Os brasileiros acordavam cedo todo domingo para ver Ayrton Senna correr na Fórmula 1, com as narrações emocionantes de Galvão Bueno. Quando o piloto morreu, em maio de 1994, os olhos se voltaram para Rubens Barrichello.

Atual campeão de Stock Car, Rubinho sempre foi um excelente corredor. No entanto, virou motivo de piadas sobre lentidão, à medida que os títulos da principal categoria do automobilismo não vieram. Foi uma grande injustiça.

Felipe Massa está há anos na Fórmula 1 e também não levantou a taça. Pelo menos ainda não. Apesar disso, não ficou com a mesma imagem do colega de esporte. A questão principal está na expectativa e isso serve para outras áreas da vida.

Com a morte de Senna, o brasileiro ficou com gostinho de "quero mais" e depositou no outro conterrâneo todas as esperanças. No fundo, queríamos continuar com o hábito de acordar cedo no domingo para ouvir o tema da vitória.

A alta expectativa do público fez o que fez com Rubinho. Se ele fosse de outra época, não teria ficado com essa imagem. Por uma questão de justiça, espero que o título da Stock Car dê a ele o respeito que merece. Trata-se de um grande esportista.

Algo semelhante, mas com menor intensidade, ocorreu no futebol. Depois que o Internacional conquistou a Libertadores da América de 2006, Tinga foi vendido. Ele foi fundamental na campanha fantástica que o time fez naquele ano.

Adriano Gabiru preencheu o meio-campo colorado, mas não conseguia encostar na bola com tranquilidade. Ao menor erro, a torcida vaiava e a imprensa criticava. A saudade do antecessor era enorme. O substituto não foi aprovado.

É claro que não era nenhum craque. Porém, penso que não era tão ruim quanto falavam. A prova veio em dezembro daquele ano, quando fez o gol mais decisivo da história do Inter, contra o Barcelona, na final do Mundial de Clubes.

Em 2007, Gabiru foi dispensado por não servir e nunca mais conseguiu engrenar. Os críticos podem afirmar que esse destino mostra a falta de qualidade. No entanto, acredito que o bombardeio que sofreu pode ter afetado o desempenho dele.

Esses exemplos nos mostram como é importante reduzir a expectativa. Isso vale para um novo emprego, para o casamento e até para uma sociedade. Em vez de querer achar defeitos logo de cara, que tal assumir um compromisso de felicidade?


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