Vivemos em um tempo em que capacitar é preciso. Pelo pensamento corrente, quanto mais cursos, melhor. A impressão que nos dá é de que deve-se preencher o currículo o máximo possível.  Graduação, pós-graduação, inglês, francês, espanhol, informática, mandarim, treinamentos pela empresa, treinamentos fora da empresa, trabalho fora da empresa, são objetos de consumo no currículo de vida.

Ah, claro, se você conseguir, além disso, exercer um trabalho voluntário, ter tido uma vivência no exterior e ter alguns hobbies estilosos como fotografia ou mergulho, será muito bom. E se for fotografia submarina, então, uau!

Será que realmente precisamos de tudo isso? Quantas vezes você ou alguém próximo fez diversos cursos e capacitações, mas não reverteu de modo eficaz na carreira? Quantos colegas fizeram uma pós-graduação ou um MBA e não tiveram o resultado esperado?

Ao fazer essa pergunta, você pode questionar: “Quer dizer que estudar é errado? Quer dizer que estou perdendo tempo com esses cursos?” Seria estranho escutar essas frases de um professor e de alguém que ainda não parou de estudar.

Adquirir mais habilidades é maravilhoso. O que proponho é que você reflita se está fazendo as opções corretas. Quando fazemos cursos demais, é possível que venhamos a ter muita potência sem muita ação. Ou ainda, fazemos um curso que não está alinhado com a carreira.

Alguns exemplos de que isso pode ocorrer: o sujeito faz curso de inglês, pois, segundo o senso comum deve-se dominar essa língua; no entanto, o indivíduo trabalha em uma multinacional francesa.  Certa pessoa trabalha em uma área técnica-operacional e resolve fazer uma pós em marketing.  Um indivíduo trabalho no mercado financeiro e resolve fazer um mestrado acadêmico.

Claro que, se nesses exemplos, a pessoa está pensando em mudar de carreira ou de setor, tais medidas são válidas. Porém, se alguém pensa em progredir na carreira em que está estudando a esmo, pode ser um desperdício dos recursos mais valiosos, como tempo e dinheiro.

Uma cena comum é alguém fazer um curso para progredir na carreira, fazer um curso para mudar de cargo, fazer outro curso para aumentar a renda, fazer mais um curso, e por aí vai.

A sugestão aqui é fazer a seguinte pergunta: “Que cursos eu realmente devo fazer?” Mas, para responder a essa pergunta, você já deve ter respondido outra: “O que eu quero para mim em termos profissionais?”

Uma pessoa que gosto muito é a avó de um grande amigo meu. Pessoa muito simples, humilde, porém muita sábia. Ouve muito e fala pouco. Mas, quando fala, encaixa na alma. Uma de suas frases é a seguinte: “Você pensa que tá ataiando, você tá é rodeando.”

Se a frase não foi clara, cabe a mim traduzir. “Ataiar” seria pegar um atalho. Ela fala isso querendo dizer para uma pessoa que, ao pensar que está pegando um atalho, na realidade ela está rodeando, ou seja, está dando uma volta maior.

Isso serve em diversas situações, inclusive a que estamos tratando aqui. Será que, ao fazermos um curso, estamos facilitando nossa vida, ou estamos gastando energia em uma coisa não nos dará retorno.

Nem sempre dá para saber; temos que arriscar algumas vezes. Mas, antes de pensar na carreira, é preciso se perguntar: “estou ataiando ou estou rodeando?” Talvez, não existam atalhos de verdade, mas caminhos trilhados de maneira mais assertiva e eficiente. Mas, com certeza, dá para saber que alguns caminhos só vão te fazer girar em círculos.

Quanto à questão do título, não há dúvida: estude, faça cursos, melhore continuamente! Mas, ao invés de falarmos: “estude o máximo que puder”, melhor dizermos: “estude o melhor que puder.”

A ideia é não cair na armadilha do conhecimento, no qual viramos eternos aprendizes sem devolver o conhecimento pela prática.

Se houver muitas dúvidas sobre quais caminhos tomar, talvez seja a hora de passar por um processo de coaching. Melhor antecipar o caminho correto do que rodear por aí, não é mesmo? 

Pense nisso!


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