Perversão é uma das três classificações básicas da personalidade humana, segundo a psicanálise. Além dela existem a neurose e a psicose. A maior parte de nós, aproximadamente 90%, seria classificada como neurótica, e a característica básica do neurótico é sofrer devido à submissão das regras socioculturais. Os psicóticos já são aqueles que frequentemente têm alucinações e são também chamados de pessoas especiais. 

Mas o tema aqui são os perversos: aqueles que não aceitam as regras sociais, mas fingem muito bem segui-las.

Também dentro da psicanálise, a perversão se manifesta no momento da vida que metaforicamente é chamado de Complexo de Édipo. Para simplificar, é quando a criança é colocada em choque com as regras sociais: as proibições (roubar, matar, enganar, etc). 

A perversão, as vezes chamada de psicopatia ou sociopatia, é identificada quando a criança denota essas regras sociais e a partir de então se desenvolve aprendendo a mentir, ludibriar e burlar as regras sociais, prejudicando os outros sem ter sentimento de culpa ou remorso. Ao contrário disso, busca satisfazer suas próprias necessidades e goza a partir do sofrimento do outro.

Por outro lado, estas pessoas aprendem desde cedo a farejar e identificar o sentimento alheio e tirar proveito dele. Muitos deles são charmosos e carismáticos. Têm um tom de voz e uma eloquência perfeita para encantar e conquistar pessoas. Tudo isto regado a uma linguagem corporal que transmite confiança e força. 

É extremamente difícil identificar um perverso e acreditar que ele é mal-intencionado, pois ele mente bem, com sorriso no rosto e olhando nos olhos sem o menor constrangimento. Sabe se comportar da maneira certa para conseguir seus objetivos e normalmente pensamos que seriam incapazes de fazer qualquer mal.

Eloquentes, fortes e encantadores frequentemente encontramos perversos em altos escalões nas empresas, na política, na liderança de religiões ou ocupando posições para as quais não têm competência técnica. Acabam por provocar crises, cometer crimes e manipular pessoas conseguindo muitas vezes responsabilizar os outros por seus erros e o fazem sem o menor constrangimento.

É difícil identificar perversos. Devido à correlação entre crises e problemas organizacionais e comportamento perverso, organizações de vários países já adotam o teste PCL-R e outros como o Psychtests® antes de contratar pessoas. Já na vida cotidiana é ainda mais difícil identificar. 

O que se pode fazer é estar atento: eloquência, charme e bondade em demasia num momento inicial de relação pode ser um sinal amarelo, mas jamais devem constituir um diagnóstico de perversão. 



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