Recentemente assisti dois inspiradores documentários sobre formas de aprendizado. Fui apresentado ao experimento de Sugata Mitra, cientista educacional indiano que desenvolveu a ação intitulada “Buraco na Parede”, para verificar a relação entre as crianças e a tecnologia. 

Coincidência ou não, recebi a indicação sobre “Dorina - Olhar para o mundo”, que exibe a brilhante Dorina Nowill, educadora e filantropa brasileira que dedicou sua vida à luta pela inclusão social e educação (livros em braile e a alfabetização por este método chegassem ao Brasil) para deficientes visuais. Ambos expandem nossa compreensão do fazer, do saber fazer e do por que fazer.

E diante destes grandes educadores fiz uma reflexão de nossa própria educação e como estamos lidando com a relação de trabalho.

Como coach e no papel de facilitador à aprendizagem em transição de carreira, tenho como responsabilidade ampliar o olhar dos profissionais que assessoro para enfrentar situações do dia a dia. Como crescer no trabalho, o que aprender para se tornar competitivo profissionalmente, o que fazer para ter um salário maior. São questionamentos que podem causar barreiras no processo de aprendizagem profissional, afinal estas angústias tornam-se obstantes no sucesso deste exercício. Nossa função é apoiar o conhecimento para que este profissional siga um caminho que melhor faça sentido.

Atualmente percebo que alguns profissionais carregam dificuldades em enxergar “além da parede” e compreender que podem fazer diferente. Possivelmente esse bloqueio seja atado no sistema educacional que vivenciamos na década passada. Éramos condicionados em somente escutar o professor, salas cheias, poucas perspectivas de questionar, sem empoderamentos. Muitos têm dificuldades em comunicar-se com seus gestores, de delegar as funções, de saber se posicionar às atividades aparentemente comuns.

Neste processo de aprendizagem no mundo corporativo, os profissionais que atuam como coaches ou pedagogos empresariais têm o papel de organizar e facilitar os caminhos pela gestão do conhecimento. Além disso, na perspectiva da gestão de carreira, devem construir práticas educacionais individuais e assim desenvolvê-los e sanar possíveis desconsolos.

Na perspectiva da trimembração antroposófica, o aprender deve fazer sentido e exige demanda de esforços conscientes. Construir, produzir e realizar são práticas dos três sistemas: o pensar, o sentir e o agir/querer.

O pensar significa absorver o conteúdo, o raciocínio frente ao assunto e a racionalização da inteligência. O sentir é perceber o que aquele conteúdo lhe trouxe de impressão, seja aspecto sentimental, de sua vivência social, seus valores e quais movimentos seu corpo respondeu ao assunto. Geralmente gera-se uma motivação, pois, o sentir levou-o a um caminho positivo. E, por fim, o agir e/ou querer será a ação, a execução, a prática da atividade que se torna consciente e que fará sentido realizar determinada atividade. 

Você é mais do pensar, do sentir ou do agir?

Como profissional que instiga processos de mudanças internas, busco trazer suporte aos nossos assessorados a desenvolver suas próprias carreiras de forma consciente e que faça sentido a eles, através dos sistemas pensar, sentir e agir/querer, de acordo com suas histórias de vida e de seus meios social e educacional.

Descomplique os caminhos em sua carreira para enxergar além do buraco na parede, como Mitra leva de forma tão bonita às crianças na Índia. E não tenha medo de acreditar nas próprias capacidades demonstradas pela Sra. Dorina. Não opte por um sistema, una os três.

“A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” Rudolf Steiner



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