextos distintos, com educação, crenças e valores diferentes dos nossos, muitas vezes até com influências e interferências de outras geografias, próximas ou longínquas.

Ora, considerando que todos somos o resultado das nossas vivências e experiências somos, portanto, indivíduos completamente diferentes uns dos outros. Cada um de nós vê o mundo segundo nosso prisma e todos os outros aspectos acima referidos.

Na minha experiência profissional tive a oportunidade e o privilégio de viver, conviver e experienciar a vida em vários contextos geográfios diferentes, e pude aprender a riqueza dessa experiência multicultural, o potencial da diversidade quando bem entendida, trabalhada e vivida.

O que é diferente não é melhor nem pior, é apenas diferente. Aprender e desenvolver uma atitude, um olhar inclusivo requer esforço e dedicação, mas exige, sobretudo, a prática genuína da empatia. É o constante exercício de nos colocarmos no lugar do outro, calçarmos os seus sapatos e vermos o mundo à partir de um novo ângulo. É considerarmos que existem outras hipóteses, outras forma de desenvolver uma atividade, é permitir pensar e agir de modo diferente. A multiplicidade de culturas promove a criatividade, desenvolve a tolerância e promove a abertura do pensamento.

A interação de um conjunto de indivíduos provenientes de diversos contextos proporciona a inovação, aumenta a competitividade, a flexibilidade e capacidade de ultrapassar obstáculos, estimulando o aprendizado à partir de realidades diferentes.

Contudo, por conta de todas as questões mencionadas no início do texto o que podemos verificar em vários ambientes corporativos, tanto no Brasil como em outras geografias, é uma relação difícil conflituosa, permeada por desentendimentos e fricções de várias ordens por falta desse entendimento cultural, por falta de uma perspectiva de que o mundo é visto de acordo e conforme a experiência de cada indivíduo, do seu contexto, crenças e valores.

Ninguém pode dar o que não tem. A falta de preparação e sensibilidade para um tema tão rico e importante das questões culturais e multiculturais pode significar um percalço sério e comprometor de estratégias de internacionalização, expatriação, intercâmbios acadêmicos e até mesmo limitantes em contexto de lazer e entretenimento.

Num contexto de crescente globalização, a não tolerância ou o não entendimento da riqueza e do potencial das interações multiculturais promove um ambiente social, organizacional e pessoal onde ninguém ganha. Somos estimulados a aprender fazendo e a diversidade multicultural quando bem entendida e gerenciada pode ser uma importante alavanca para um ambiente positivo, versátil, flexivel, inovador e criativo.

“No meio da confusão, encontre a simplicidade. A partir da discórdia, encontre a harmonia. No meio da dificuldade existe a oportunidade”.

Albert Einstein



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