Existem diversas conceituações sobre comunicação. Dentre elas, será abordada a de Abbagnano em seu livro “Dicionário de Filosofia”, que descreve comunicação como aquilo que “designa o caráter específico das relações humanas que são ou podem ser relações de participação recíproca ou de compreensão. 

Portanto, esse termo vem a ser sinônimo de coexistência ou de vida com os outros e indica o conjunto dos modos humanos”.

Comunicação é, portanto, uma palavra multifacetada que abrange praticamente qualquer interação com outras pessoas, seja em uma conversa normal ou persuasiva, numa relação de ensino, em um relacionamento de família ou em uma negociação.

Quem sabe se comunicar tem o poder de transmitir uma mensagem ou informação para outra pessoa ou para um grupo de pessoas e, com isso, adquirir fama, seguidores e até fortuna. A comunicação faz parte da vida e das necessidades dos seres humanos e é possível dizer que, mesmo sendo arquetípica, é uma condição indispensável para a vida humana e para a ordem social.

Erick Berner, psiquiatra americano da década de 40, descobriu que crianças privadas de contato físico por um período de tempo prolongado tendem a enfraquecer e a desenvolver doenças, podendo até mesmo chegar a morrer por conta disso. Este quadro clínico é denominado “depressão anaclítica”. 

O fato é que o ser humano necessita se comunicar, dar e receber afeto e trocar estímulos com o outro para manter sua harmonia, sua sanidade, seu equilíbrio e sua saúde. A força relacional é praticamente instintiva na espécie humana. 

Como sugere Berner, algumas pessoas chegam até a adoecer quando se encontram em solidão e isso é responsável pelo desencadeamento de distúrbios psicológicos encontrados no mundo contemporâneo.

Quem vive sozinho não só pode atrair o mal de sua própria natureza interna, na forma de neuroses e complexos, mas também atrair projeções e descontentamento de outras pessoas na forma de críticas e distanciamento.

Quem vive sozinho, distante da convivência com a sua comunidade, família ou outras pessoas por muito tempo, pode ser facilmente envolvido, ver-se tomado, por suas mágoas, desequilíbrios psíquicos e lembranças traumáticas. 

Assim, esses indivíduos podem ser acometidos mais facilmente por doenças psicossomáticas e psiquiátricas, como também passam a não ser olhados com bons olhos pelas outras pessoas. 

Quem é que gosta de pessoas esquizoides, fechadas, carrancudas e que mal falam com as outras?

Quem duvida que as outras pessoas não reajam bem à falta de cumprimentos e troca de estímulos experimente passar uma semana sem falar com seus familiares e amigos e poderá constatar que receberá como “feedback” sentimentos feridos, raiva, mágoas e desentendimentos.

Resumindo, ninguém vive sozinho. 

Adultos submetidos à privação sensorial e à falta de comunicação, colocados em condições experimentais de silêncio, escuridão e à menor estimulação térmica e tátil possível podem até desenvolver uma psicose passageira, ou, pelo menos, distúrbios mentais temporários. 

Já foi observado que a privação social e sensorial tem efeitos psíquicos semelhantes àqueles observados em indivíduos condenados a longos períodos de prisão em cela de isolamento, as chamadas solitárias.
 
Não se comunicar e interromper os estímulos da interação com outras pessoas faz com que os indivíduos adoeçam e se desequilibrem. Está mais do que bem exposto que a comunicação e a interação entre pessoas são fatores importantes para a sanidade e para os equilíbrios biológico, psíquico e social dos indivíduos.

Ainda destacando a importância da comunicação podemos acrescentar que: “As habilidades de comunicação são os determinantes mais poderosos do sucesso conjugal”. Claro que não apenas a comunicação, mas também outros fatores, como relações sexuais, vivência de experiências positivas e capacidade de criar empatia fazem parte dos fatores que podem determinar o sucesso conjugal.

Ainda acerca da importância da comunicação para o sucesso e para boa vida familiar e conjugal acrescentamos que, “a clareza na comunicação é essencial para o funcionamento familiar eficaz”.

Quanto ao aspecto do processo de comunicação, se duas ou mais pessoas se encontram numa reunião familiar ou social, uma delas irá falar ou dará alguma indicação de ter notado a presença da (s) outra (s), haverá uma natural troca de estímulos e cumprimentos entre elas e se uma delas não responde, a outra poderá até pensar que não foi aceita ou que isso foi uma expressão de má educação.

Obviamente, a comunicação é uma condição “sine qua non” da vida humana e da ordem social. Através dela, trocamos informações com outras pessoas, adquirimos coisas, expressamos nossas emoções, relacionamo-nos com nossos cônjuges e com nossos filhos e sabemos quem somos.



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