Atualmente, existe uma avalanche daqueles que se autodenominam como uma especialidade de Coaching. Modismos aparecem no mercado de tempos em tempos e muitas pessoas ganham dinheiro com produtos e serviços da moda, que nem sempre são tão úteis assim para quem os compra ou contrata. Portanto, o que é isso exatamente e como o Coaching pode ser útil para a vida das pessoas?

A melhor forma de se começar a entender o que é Coaching, é principalmente definindo o que ele não é!

Coaching não é autoajuda!

A área de autoajuda foi uma febre no mercado editorial há algumas décadas. Hoje, notamos que este mercado está mais recolhido, sendo direcionado para serviços que se autodenominam de Coaching. Porém, nada tem a ver com a metodologia! O Coaching não busca suprir carências emocionais, nem ensinar automotivação ou passar orientações gerais com base em experiências particulares.

Há que se cuidar para que orientações de autoajuda não mascarem psicopatologias que poderiam ser trabalhadas por profissionais habilitados para isto. A não observação deste procedimento pode levar o cliente a sofrer agravamentos de questões internas mal resolvidas, que caberiam intervenção terapêutica apropriada, o que em nada tem a ver com o Coaching.

Coaching não é um conjunto de Técnicas Motivacionais!

Eventos ditos como vivenciais, carregados de experiências emocionais de seus participantes não têm relação nenhuma com o Coaching, uma vez que esse processo não envolve sentimentos. Em uma sessão de Coaching, o coachee pode vir a expressar emoções, porém estas, apesar de serem respeitadas, não são trabalhadas pelo coach.

A partir de uma catarse emocional o coach indica ao coachee, se for necessário, procurar um profissional habilitado para trabalhar essas questões antes de continuar com o processo, retornando assim que se sinta mais amadurecido internamente.

Quanto a questão motivacional, há muitos eventos que se autodenominam de Coaching, que dizem ser motivacionais, mas que apenas entregam uma grande carga de energia, de incentivo e de estímulo aos participantes. Esse tipo de evento traz ao público a fantasia do "herói", porém, não os apoiando, verdadeiramente, a alcançarem os resultados pretendidos.

Assim, é necessário diferenciar estímulo de desenvolvimento. A motivação que o Coaching favorece é a do autodesenvolvimento. Através do método, o coachee reestrutura o seu pensamento e desenvolve comportamentos, habilidades e atitudes que favorecem a realização de suas metas pessoais e profissionais, alinhadas aos seus propósitos de vida, porém, de modo racional e eficaz.

Coaching não é terapia!

Em geral, as psicoterapias e mesmo outras formas de terapias buscam tratar ou ressignificar questões passadas, favorecendo uma melhor qualidade de vida no presente. O Coaching não lida com questões passadas. O coach tem como base uma metodologia própria e atua sobre o momento presente (Estado Atual) para apoiar o cliente a se desenvolver para alcançar resultados em um momento futuro (Estado Desejado).

É importante ressaltar que o coach em geral não orienta o coachee, apenas o apoia para que o cliente alcance as metas desejadas, conforme o comprometimento que o indivíduo tenha consigo mesmo. O objetivo do Coaching é desenvolver ações para o alcance de metas pessoais e profissionais e não resolver traumas, distúrbios psicoemocionais ou disfunções metabólicas ou fisiológicas. O coach não trabalha com o tratamento de psicopatologias de qualquer ordem! 

Coaching não é aconselhamento e nem consultoria!

Aconselhamento ou consultoria não tem nada a ver com Coaching. Apesar da consultoria atuar  sobre o Estado Atual (presente), orientando ações para se alcançar um Estado Desejado (futuro). O que difere esses dois métodos é que o Coaching não orienta, só apoia o cliente a obter autoconhecimento, autogestão  e autodesenvolvimento para realizar suas metas profissionais e pessoais. 

O consultor é um profissional que possui notoriedade de saber, ou seja, é um especialista em determinada área de atuação ou possui elevada experiência em determinada situação de vida, como por exemplo um Conselheiro Matrimonial. Porém, o consultor não possui experiência sobre a vida do coachee.  

Coaching não é vinculado a PNL (Programação Neurolinguística)!

Diversas vezes se ouve falar de Coaching com PNL (Programação Neurolinguística) ou "neurocoaching", inclusive com a informação de que um depende do outro.  Em verdade, apesar de serem áreas afins, atuando a partir do Estado Atual (presente) para a realização do Estado Desejado (futuro), o Coaching não depende da PNL ou vice-versa. 

