A ISMA - International Stress Management Association divulgou uma pesquisa dizendo que 72% das pessoas é infeliz no emprego. Entre elas, os motivos mais votados são falta de reconhecimento (89%), excesso de tarefas (78%) e relacionamento (63%). A Robert Half divulgou outra pesquisa dizendo que 49% das pessoas considera muito provável procurar por outro emprego, mesmo com a crise.

Podemos ver que 72% está infeliz com seu trabalho, mas somente 49% pretende sair dele. Não acho que saber que quase metade das pessoas pretendem procurar outra oportunidade seja pouco. Mas em comparação com a quantidade de funcionários infelizes, apontamos para outro tipo de medição. A do comodismo.

Eu e meus colegas de profissão somos muito procurados por pessoas com intenção de mudar de emprego, especificamente. Querem uma oportunidade parecida com as que têm hoje, pois gostam de sua carreira e de seu trabalho. Mas não suportam mais o ambiente em que estão. Os motivos são sempre os mesmos: gestores ruins, despreparados e sem visão sistêmica, e falta de reconhecimento.

O problema, em um processo de Coaching, por exemplo, começa a aparecer quando o autoconhecimento coloca o cliente em xeque. Ele precisa decidir se fica ou sai do emprego atual. E precisa agir em direção à sua escolha.

Parece um paradoxo. O cliente chega em busca de melhorias na carreira, mas quando admite que precisa ir para o mercado, coisa que ele já sabia e geralmente objetivo final do programa, ele começa a colocar diversos empecilhos. Brotam milhares de desculpas para a execução de tarefas a que ele mesmo se propôs. De repente, têm todas as estatísticas da crise na ponta da língua. Colocam todos os membros da família como impeditivos. Mostram até suas contas particulares, empréstimos, financiamentos e parcelas. Um conjunto de coisas sempre existiram, desde o início do processo, mas que na hora de tomar a decisão final, começam a pesar.

Por que isso acontece?

Já ouviu falar em zona de conforto? Parece incoerente, mas a zona de conforto nem sempre (quase nunca) significa a zona da felicidade, e conforto não quer dizer que tudo está bem. As pessoas podem estar infelizes, incomodadas e sentindo-se muito mal com uma situação. Mas essa é a zona de conforto delas. Porque é o que elas conhecem e com o que sabem lidar. A mudança é desconhecida, faz com que a pessoa se mexa de onde está. E por pior que esteja, existe muita gente preferindo brigar com o conhecido do que ter ir para o desconhecido, mesmo que tenha a chance de parar de brigar.

Para tomar uma decisão e colocar a si mesmo em risco, é preciso muita autoconsciência e reflexão sobre quantos anos mais você vai demorar adiando seu sonho, continuando infeliz e tendo uma vida que considera média. Quando este tipo de dor assola a mente de uma pessoa, ela fica disposta a se mexer. Ainda bem que sempre é possível mudar.



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