Escrito por Sulivan França - 10 de Fevereiro de 2014

Deixe-me explicar o que quero dizer com intenção em relação às habilidades de coaching e entender como isso vai lhe permitir ser mais eficaz.

Habilidades são coisas do “jogo externo”, assim como comportamentos e competências. Como podem ser descritas e medidas, você terá a exata noção do que precisa ser feito. Entretanto, a noção de “competências”, tão prestigiada por aqueles que defendem a reengenharia nas organizações, é insuficiente para nossa tarefa. Esse tipo de noção não nos fornece dados suficientes sobre quando ou porque usar a habilidade ou o comportamento ou, mais importante ainda, para que propósito.

Posso saber muito bem que um estilo específico de pergunta, digamos, uma pergunta aberta, é uma ferramenta útil, mas, se eu o utilizar indiscriminadamente, não vou ajudar o player. Se as habilidades são parte do jogo externo, então já um jogo interno correspondente. A eficácia real está em entender ambos os componentes, interno e externo.

Ao treinar coaches e gerentes de linha, observo-os frequentemente no trabalho.

O entendimento da intenção

Quando percebo que fazem questionamentos ou intervenções desnecessárias para o desenvolvimento do player, invariavelmente pergunto: “Qual foi sua intenção?”.

A “intenção” é o jogo interno da pergunta, habilidade ou competência certas. Por intenção, quero dizer o propósito ou a meta do coach ao usar uma ou mais habilidades.

No coaching (e não apenas nele), entender a sua própria intenção a qualquer momento é um componente central para se tornar mais eficaz. Quando pergunto sobre sua intenção a coaches novos, recebo muitos tipos de resposta. Na maior parte das vezes, eles apontam a necessidade do coach de resolver, consertar, curar, estar certo ou estar no controle; tais intenções raramente ajudam o player a se tornar mais consciente ou tomar responsabilidade.

Possível diálogo em um treinamento de coaching

PLAYER (em um workshop): Do modo que vejo, há duas coisas que posso fazer: posso pedir ao meu gerente que reveja a decisão ou fazer o que acho que é melhor e esperar que ele não descubra.

COACH EM TREINAMENTO: Você pensou em falar com o resto da equipe?

COORDENADOR DO PROGRAMA PARA O COACH: Qual é a sua intenção com essa pergunta?

COACH EM TREINAMENTO: Bem, as duas opções são um pouco arriscadas, e eu acho que ele deve encontrar uma outra abordagem.

COORDENADOR DO PROGRAMA: Então há duas partes aqui: você acha que é arriscado e que ele precisa de uma outra abordagem. Qual é sua intenção específica?

COACH EM TREINAMENTO: Acho que eu estava tentando puxá-lo para o que acho que ele deve fazer.

COORDENADOR DO PROGRAMA: Qual seria a intenção mais apropriada?

COACH EM TREINAMENTO: Primeiro, ajudá-lo a avaliar os possíveis riscos nas abordagens que ele identificar, e, então, se os riscos forem grandes, pensar em outras opções.

COORDENADOR DO PROGRAMA: Qual é, então, a pergunta para o player?

COACH EM TREINAMENTO: Posso perguntar-lhe o que pode acontecer se ele prosseguir com qualquer uma das abordagens que identificou. Ao ser claro sobre as intenções, o coach tende a fazer perguntas mais eficazes. Mas entender a sua intenção lhe dá mais que isso: permite que ele fale diretamente com o Self Dois e, portanto, faz com que as questões fluam com pouco ou nenhum esforço e grande precisão. E é muito mais divertido.


Esse texto possui informações extraídas do livro "Coaching Eficaz" de Myles Downey, editora CENGAGE Learning, 3ª edição, 2010.

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