Filha de comerciantes, cresci vendo os meus pais comercializarem produtos. Meu pai cerialista, vendia cereais para atacado. De origem simples, sempre me ensinou o valor da vida e que para se conseguir algo teria de trabalhar muito. Minha mãe, minha primeira fonte de inspiração, sempre trabalhou por conta própria, começou no ramo de confecções, onde eu observava a maneira que ela atendia sua clientela. Quando criança na escola, eu já possuía o despertar sobre economia, venda e troca de produtos. Na hora do lanche, chegava a gerenciar trocas de brinquedos por chocolates, vendia miniaturas de cosméticos nos quais minha mãe era promotora, chegando a vender os produtos aos pais dos alunos e vizinhos da rua onde morava. Com o tempo, as brincadeiras de rua sempre foram oportunidades para mim. Por ser o horário em que se concentrava mais amigos meus, os convidava para ir até minha casa no período em que funcionava uma sorveteria, e quando via resistência, levava em um isopor picolés de diferentes sabores para vender e evitar que meus amigos se deslocassem para outras sorveterias, transformando em uma verdadeira festa os intervalos de nossas brincadeiras que, muitas vezes, eu promovia para atrair público (cinema, teatro e dança na calçada).

O tempo foi passando, e eu queria muito trabalhar, ter o meu negócio, o que não era possível em virtude de minha pouca idade na época.

Como sempre gostei do meio ambiente, na adolescência encontrei uma maneira ecologicamente correta para empreender. Passei a juntar garrafas pet para vender em cooperativas de reciclagem. Meu pai achava bonita minha atitude e contribuía na coleta. Juntava com o meu pai, que me ajudava nas negociações. Cada garrafa custava R$ 0,3 e fazia a diferença quando recebia o meu pagamento em moedas, pois tudo era depositado em meu cofre.

Tempos mais tarde aprendi a fazer bijouterias e artesanatos (pinturas em vasos, camisetas) para vender entre minhas amigas.

O tempo foi passando e no período de meu 1º ano do ensino médio, aos 13 anos, consegui o meu primeiro trabalho. Eu consegui passar em uma seleção na Escola Técnica de Saúde de Cajazeiras – Campus-UFCG para trabalhar como bolsista no período de 6 meses. Consegui trabalhar com pessoas em que eu admirava, servindo de espelho para eu que desde criança queria ter o meu próprio dinheiro. Ganhava R$ 140,00 ao mês, consegui juntar todo o meu dinheiro em uma poupança. Eu guardava o que ganhava e gastava a partir de um planejamento mensal o que o meu pai me dava para os lanches da escola. Aos 13 anos consegui dar o meu primeiro presente mais caro para minha mãe, e guardei o restante na poupança, já que a ideia de economia sempre foi embutida em minha vida por “cofrinhos cheios de moedas” incentivados pelo meu pai.

Aos 17 anos cheguei muito perto de uma experiência do mundo corporativo, quando realizei uma inscrição para participar de uma seleção da Data Corporation, uma empresa que havia realizado uma parceria temporariamente com o SEBRAE de minha cidade. Animada, cheguei a sede do SEBRAE, e por minutos de atraso não consegui entrar em sala. Saindo decepcionada, retornei para casa triste, pois sonhava com a vaga de auxiliar daquela empresa. No dia seguinte, o telefone toca, era o gerente da Data Corporation me convidando para mais uma chance, já que ele observou que eu não havia chegado a tempo no primeiro dia. Na sala, havia uma banca de avaliadores da empresa, e na plateia, interessados a vaga de gerente e auxiliar para venderem um produto. Perguntaram: “quem quer vir?”. Eu demonstrei confiança, mais com o meu coração na garganta levantei a mão e me dirigi ao centro da sala. O dono da empresa disse: “eu vou para de trás da porta e faremos uma simulação. Você terá de me vender um curso de eletricista”. Naquele momento pedi forças ao meu anjo da guarda, confusa, lembrava que não sabia nada sobre o assunto, nem lembrava das aulas de física para falar um pouco sobre eletricidade. Segurando o nervosismo fiquei posta na posição que a banca examinadora me avaliaria. Segundos depois o dono da Data Corporation se dirigiu até mim e perguntou: “Olá, quem é você?” (simulando um aluno ou um curioso interessado). Eu estendi minha mão e respondi: “Olá, eu sou a pessoa que vai mudar a sua vida”. O dono da empresa apertou a minha mão e respondeu: “Parabéns, já temos a gerente. Sente-se junto com os avaliadores, você buscará conosco a sua auxiliar”. Naquele momento, foi um dos momentos mais felizes de uma garota que queria tanto trabalhar, e que não pensava que chegaria a ser gerente. Eu sai muito feliz, com um emprego firme e salário bom de R$ 800,00.

Com minha experiência de trabalho, fui convidada a palestrar e oferecer consultoria para empresas como: Grupo Decorarte, Criare, Cooperativa Cervarp, Fábrica Sabor do Vale, Cajazeiras Shopping e Supermercado Araújo, Odontoimagem, Grupo Eletro Sorte, entre outros. Também estudei Etiqueta e Consultoria em Imagem para realizar com segurança abertura de eventos como Mestre de Cerimônia para pagar cursos e faculdade.

