A mudança de comportamento pode ser uma das realizações mais significativas que um profissional pode experimentar. Para o líder e para o colaborador, a matéria é de grande importância visto que a máxima “contrata-se por conhecimento, despede-se por comportamento” continua em vigor nas corporações.

Mudar não é tarefa fácil, requer foco, disciplina, dedicação e, muitas vezes, temos de lidar com a reação negativa de pessoas próximas a nós. Se você já realizou uma mudança de comportamento pode ter passado por isso: chefes, equipe, colegas; cônjuges e familiares podem estranhar, criticar e até nos desencorajar - por duvidar da nossa capacidade ou por mero sentimento de proteção. Mas fato é, contar com apoio durante um processo de mudança é de grande valia.

Marshall Goldsmith, uma unanimidade em comportamento para líderes, defende que a variável-chave para uma mudança bem-sucedida não é o coach, professor ou orientador, mas sim, o próprio cliente e seus colegas de trabalho. O autor assevera: “...passo a maior parte do tempo não com o coachee, mas com os stakeholders ao seu redor. Meu foco é ajudar os clientes a aprenderem com os que os cercam. Ao fazer isso, os resultados dos clientes melhoram de forma ainda mais surpreendente”.

Stakeholder é um termo criado pelo filósofo Robert Edward Freeman e se refere a grupos que sem seu apoio a organização deixaria de existir. Sumariamente, podemos dizer que stakeholders são partes interessadas – pessoas ou organizações que podem ser afetadas pelos projetos e processos de uma empresa.

No âmbito das metas individuais pode-se aplicar a analogia quando o coachee, ao buscar seu desenvolvimento, necessita do apoio de pessoas que tenham interesse ou que possam ser afetadas de alguma forma com a mudança pretendida. Tal como pares, equipe, liderados e superiores, ou, cônjuges, amigos e familiares.

Este apoio ocorre a partir do momento em que o coachee entende quais são as necessidades e as visões que essas pessoas têm sobre seu comportamento, atual e pretendido. Na prática, este entendimento pode ser proporcionado, por exemplo, através de Análises 360º e sessões de feedback.

A razão de eu estar aqui escrevendo sobre este assunto é que, nos dias atuais, onde se fala muito sobre desenvolvimento de capacidades e competências, dias onde o coaching cresce cada vez mais, algumas pessoas tendem a voltar os olhos para si, para suas necessidades e tropeçam no esquecimento de que, ao servir, crescemos como pessoas e profissionais, o que pode ser fator de melhoria em nossos grupos e ambientes (particulares ou laborais).

Sendo assim, segue abaixo 4 maneiras de você apoiar um processo de mudança:

1º. Abandonando o passado.

Segundo o autor, mencionar o passado repetidamente desmotiva àqueles que estão tentando mudar.

“O que aconteceu no passado já aconteceu, não pode ser alterado. Ao focar num futuro que pode ser melhor – em oposição ao passado, que não pode -, os stakeholders ajudam o cliente a progredir.”

2º. Sendo útil e solidário, em vez de cético, sarcástico ou crítico.

Goldsmith afirma que se as pessoas recorrem aos stakeholders em busca de apoio e sentem punidos por tentarem melhorar, geralmente desistem. Do contrário, se os próximos forem úteis e solidários, a experiência aumenta a motivação e a probabilidade de progresso.

3º. Dizendo a verdade.

Ouvir um parecer falso por parte dos stakeholders “Não seria justo com o coachee, com a empresa e nem comigo”, assevera o autor.

4º. Elegendo um ponto fraco próprio para aprimorar.

Aqui vê-se um reflexo do item anterior. É preciso sinceridade por parte de quem pretende a mudança para que seus próximos topem e, assim, disponibilizem uma via de mão dupla. Um conta com o apoio do outro para aprimorar seu ponto fraco, pedindo sugestões. “Dessa forma o processo se torna inteiramente de mão dupla, o que ajuda os stakeholders a agirem como ‘companheiros de jornada’ tentando progredir, não como ‘juízes’, apontando o dedo para o coachee”, afirma Goldsmith.

Seja você líder, liderado ou par, esteja no mundo corporativo ou não, você pode apoiar (e se beneficiar de) um processo de mudança, em prol de um bem maior. Você não precisa de um cargo, título ou qualquer outra coisa para se comportar como um líder, servir, e gerar valor ao ambiente a sua volta.

Na pior das hipóteses, você verá que evoluiu o suficiente para que aquele cenário não seja mais “bom o bastante” para você.



Informamos que esse texto é de inteira responsabilidade do autor identificado abaixo.