"Todo mundo precisa de um coach ... cada atleta famoso, cada ator famoso tem alguém que é um coach ... alguém que possa ajudá-los a ver a si mesmos como os outros o veem." (Eric Schmidt - Ex-CEO do Google)

Recente edição de uma revista nacional (“Exame” de março de 2015) mostra que 39% dos executivos brasileiros de alto nível declaram-se estressados. No artigo é apresentada uma pesquisa da International Stress Management Association (ISMA) ressaltando as demandas na profissão como o grande gatilho do problema.

Tarefas de um executivo como: pressão na tomada de decisão; horas extras no escritório; realização de atividades fora do escopo; afastamento da família para se resolverem problemas do trabalho, são os grandes causadores de um estresse que, em muitas das vezes, pegam os acometidos de surpresa, pois sequer se dão conta do ocorrido.

Por outro lado, novas pesquisas em neurociência atestam que os líderes executivos ou os principais executivos (CEO) são altamente motivados pelo que se denomina modelo SCARF - sigla para Status, Convicção, no sentido de segurança, Autonomia, Relacionamento e Justiça (Fairness), que são cinco experiências sociais potenciais criadoras de grandes ameaças ou recompensas no cérebro.

Assim, pela perspectiva do SCARF, apesar de esses líderes terem alto nível de estresse, eles também são muito bem recompensados naqueles cinco aspectos, ou seja, é ativado o centro de recompensa do cérebro. A exemplo do status, Cameron Anderson da Universidade de Berkely evidenciou que o status local, para esses executivos, importa mais do que o próprio dinheiro para se ter felicidade.

A pesquisa mostra que, talvez, os líderes executivos não necessitem aprender a gerenciar seus estresses, devido ao estado de recompensa que experimentam. Entretanto, este mesmo estado tem sido também a fonte de uma profunda falta de consciência desses líderes sobre o problema enfrentado pelos demais executivos subordinados a eles, atestando que precisam aprender a reconhecer e ajudar os outros a lidar com seus problemas, o que o neurocientista Kevin Ochsner da Universidade de Columbia denomina de “regulação emocional”.

Aprender a lidar com seus próprios problemas ou reconhecer e ajudar os outros executivos a lidar com os problemas deles são, de uma forma ou de outra, situações que conduzem a estudos como o recentemente realizado pela Stanford Business School, que evidenciou apenas dois terços dos CEO recebendo ajuda profissional de coaching executivo ou de desenvolvimento de liderança. Esta mesma pesquisa, paradoxalmente, mostra que 100% desses profissionais afirmam que gostariam de ser treinados (coaching) para melhorar suas performances.

Muitos são os motivos apresentados para tão poucos líderes executivos procurarem ajuda de um coach, mas o mais destacado é de ordem da cultura organizacional, pois, para alguns executivos, ter esse tipo de ajuda pode indicar uma fraqueza ou uma solução “remedial”. O que pode colocar em risco suas carreiras. Além disso, o estudo mostra que, no caso se adotar o processo de coaching, é importante que se tenha um coach de fora da empresa, pois, do contrário, um de dentro estaria envolvido com outros problemas da própria organização e não dedicaria a devida importância ao desenvolvimento do seu coachee.

Assim, ao se deparar com essa pletora de estudos e pesquisas científicas a respeito do assunto, percebe-se que, no Brasil ou mesmo no exterior, a situação dos executivos extrapola aos próprios efeitos organizacionais e se estendem a um problema de saúde pessoal, apresentando, sobretudo, altos índices de incidência do estresse. Nota-se, também, que o coaching tem se mostrado uma solução inteligente, desejada e eficaz, deparando-se apenas com problemas culturais.

Ora, esses entraves culturais podem ser facilmente ultrapassados com uma divulgação mais ampla do que vem a ser realmente o trabalho de coaching. Provavelmente se torne ainda mais fácil ultrapassar esse tipo de obstáculo entre os executivos brasileiros, que se caracterizam pelo “homem cordial” com alto nível de oralidade, preferindo uma boa conversa para sanar alguma dúvida a resolvê-la com uma simples leitura do manual de instruções.


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