Em nosso artigo anterior (Edição, 11/02/2016), onde abordamos “educação profissional em debate”, voltamos à tona neste momento o mesmo tema buscando respostas ou pelo menos o encaminhamento de algumas, face a realidade lá mostrada e ante a perspectiva de ampliação dessa rede de ensino já considerando, além dos valores lá citados e previstos para 2016, a criação do IEMA, cujo ensino, além de compreender a formação do tradicional ensino médio também habilita o egresso como um profissional técnico, a chamada formação simultânea ou integrada. E com o IEMA mais egressos no mercado.

Nesse contexto, ao tempo em que somos envolvidos pelo entusiasmo ante a possibilidade de qualificar um maior numero de jovens, ensejando-lhes uma profissão e a oportunidade, de sua alocação, o mais rápido possível, no mercado de trabalho, não podemos, todavia, como egresso desse nível de ensino, professor e ainda estudioso desse processo de formação, deixar de externar a nossa preocupação. Não só com o maior número de egressos, mas com uma possível má dosagem de conteúdos técnicos na composição da competência curricular desse ensino integrado o que resultaria na formação de profissionais (técnicos) sem o conhecimento necessário e por conseqüência sem o perfil exigido pelo mercado, aumentando assim o quantitativo de profissionais lançados, engrossando as estatísticas do desemprego, sub-emprego ou do chamado desvio ocupacional. Acreditamos fortemente que os técnicos/pedagogos que planejam a operacionalização do IEMA, na questão das habilidades preocuparam-se, também, com a vida pós ambiente escolar, garantindo-lhes condições, em forma de conhecimentos, de buscar seus espaços.

Associados aos dados e questões suscitadas naquele artigo e que segundo os especialistas (educadores, técnicos, etc.) são as grandes responsáveis pela mão de obra fora do mercado de trabalho e consequentemente pelos postos de trabalhos não ocupados: Falta ou mesmo escassez de mão de obra qualificada, decorrente do baixo índice de escolaridade já na educação básica, justificando os 52% resultado da pesquisa CNI/SP e ainda a afirmação do SINE-UBERLANDIA/MG, dentre outros, ainda no artigo anterior, destacamos, como um dos vilões no contexto de formação do técnico, por ser responsável, através dos seus quadros de pedagogos, etc, pela elaboração/composição das competências dos diversos cursos, as escolas da rede do ensino técnico. Não há como isentá-las, sobretudo pela dimensão dessa responsabilidade. No entanto, nesse trabalho que nos propomos desenvolver pela melhoria desse nível de ensino, através de um grande debate, alencamos, nesta ocasião, outros fatores que, pelas suas especificidades, contribuem para a problemática que vive o ensino profissionalizante.

Enumerando esses fatores iniciamos pelo conteúdo das competências (já citado), podem estar carecendo de uma revisão, buscando-se uma melhor composição, por exemplo, face a um mercado exigente. Outro fator que cabe citar é a falta de vocação de ingressante num curso técnico, por falta de uma orientação vocacional - escolheu um curso com qual não se identificou. Um outro é o lançamento de cursos, por parte das escolas, que não atendem às necessidades ou tendências do mercado - seus egressos, certamente, vão ter dificuldade em serem absolvidos por esse mercado. Por fim, o fator tido pelos especialistas como o de maior influencia na busca exitosa do técnico por espaço. Refere-se ao seu perfil profissional: Saber trabalhar em equipe; Ser flexível, aberto ao debate; Conhecer, com fluência, pelo menos um idioma, além do pátrio; Ser proativo; Ter domínio sobre os principais aplicativos de TI. Saber desenvolver e operar sua autoestima/ autoimagem, etc.

É imperativo, se de fato buscamos um ensino profissionalizante de qualidade com a preparação de bons profissionais e que o mercado possa de fato absorve-los, temos que ter a consciência de que as instituições de ensino não se preocupem só em ofertar mais vagas mas tanto quanto dar mais qualidade ao conteúdo das competências curriculares de seus cursos, que pesquisem tendências do mercado sobre quais profissionais precisam, etc. Que também, os técnicos do MEC sejam mais sensíveis no trato com esse nível de ensino, ouvindo mais os segmentos envolvidos quando da implementação/adoção de suas reformas. São milhões de recursos financeiros gastos e milhares de pessoas (jovens) em busca de um futuro melhor. Enquanto isso continuaremos fomentando o debate. 

 

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