Algumas de minhas palestras contam com um slide cujo título é “Acordos maravilhosos”. O conteúdo diz o seguinte: “Pedras no sapato não fecham acordos maravilhosos e não conseguem manter clientes. Pelo contrário: causam repulsa”.

Todo profissional tem momentos de extrema correria. Quando isso acontece, fica ainda mais complicado receber representantes interessados em apresentar produtos ou serviços. Certa vez, passei por um desses períodos e, mesmo assim, uma pessoa foi insistente.

As tentativas de marcar uma reunião foram tantas que resolvi ceder. Afinal, é preciso ter respeito por quem quer trabalhar para ganhar o pão de cada dia. Então, apesar de não ser o momento, informei dia e horário do encontro. Marquei para as 11 horas da manhã.

O horário escolhido foi estratégico. Poderia render bem até o final da manhã e conversaria com o representante até a hora do almoço. Depois, iria retomar o raciocínio no começo da tarde e colocar as coisas em dia até o encerramento do expediente.

Conversamos até as 11h50min. Apertamos as mãos e respirei aliviado, com a sensação de que aquela visita era página virada. Precisava do horário do meio-dia para relaxar e voltar renovado. Eis que o cidadão, que já estava na porta, se virou e perguntou: vai almoçar aonde? Não consegui dizer não. Diante disso, uma reunião de 50 minutos se transformou num aluguel de duas horas e meia. É preciso ter bom senso.

Certa vez, um vendedor me ligou, ofereceu algo e disse: “É que vendedor vive de venda. Estou motivado”.Respondi para ele que eu vivia da empresa que estava a representar. Portanto, para vender para mim, seria preciso resolver os nossos problemas e não os dele. Parece rude, mas é uma realidade que muitos profissionais não conseguem observar.

Uma outra executiva comercial me ligou, perguntei como ela estava e ouvi a seguinte resposta: “Estou bem. Sabe como é né? Final de mês, metas pra bater...”. Sinceramente, essa está longe de ser uma boa estratégia para conquistar novos clientes.

O campeão de todos foi um representante que me encontrou por acaso durante um dos meus maiores prazeres: o café do sábado de manhã. Por algumas horas, só queria me preocupar com o pastel, o bolinho de carne, a maionese caseira e o café com leite.

Não foi o que ocorreu. Ele puxou a cadeira e fui forçado a participar de uma reunião. O slide que aborda esse assunto se chamava “Evite ser inconveniente”. Mudei para uma frase menos polêmica. Só que é inegável: o título anterior era bem melhor.


Informamos que esse texto é de inteira responsabilidade do autor identificado abaixo.