Tenho 28 anos de idade, e carrego em mim a história de muitas pessoas, além da minha. Em vários dias saio de casa em busca de sonhos, objetivos ou simplesmente espairecer as ideias. me questiono todos os dias o que posso fazer para me tornar inesquecível, a resposta é sempre a mesma:
"seja o melhor que puder para o mundo a sua volta!"

Sei que parece impossível agradar a todos, e de fato o é, porém existe algo que as pessoas precisam aprender sobre ser melhor para todos. Às vezes você ser o melhor, não quer dizer que todos se agradarão de você, mas que mesmo os que não se agradarem de você, serão obrigados a reconhecer o que você faz de bom e melhor.

Me lembrei hoje de certa vez em que eu saia do colégio em que estudei o ensino médio, vi alguns moradores de rua sentados me observando, isso decorreu por alguns dias. Certo dia quando sai do colégio e me direcionava a lanchonete onde almoçava antes de ir para outro colégio que estudava a tarde, um deles se aproximou e me perguntou:

-Meu filho tem fome, poderia pagar um salgado a ele?

Não hesitei e disse que ele, sua esposa e filho se sentassem comigo e comessem o que quisessem. Educadamente eles pediram um salgado cada e uma jarra de suco, o menininho ao terminar ficou olhando uns bolos que estavam ali expostos no frigobar. Eu entrei e pedi que ele escolhesse o que ele quisesse. Ele escolheu o de morango sentou-se e comeu.

Essa cena se repetiu vários outros dias, até que uns meses depois eles sumiram. Nunca mais os vi, fiquei me questionando que futuro teria aquela criança e onde andariam seus pais. os três me chamavam de paizão na época e meu coração sempre se partia quando eu imaginava coisas que poderiam ter acontecido com eles. Com o tempo, a dona do estabelecimento deixava de cobrar certa parte do que eu pagava para eles, e quando eles sumiram dali nós nos olhávamos com certo gosto de dúvida e tristeza, foram mais de 5 meses almoçando juntos e agora eles haviam ido embora. Comecei a não ter mais fome quando sentava naquela mesa.

Hoje passei em frente ao mesmo lugar que ainda é uma lanchonete, agora maior, decidi entrar e pedir um suco enquanto pensava no que poderia ter acontecido com aquela família.

Pedi o suco e ouvi uma voz de mulher dizendo:

-Filho, aquele é o paizão lembra dele?

O garotinho agora é um rapaz, a mãe cuida da casa e o marido um vendedor de uma empresa. Ela me disse que durante estes anos sempre se questionava de que rumo eu teria tomado, que sentia por terem se mudado a uma casa sem ter se despedido, e quando a dona do estabelecimento nos viu sentados ali, ela nos reconheceu, agora já um pouco mais experiente em sua idade e vida ela abriu um sorriso, seus olhos como os meus se encheram de lágrimas. Acontece que faziam anos que toda vez que eles iam ao centro, o garotinho sempre pedia o mesmo bolo de morango, mas agora arrumados, banhados, de cabelos cortados e bem vestidos a dona do lugar não os reconhecia.

Muitos dias de nossas vidas encontramos pessoas que tem tudo, que assumem ter tudo, não lhes faltar nada, porém um vazio toma conta de seus corações quando estão sozinhas. Qual é o legado que seus passos deixam neste mundo? Hoje eu vi que o meu legado é construído por simplicidade e humildade, minha consciência é tranquila, mesmo que às vezes o desespero e a solidão possam bater, eu nunca vou me esquecer desse dia, daqueles olhares, antes oprimidos, agora felizes, incrusto em sua singeleza a gratidão, e nos meus a emoção e também a gratidão.

Nessa curta vida aprendi que a gratidão vem de vários fatores, um deles é a consciência limpa para poder descansar a noite e entender que os sonhos de ninguém devem ser renegados ou desprezados. Se em seu coração falta algo hoje, se olhe, veja suas qualidades e questione, o que te falta para ser humano? O que pode ser feito para te tornar mais agradável e permitir ser inesquecível para o mundo?



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