Ambos possuem metodologias opostas: o Coaching possui uma metodologia de apoio ao autodesenvolvimento e a realização de metas pessoais e profissionais; a PNL possui uma metodologia de modelagem da excelência e condução de processos de mudança.

Ambos são importantes instrumentos de autorrealização e até mesmo podem ser vistos como complementares, porém, não cabem em uma mesma sessão, pois, ou se apoia ou se conduz o cliente, não há como fazer as duas coisas simultaneamente. 

As sessões que se dizem de Coaching com PNL são fundamentadas na condução e na orientação do cliente, utilizando-se principalmente de técnicas de PNL, com acréscimos de ferramentas de Coaching. Entretanto, não são sessões de Coaching e, sim, de PNL.

Como visto, atualmente o Coaching está se tornando mais um modismo do mercado, o que não é bom para ninguém.

A regulamentação parece ser realmente o caminho necessário para alinhar o que é a metodologia Coaching e, assim, se evitar a mistura de técnicas que, ainda que sejam individualmente válidas, quando juntas podem ser contraditórias ou não transmitir exatamente o que se está trabalhando.

O resultado das misturas da moda, para o coachee, é não saber exatamente pelo que pagou. Para os profissionais que aplicam o Coaching, em nenhuma hipótese o modismo é positivo, pois se por sorte funcionou para o coachee, ele continuará buscando uma metodologia que não é Coaching, mas que assim está sendo denominada no modismo do mercado. Se não funcionou, pior, pois o cliente vai dizer que o Coaching não funciona, sem saber que o que ele contratou não foi Coaching.

Deste modo, conhecendo o que não é Coaching, bem como tendo uma introdução do que é esta metodologia, podemos defini-lo mais precisamente e aprendermos os seus limites, ou seja, em que, como e quando ele será útil.

O Coaching em sua essência 

A origem do Coaching ocorreu nos Estados Unidos da América, quando se buscou modelar a metodologia utilizada pelos treinadores (coaches) esportivos no mundo dos negócios.

Esta metodologia, claro, foi adaptada, construindo-se estratégias, técnicas e ferramentas próprias capazes de desenvolverem comportamentos, habilidades e atitudes de alta performance para o alcance de resultados.

O Coaching é uma metodologia de apoio ao autoconhecimento e à autogestão da vida pessoal e profissional. Tem por objetivo a realização da excelência humana, através da identificação e efetivação de propósitos, objetivos e metas em diversas áreas da vida e faz isso com o desenvolvimento de comportamentos, habilidades e atitudes que favoreçam o seu melhor desempenho.

As principais estratégias que se utilizam no Coaching são a empatia, a escuta (Ativa e Estruturada) e a estrutura de diálogo de Coaching, na qual se faz uso de perguntas adequadas a cada fase do diálogo, formando assim o rapport necessário ao desenvolvimento dos trabalhos. 

Além dessas, outras estratégias, técnicas e ferramentas são utilizadas conforme o contexto, sempre com foco nos objetivos que foram traçados pelo próprio coachee. Durante o processo, o coach atua como um apoiador para que o coachee realize tudo que foi planejado sem interferências, acréscimos e opiniões. 

A cada sessão é fundamental que o cliente tenha a percepção de que algo novo surgiu dele, como um insight, uma visão melhor estruturada de seu próprio pensamento ou a sensação de estar efetivamente caminhando (dando mais um passo) na direção da realização de seus objetivos/metas.

Não é cabível, portanto, se falar em Coaching para crianças e muito menos para animais. Não é cabível se falar em Coaching para pessoas que estejam sofrendo de transtornos emocionais e psíquicos. Não é cabível se falar em Coaching para quem não tem objetivos na vida. Nesse último caso, o Coaching pode sim auxiliar na identificação de metas, porém, o processo somente poderá se iniciar de fato após essa identificação.

Com base no exposto acima, vemos a razão do porquê o coachee precisa estar relativamente amadurecido psiquicamente para o processo de Coaching, pois, precisa estar habilitado a construir conscientemente metas, reconhecer crenças, propósitos e valores, comprometer-se consigo mesmo e atuar disciplinadamente na realização dos planos de ação desenvolvidos com o apoio do coach durante as sessões.




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