O que nos leva a fazer coisas repetidamente e a tomar as mesmas atitudes durante nossas vidas? Outro dia estava indo a trabalho no sul da Bahia e comecei a prestar atenção em uma mãe interagindo com sua filha de no máximo três anos de idade. A criança estava entediada com a viagem longa de ônibus e começou a fazer coisas que estavam aborrecendo a mãe. 

Na verdade, a pequena criança estava mostrando através de ações como estava detestando aquela situação de estar presa por tanto tempo. A mãe, por sua vez, tratava a pequenina com frases do tipo: "Para de encher o saco", "Você só perturba" ou até mesmo "Toma vergonha na sua cara". O que a genitora não percebia era o quanto ela estava bombardeando a mente daquele ser com frases que provavelmente irão atrapalhar sua evolução intelectual e emocional.

Este exemplo retrata o número enorme de pessoas que precisam de ajuda psicológica para poderem seguir em frente na vida. Em uma simples analogia, paredões são construídos em nossa mente durante nossa existência, toda vez que ouvimos coisas como o que a criança ouviu: medos, angústias, incertezas, rejeições. Com o tempo temos um grande labirinto montado em nosso cérebro. O problema é que depois que nos encontramos dentro dele, como fazemos para sair?

Enquanto somos crianças nosso mapa mental é formado, e se labirintos como o que eu mencionei forem construídos, a tendência é de repetir o que nossos pais nos diziam.

Mas o que fazer? Ficar culpando nossos antepassados por nos dizerem coisas como o que a mãe dizia para a criança dentro do ônibus? Ou reagir em prol de si e dos filhos que virão no futuro?

A resposta parece óbvia porém não simples: reagir. E para que isso aconteça é necessário que se coloque foco no 'como estou hoje', ‘o que eu quero no futuro’ e os caminhos para eu chegar lá.

Como estou hoje?

"O meu estilo de vida me satisfaz? A forma como trato o outro é como eu gosto de ser tratado?"

"Estou feliz com os resultados obtidos na minha vida?"

"Se não estou feliz com minha vida hoje, seja pessoal ou profissional, então..."

O que eu quero?

"Tem relevância para mim esta mudança? Por quê?"

"Como seria minha vida se eu conseguisse mudar o que faço e como sou?"

"Se mudar é algo tão significante para mim, portanto..."

Como faço para chegar lá?

"Quem eu conheço que mudou e que pode me servir como fonte de inspiração?"

"Quais as etapas que preciso passar para obter meu objetivo?

Estas são algumas perguntas que se pode fazer para começar algumas mudanças, sempre do hoje para o futuro. E o passado? Bom, o passado que sirva de lição para nos policiar a não repetir os erros, pois uma segunda vez pode ser fatal.

Quem foca no passado se torna prisioneiro do mesmo. Vou ilustrar isso em uma parábola que ouvi outro dia: Certa vez dois monges receberam a missão de levar um recado a outro mosteiro. Um era novato e o outro já era monge veterano. A viagem era longa e a pé. Enquanto andavam, encontraram uma mulher que não conseguia cruzar um riacho. O monge novato, mesmo sabendo que as regras do monastério diziam que um monge não pode tocar uma mulher, a carregou no colo até o outro lado do rio.

Os dois continuaram a caminhada em silêncio. O monge novato percebeu que o outro estava magoado com sua atitude, e em respeito manteve-se em silêncio. Ao avistar o monastério, o monge veterano não aguentou e perguntou:

- Por que tu carregaste aquela mulher no colo? Não sabes que isso é contra nossas regras?

O novato o olhou nos olhos e respondeu:

- Eu larguei aquela mulher mais de dez horas atrás na outra margem e tu ainda a continuas carregando em tua mente?

E assim é para quem guarda o passado na mente, rancores e mágoas são inutilmente guardados enquanto perde-se a grande oportunidade de caminhar em frente.

Refletir sobre a vida, nossos atos e suas consequências são coisas que devemos fazer sempre para que a eterna criança que existe dentro de nós se mantenha cada vez mais de cabeça erguida para encarar a vida.

Sucesso a todos!

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