No reality show “Supersize x Superskinny”, pessoas extremamente magras trocam de dieta com indivíduos obesos. O site da Endemol, empresa que organiza esse tipo de programa, informa que se trata de uma permuta alimentar de cinco dias.

A instituição afirma que “o objetivo é fazer com que ambos percebam que possuem um distúrbio alimentar e que comer demais é tão ruim quanto comer de menos. A troca promove uma nova dieta, saudável e balanceada, que pretende reeducar os participantes”.

Penso que algo similar ocorre com parcerias de qualidade. É bonito ver momentos em que estilos diferentes se fundem em prol de um objetivo. Em um bom casamento, por exemplo, um consegue manter os pés no chão enquanto o outro vai para a lua de vez em quando.

Respeitar maneiras diferentes de ser e de pensar, além de algo básico para a saúde da relação entre as pessoas, pode se tratar de uma oportunidade e tanto para “trocarmos de dieta” com alguém. Precisamos ser humildes para perceber essa necessidade.

O filósofo Mario Sergio Cortella argumenta o seguinte, no maravilhoso livro “Qual é a tua obra?”: “Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo”.

É uma tarefa árdua conversar ou fazer negócios com o indivíduo que acredita ter a opinião definitiva sempre. No filme “Um senhor estagiário”, a dona de uma empresa faz entrevistas para contratar um executivo para a companhia. Inúmeros são recusados.

O profissional que impressionou a personagem interpretada por Anne Hathaway é justamente o que disse que não iria mudar nada de imediato. Ela fica satisfeita ao ouvir que a ideia dele era, simplesmente, aprender sobre o negócio e ajudar no que fosse possível.

O mercado de trabalho está cheio de exemplos de indivíduos arrogantes. Certa vez, um aluno me relatou que o dono da empresa em que trabalhava contratou um grupo de colaboradores para “revolucionar” a companhia. A situação demonstrou dois problemas graves.

A primeira questão é que é muito perigoso apresentar uma nova contratação como alguém que vai salvar a pátria. Neste contexto, a tarefa de conquistar os colegas fica muito mais difícil. As pessoas vão exigir excelência até na respiração e irão apontar falhas imediatamente.

A segunda é que, às vezes, os novos contratados gostam de assumir esse papel. Aí, eles se perdem totalmente. No caso da empresa do meu aluno, o convívio ficou insustentável e foi preciso demitir os recém-chegados. Os que ficaram estouraram rojões para comemorar.



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