Tenho conversado muito com representantes comerciais e é nítido perceber como o mercado está apavorado com a situação do País. Histórias de calotes, de demissões e de prováveis falências se acumulam nas reuniões. A crise é o assunto do momento.

Viver isso era algo que o Brasil já não merecia mais, em minha avaliação. De qualquer forma, há uma visão que é consenso nas rodas de conversa: essa situação vai eliminar os mais fracos. Quem não se preparou na época das vacas gordas estará fora.

Será complicado sobreviver nos próximos dois anos. Porém, a empresa que passar bem por esse período de turbulência sairá fortalecida. A crise é a oportunidade ideal para investir na criatividade, em alternativas que possam dar mais retorno para o negócio.

Um recado importante para os empresários neste contexto é evitar ceder à tentação de cortar investimento em marketing e em treinamento. Afinal, fazer isso pode arrastar a companhia para o buraco e a intenção inicial, que era de se precaver, pode ter o efeito contrário.

Nesta hora, devemos identificar quem não está a sentir efeitos da crise e aprender com esses indivíduos. O que essas pessoas fazem de tão diferente? Precisamos nos cercar de exemplos inspiradores, que dão de ombros para a Bovespa ou para a taxa do dólar e seguem em frente.

Ouvi de um desses empresários a seguinte frase: “O Brasil não vai acabar. Eu sou otimista”. Houve tentativas (inconscientes, é claro) de destruir o País. Porém, ele resiste pelas mãos de gente empreendedora, que supera tantos pontos negativos para tocar um negócio.

Não quero parecer excessivamente competitivo ao usar a expressão “eliminar os fracos”. A questão é que não vai haver mais margem para picuinhas desnecessárias, para a falta de compromisso com a qualidade, para colocar em dúvida a inteligência do cliente.

Mesmo em época crise, o preço não é o único fator para a decisão de fechar um negócio. Itens como caprichar no atendimento e prazo de pagamento serão cada vez mais observados. As empresas mais flexíveis conquistarão confiança em tempos tão difíceis.

Esse é justamente um dos legados positivos que esse período de tensão pode deixar. Quando a oferta é maior que a demanda, a flexibilidade aparece e acordos importantes feitos neste contexto podem permanecer para o futuro. Um bom negociador precisa observar essa brecha.

Não. O Brasil não vai acabar. O que pode ter fim é a população de leões, já que cada brasileiro é obrigado a matar um por dia. Se bem que tem um leão que não morre nunca. É aquele do Imposto de Renda. Esse é tão imortal quanto a cobrança de pedágio.


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