Desde criança eu tenho um herói: meu pai. Lembro-me que os meus olhos brilhavam quando eu o via consertando algum aparelho elétrico ou eletrônico tipo rádio, televisão, geladeira, motor de partida de carro, etc. Um dia estávamos ajudando na construção de uma casa de um parente e ele resolveu me ensinar algo sobre energia elétrica e me “obrigou” a realizar uma conexão de fios elétricos energizados, em cima de um telhado. Aquilo para mim foi horrível. O medo tomou conta naquele momento e eu comecei a chorar. Tinha apenas 12 anos. As opções eram: primeiro, descer e correr o risco de levar um puxão de orelha daqueles; segundo, enfrentar o medo e ver o que iria acontecer, mesmo correndo o risco de cair do telhado com um possível choque. A experiência deu certo. Não levei choque e aprendi mais uma lição.

Com coisas desse tipo aprendi a consertar aparelhos telefônicos e carrinhos de brinquedos.

Empolgado com esses conhecimentos me matriculei no curso Técnico em Eletrônica pela então Escola Técnica Federal, onde concluí o meu segundo grau. Estudava como um louco para aprender tudo sobre processadores e seu funcionamento. Quase fiquei louco. Nesse período descobri um talento em mim que consistia em ter facilidade de reunir pessoas, organizar eventos e liderar colegas em determinadas situações, principalmente quando o assunto era transferir a data de prova, onde necessitava de um bom argumento junto aos professores para conseguir o seu adiamento.

Já na graduação optei pelo curso de Tecnologia da Informação, onde aprendi sobre banco de dados, linguagem de programação, lógica, entre outros. Lá se foram mais alguns anos, e o dom de liderar pessoas também evoluiu.

Todo esse conhecimento me rendeu bons trabalhos e remuneração. Mas eu não me sentia realizado. Algo estava faltando. Ficar 8 horas diárias na frente de um computador, em uma sala onde o silencio deveria reinar, mesmo porque desenvolver software necessita de muita concentração, não me agradava. E o pior, no dia seguinte era a mesma coisa, semana após semana, mês após mês.

Meu pai e ninguém nunca me perguntaram sobre o que eu gostaria de fazer e o porquê. Minha referência era o meu herói e algumas pessoas que eu conhecia, mas essas pessoas não sabiam da minha existência.

Sempre fui uma pessoa de buscar informações com temas inovadores e nessas pesquisas encontrei algo que falava sobre Coaching e seus resultados. Foi amor à primeira vista. Nem fechei os olhos e já me apaixonei. No dia seguinte já estava atrás de capacitação, e, em novembro de 2014, fiz o meu primeiro curso: PCC – Professional Coach Certification pela Sociedade Latino Americana de Coaching – SLAC. Com isso um mundo novo e extraordinário se abriu e as oportunidades apareceram. E junto a elas voltaram a alegria e a felicidade de ter encontrado verdadeiramente um precioso tesouro. A realização agora anda comigo.

O que pesa nisso tudo é que, de certa forma, perdi um precioso tempo fazendo algo que não me dava prazer e, detalhe, o tempo não volta. Não culpo meu pai pois ele também não teve ninguém para orientá-lo.

A questão agora é o que posso fazer para que pais e filhos não cometam o mesmo erro que cometi. Imagine um adolescente entrando para uma faculdade de Direito, onde os pais gastam mais de R$ 1.500,00 ao mês, e no décimo mês o aluno descobre que não é isso o que ele quer? Só aí foram mais que R$ 15.000,00, considerando a matrícula. Conheço famílias que a filha passou por essa experiência três vezes por três anos consecutivos, até que descobriu que gostava mesmo era de cozinhar e só então cursou gastronomia e hoje tem o seu próprio negócio. Foram quase R$ 50.000,00, desconsiderando transporte, alimentação, livros e outros. E como dizia Milton Fredman(Prêmio Nobel de Economia 1976 – Chicago School of Economics ): “Não existe almoço grátis.” Isso quer dizer que alguém teve que pagar a conta. Na grande maioria das vezes quem paga a conta são os pais.

Agora imagine se nas escolas e instituições afins existissem Coach, com o objetivo de explorar as inúmeras possibilidades junto aos alunos e apoiar, através de perguntas, a descobrirem sua verdadeira vocação. E quanto aos pais, qual o impacto teria quanto ao recurso financeiro, emocional e temporal. Todo esse desgaste poderia ter sido evitado. Garanto que qualquer um que consiga enxergar isso dará crédito a essa metodologia que está revolucionando toda uma geração.

Hoje estou convicto que atuar junto a pessoas em busca de propósito, metas, sonhos e conquistas é o que me realiza. Faço isso por mim e por milhares de pessoas que vivem tristes por não se sentirem realizadas e estão perdendo um dos seus bens mais preciosos: O TEMPO.

Nunca irei me esquecer a frase de Edwin Locke: “As pessoas fracassam em chegar aonde querem porque não estão comprometidas pelos motivos certos”.



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