O trabalho foi ganhando forma, os funcionários mereciam alguma motivação, e foi então que eu criei um novo projeto, Cartão Vip do Funcionário. Quem possuía este Cartão Vip tinha direito a descontos em várias empresas, e meu trabalho foi difundido cada vez mais na motivação com os Recursos Humanos.

Comecei a fazer projetos publicitários no comércio e observei que tinha jeito em criações no segmento de marketing. Como não tinha faculdade em Marketing e Publicidade em Cajazeiras, cheguei a passar em Direito, mas não cursei. O meu primeiro curso foi Serviço Social, já que em paralelo ao mundo corporativo eu sonhava com uma consultoria de projetos sociais e a vontade de assinar os meus próprios projetos era alimentado por uma criação de uma ONG de animais abandonados, minha paixão desde criança. Sou pesquisadora nas áreas de gestão, intersetorialidade e categoria trabalho. Atualmente estou concluindo o meu curso superior em Marketing, que me proporciona aprendizado de técnicas para aplicação no mundo corporativo.

Sempre gostei de estudar, e sempre fui questionada a todo momento porque não investia em concursos, mas a minha resposta era acompanhada sobre o medo de minha criatividade não ser posta em prática, já que um concurso seria trabalhar em um determinado setor sem que eu não pudesse ter a liberdade de criar o que eu desejaria.

Conforme o tempo foi passando, percebi que a cidade precisava de mais projetos na área de Marketing e criei o Tv Inteligente – Você na Tv todo dia, onde os meus clientes são expostos nos lugares de maior fluxo de pessoas prestando atenção e bem acomodadas. As publicidades expostas em televisores chamam atenção do público, traduzindo ilustrações criativas. Esse projeto funciona há quase cinco anos, e ganhou credibilidade no quesito empresarial da cidade, pois quem anuncia tem retorno garantido. A procura por projetos dessa qualidade e zelo, fez com que eu criasse a Revista Cajazeiras em Foco, projeto inovador, já que na região nunca havia sido exposto um informativo que revelasse histórias de vida dos empreendedores e campanhas publicitárias, removendo o rótulo “propagandista”. A revista possui caráter social e cultural, enfatizando informações relevantes sobre a área da saúde, contribuindo para a leitura da população com venda proibida, pois sua distribuição é gratuita. Quando havia um concorrente suspeito, eu sempre estudava uma maneira do meu trabalho ser visto de forma diferenciada, e aquela concorrência passava a não existir mais. Pessoas com dinheiro chegavam a mudar de segmento por falta de criatividade, mas eu com minha criatividade, venci.No meio da publicidade, as pessoas entendem que vender um produto está ligando a ‘pedir patrocínios’ e não, essa não é a lógica. Nos meus projetos as pessoas são convidadas a participar.Não se pede nada a ninguém, se convida. Atingimos uma qualidade e reconhecimento que quem participa possui quesitos favoráveis de retorno e marketing aplicado. Eu cuido do meu cliente como se a empresa fosse minha. Cuidamos de tudo, desde o funcionário até a qualidade do produto vendido. Realizo pesquisa de mercado, marketing em mídias sociais que eu mesmo acompanho para ter certeza de que meu cliente continuará satisfeito. Reuniões de motivações são realizadas, criando um laço continuo e feedback do mercado de trabalho de cada um.Busco fidelização através de brindes criativos e úteis, que distribuo periodicamente. Os papeis que utilizo, trituro (em minha própria casa) facilitando a coleta seletiva. Os meus instrumentos de satisfação do cliente são registrados no computador, assim como o meu planejamento financeiro, diminuindo a utilização de papel. A minha produção de papel diminuiu em virtude do aumento das publicidades virtuais, poupando mais papel, preservando mais o meio ambiente.

O tempo passou, e hoje além de trabalhar com empresas, respondo pelo Núcleo de Ações Estratégicas do HRC, Serviço Social UPA, Revista Cajazeiras em Foco e Tv Inteligente, com desejos de ampliar meus projetos para outro Estado.

Nem sempre se ganha no mundo corporativo, mas quando a mulher possui fibra ela vence seus concorrentes com delicadeza e sabedoria. Quando somos de origem simples o pouco vira muito, e sempre mantemos o pé no chão sem investir tudo, mas o necessário. Toda mulher sabe a hora de silenciar, mas saber silenciar em uma empresa é observar com calma as possibilidades para não realizarmos aplicações em momentos errados. Vivemos em um momento em que as mulheres não investem somente na beleza, mas na sua inteligência e independência. Todo investimento é um risco, mas só podemos avançar se formos ousados. Algo que minha mãe sempre me fala: “você está colhendo o que plantou”. Eu agradeço a Deus todos os dias, aos 25 anos conquistei muito. Sou grata ao SEBRAE que mudou a minha vida gerando o caráter que tanto sonhei, a minha formalidade, investindo em mim sempre!



Informamos que esse texto é de inteira responsabilidade da autora identificada abaixo.