Paulo abriu os olhos com os primeiros raios de sol daquela manhã de sábado. Lavou o rosto. Vestiu abrigo e tênis. Preparou o café da manhã. Em seguida, saiu para fazer uma caminhada. O céu estava limpo e a temperatura amena. Tempo ideal para sair.

Ele é tão desastrado, que conseguiu o feito de quebrar três copos num espaço de 40 minutos desde que acordou. Talvez foi por isso que tropeçou em uma garrafa, a duas quadras do edifício onde morava. Olhou para trás, como quem queria culpar o objeto por quase cair.

A embalagem chamou a atenção dele. Era de sua bebida preferida. Só que nunca houvera visto aquela versão. Pegou para olhar. Parecia uma edição especial. Algo exclusivo, talvez. Quando foi dar uma limpada para ler melhor as informações, uma nuvem de fumaça saiu.

De repente, o entorno ficou todo branco. As árvores, as ruas e os carros sumiram. Estavam ali Paulo e uma figura azul estranha que se limpava, tossia e tentava espantar o nevoeiro. O jovem exclamou: “Não acredito! Tirei a sorte grande finalmente! Um gênio e os três desejos!”.

“Não é bem assim”, explicou o sábio. Paulo caiu na gargalhada. Jogou-se no chão de tanto rir. Ele percebeu que o gênio ficou sem entender nada, se recompôs e falou: “Não liga não! Tô rindo da minha desgraça. Até quando eu encontro um gênio a história não é bem essa”.

Então, o sábio explicou: “Sou um gênio diferente. Faço o diagnóstico do seu maior desejo. A partir daí, você tem duas opções: A) Uma quantia qualquer em dinheiro; B) Realizar o seu maior desejo. No entanto, se você escolher o dinheiro, seu maior desejo nunca se realizará”.

Paulo olhou para baixo e respirou fundo. O gênio deu o diagnóstico: “Vejo que o seu maior desejo é ser um escritor lido no mundo inteiro”. O jovem respondeu: “É isso mesmo. Mas tenho uma dúvida: se eu for um escritor assim, não é óbvio que vou ganhar muito dinheiro?”.

O sábio abriu um sorriso e afirmou: “Essa análise não faz parte do pacote. Você é quem deve chegar a essa conclusão sozinho”. “Outra coisa: se eu pedir o dinheiro, não terei condições de investir na minha carreira de escritor e atingir meu objetivo?”, perguntou Paulo.

Paciente, o gênio repetiu: “Conforme conversamos, a única certeza que você tem é que, se você optar pelo dinheiro, não será um escritor lido no mundo inteiro. Se você tentar, algo vai acontecer para impedir. Sua escolha é irrevogável. Então, pense bem”.

“Com todo o respeito, eu preferia o gênio do Aladdin”, brincou Paulo. “É meu primo. Metido pra caramba”, devolveu o sábio. E o jovem encerrou a discussão: “Minha decisão está tomada. Opção B, por favor”. O desejo foi devidamente realizado.


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