Vez ou outra, quebrando toda a distração do momento, palpita um alerta: mensagem nova de fulano no grupo dos amigos da faculdade. Talvez um e-mail com promoções exclusivas imperdíveis. Quem sabe um boletim informativo completo com as últimas notícias da semana. Acontece até mesmo de ser alerta falso, achando que o smartphone tinha vibrado, mas era pura imaginação.

Estamos completamente conectados. O termo wired, derivado do inglês wire (fio), já até caiu em desuso. Uma vez muito comum para descrever aquele pessoal sempre “ligado” em tudo o que estava ocorrendo, já não faz mais sentido. Afinal, atualmente até a geladeira é Wi-Fi.

Dizer que estamos em intenso contato com a informação é praticamente minimalista. Somos, de fato, bombardeados intensamente com uma infinidade de informações desconexas, vindas de todos os lugares, a cada minuto. Cinquenta anos atrás isso não passaria de mais um conto de ficção científica. Evoluímos, certo? Depende...

Depende do quê? De você.

Tudo bem! Sei que as descobertas e avanços são irrefutáveis. No entanto, tudo se tornou tão permeável e dinâmico, que é difícil saber se realmente estamos conseguindo aproveitar essa recente sistemática da melhor maneira. É tanta coisa que, ao final do dia, é bem comum não lembrarmos de nada. Afinal, foi quase como um relâmpago que tão rápido quanto chegou, se foi.

Nossa capacidade de fixação geralmente requer um pouco mais, digamos, de cortesia. É quase como um processo de sedução. Demanda uma dose maior de empenho e insistência para que se faça o adequado processamento daquele dado que, então, se traduz para nós em verdadeira informação, de forma a criar um vínculo sólido com o que foi processado. 

Não adianta passarmos o dedo na tela do telefone o dia inteiro e pensar que estamos aproveitando alguma coisa. Fôssemos capazes de captar e absorver adequadamente toda informação que nos alcança, seríamos, definitivamente, especialistas em praticamente todas as áreas do conhecimento. 

Seríamos enciclopédias ambulantes sobre conflitos armados no Oriente Médio, desvios de recursos públicos, buracos negros, pós-modernismo, novos tratamentos contra o câncer, ou mestres em culinária.

E não para por aí! Quantas listagens de itens você já não leu na internet, e não faz mais ideia de nada daquilo? Sabe o que isso quer dizer? Que estamos jogando nosso tempo fora, e que esse é o único recurso que não se conseguimos de volta. 

Dentre todas as coisas, escolheu jogar fora justamente o tempo?! O que fazer, então? Seria um pouco redundante apresentar uma listagem de coisas a serem feitas agora, então sejamos breves: poupe sua energia cerebral e use-a com o que realmente merece empenho. Para que algo possa efetivamente mudar sua condição atual, é necessário que essa coisa receba atenção contínua e especial.

O contato com a informação deve estar ligado a um real propósito. Somente assim conseguiremos criar um ambiente em que nosso cérebro trabalha aquele conteúdo visando seu real aproveitamento. 

Precisamos percorrer o seguinte fluxo: Conteúdo > Absorção > Compreensão > Internalização > Comportamento > Resultado

O maior erro é se afogar de conteúdo esperando que isso, por si só, traga algum resultado. Pura ingenuidade!

Não estou dizendo que devemos nos isolar e tornarmos completamente desconexos do que está ocorrendo no mundo. Ser uma pessoa bem informada é muito útil, interessante e prazeroso. No entanto, é necessário que o ato de absorção de informações tenha mais propósito, e seja feito de forma realmente proveitosa. 

Quem sonha com o sucesso precisa empenhar-se com seriedade para se tornar a verdadeira moradia do conhecimento, e não somente uma casa de pernoite. Essa sensação de distração e alívio momentâneo que aquela conferida nas redes sociais nos dá não passa de enrolação. 

Até mesmo aqueles que preferem não ser tão descarados, e optam por ficar conferindo os portais de notícia, acabam sendo vítimas dessa traiçoeira facilidade de acesso. Quer um conselho? Seja seletivo. Não caia na tentação de dar mais aquela enrolada com coisas que só desviam o foco do seu objetivo. 

Mantenha-se conectado, portanto, com o que realmente irá mantê-lo no caminho certo. Policie-se!

Enquanto você percorre cem metros na tela do celular em busca de uma breve distração despropositada, existe alguém percorrendo cem linhas de conteúdo que irá colocá-lo mais próximo da conquista da meta. Qual das duas você prefere escolher?



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