Quando falamos em liderança, logo alguns questionamentos são inevitáveis: será que não se tornou um assunto batido, desgastado ou até mesmo esgotado? Será que as lideranças atuais não estão conscientes dos seus papeis? Será que não existe uma padronização de características necessárias claramente visíveis nas empresas?

Porém, ao se analisar algumas instituições, é comum encontrarmos lideranças negativas, aquelas que, por definição, dividem e criam instabilidade em suas equipes, ocasionando turbulências, trazendo um clima de intrigas, ansiedades, sabotagens e manipulações. Às vezes notórias em perfis excessivamente carismáticos ou até naqueles sem muitos sorrisos, de poucas palavras e desacostumados a olhar nos olhos, colocando inclusive em dúvida aquela crença comum de que empatia é primordial em uma relação profissional.

Não é de hoje que ficamos surpresos com líderes predispostos a valorizar, antes de tudo, números, gráficos e planilhas, e, mesmo assim, mantendo subordinados com bons níveis de desempenho. Digo surpresos pois, aparentemente, são indivíduos que, por muitas vezes, não se utilizam de técnicas como feedback, avaliações de 180°, 360° e Avaliação por Competências para desenvolver seus grupos. Aparentemente! 

Ao contrário do que os olhos muitas vezes podem ver, esses profissionais, muitas vezes, além de realizarem todas essas técnicas embutidas em suas atitudes, trazem ainda, em suas “mangas”, mais surpresas, como a habilidade em alavancar equipes de baixa performance através de comportamentos não tão padronizados ou comumente previstos.

Não estou aqui a afirmar que líderes negativos mereçam todos os méritos, muito menos dizendo que liderança negativa se resume ao breve contexto acima. Mas coloco como proposição - e talvez no intuito de quebrar alguns paradigmas - que pessoas identificadas com tal perfil possuem méritos pelos cargos exercidos, e vai da nossa astúcia sabermos trabalhar e, principalmente, tirar proveito dessas relações, pois tais perfis profissionais nos ensinam através de comportamentos um tanto quanto heterodoxos em relação aos padrões literários de liderança normalmente estudados.

Afirmo que, ao aprender com líderes negativos, você não só terá lucros profissionais, mas também pessoais, pois eles nos fazem exercer uma postura corporativa com neutralidade em alguns momentos, posicionada em outros e, adicionalmente, muito questionadora.

Estamos falando não da dificuldade ou facilidade em compreendê-los, e sim da exigência interna que temos que adquirir para mantermos uma convivência produtiva, deixando de lado o costume da zona de conforto para nos aventurarmos em relações não tão agradáveis, mas que, compreendidas, podem nos levar muito longe, possibilitando o alcance de soluções de forma muito mais direta.

Uma equipe eficaz tem sempre por trás um líder positivo? Pense você: nunca se deparou com um líder que caracterizou como negativo, mas possuía, abaixo dele, subordinados excelentes? Na minha experiência, não só em caminhadas profissionais como também pessoais, encontrei diversos líderes negativos que, mesmo com todas suas características podendo, teoricamente, acarretar desagregação, acabavam por impulsionar o grupo a produzir resultados elevadíssimos.

A discordância, aliada ao entusiasmo, proporcionam às pessoas a garantia de não permanecerem na inércia, e, ao mesmo tempo, as incentiva a buscar o autoconhecimento constante ao reforçarem a importância em se transformar e assumir novos riscos, resultando em equipes e profissionais mais preparados a lidar com relações não tão triviais, mas que, juntos, tornam-se fortes para apresentar resultados extraordinários.

Em suma, esse texto não tem como objetivo esgotar o conceito de liderança negativa (até por ser ela uma situação de olhar, momento e identificação), mas propor uma reflexão na qual, mesmo ao nos depararmos com situações ou personalidades não tão positivas, elas podem nos agregar valor - seja pela exigência que precisaremos atender, seja pela movimentação que precisaremos implementar - para a construção de um novo “eu” ou de um “eu” adaptado.

Enfim, não se trata de “levantar uma bandeira” afirmando o grande prazer de trabalhar com essas pessoas, mas sim proporcionar uma análise sobre a importância de haver profissionais com tais características nas instituições, pois eles não só podem nos possibilitar um forte desenvolvimento externo, como também despertar nossa capacidade de resiliência. 

Citando um famoso jargão, “aprendemos na dor”. No entanto, podemos reescrevê-lo: aprendemos com nossas crenças, valores e necessidades básicas, entretanto, ao nos depararmos com elas, se faz sempre necessário que façamos uma reflexão, pois são nesses momentos que nos confrontamos com o dilema “ficar ou avançar”, o que traz impactos diretos nos caminhos escolhidos para o atingimento dos resultados almejados.

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