O coach pode parecer um pouco frio durante as sessões. Como amigo da meta, a tarefa deste profissional é criar as condições propícias para que o coachee (cliente) diga o que vai fazer para atingi-la. A questão é que, às vezes, uma “tarefa” pode ser polêmica.

É possível, por exemplo, que o cliente verbalize que ele precisa terminar um namoro para alcançar o objetivo. Como não cabe ao coach julgar a decisão, ele vai perguntar se essa ação vai aproximá-lo ou não da meta. Se a resposta for sim, é possível prosseguir.

A próxima etapa é perguntar dia e hora em que isso será feito. E como, objetivamente, o coachee dará fim ao namoro. É possível que o cliente esteja à espera de um interlocutor mais romântico, que diga a ele que o caminho não é esse. Porém, não vai encontrar isso no coach.

O coaching usa perguntas e ferramentas para extrair as respostas de dentro do cliente. Cada pessoa sabe da própria realidade. Não há receita pronta. Uma mesma meta tende a ter planos de ação bem diferentes, de acordo com a história e o estado atual de cada coachee.

Encarar o coach como alguém cruel por causa do exemplo que eu citei acima é ignorar o fato de que foi o cliente que verbalizou a necessidade de terminar o namoro. O processo pode ter evitado que um relacionamento condenado se arrastasse por muitos anos.

Vamos pegar nosso exemplo e colocá-lo em outro contexto. Ao encarar a “frieza” do coach, o cliente pode ficar perplexo e, depois, chegar à conclusão de que não quer abrir mão do relacionamento. Aí algumas questões precisam ser analisadas.

Em primeiro lugar, a pergunta básica: “Desistir da ideia de terminar o namoro te aproxima ou te distancia da tua meta?”. Em alguns casos, chega-se à conclusão de que as duas situações são compatíveis; em outros, o cliente percebe que prosseguir com a ruptura é determinante.

Em segundo lugar, acontece de o cliente desistir da meta porque não quer abandonar algo de que precisa abrir mão para chegar ao objetivo. Neste caso, então, qual é o ganho que o coachee teria durante o processo? Por incrível que pareça, haveria grande conquista.

O mago das finanças Gustavo Cerbasi explicou, certa vez, que não adianta passar a vida inteira a almejar o Caminho de Santiago de Compostela e depois descobrir que tem medo de avião ou que a saúde já não acompanha mais esse objetivo. Acontece com frequência.

Isso demonstra que, às vezes, desistir de uma meta pode ser a porta para novos caminhos, a oportunidade para se focar em ideias que efetivamente serão colocadas em prática. É melhor do que passar uma vida atrás de algo que simplesmente nunca será feito.

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