A ACL (Abordagem Centrada no Aluno) é uma técnica desenvolvida e defendida pelo psicólogo americano Carl Rogers. Essa abordagem ajuda o professor coach a ter uma escuta ativa e perceptiva de sentimentos e motivações que não foram expressas de forma clara pelo aluno. É utilizada com os critérios de empatia, escuta ativa, acolhimento, não julgamento, não aconselhamento e respeito, valores que todo professor coach deve possuir.

É bom lembrar que coaching não é terapia. Um processo de coaching pode sim ajudar uma pessoa a resolver determinados assuntos de forma semelhante a um processo terapêutico, porém, um processo terapêutico é feito por profissionais preparados da área em que atuam.

Com a utilização da ACL, que visa o maior entendimento dos sentimentos e emoções expressadas pelo cliente aluno, em conjunto com a metodologia de coaching, que utiliza perguntas que levam o coachee aluno a compromete-se consigo mesmo em busca de resultados eficazes, pode transformar o processo inteiro de ensino e aprendizagem em mais satisfatório entre as partes e com um alto desempenho.

A importância desta pesquisa permitirá o acesso melhor sobre as ferramentas de coaching que podem ser utilizadas no processo de ensino e aprendizagem. Também facilitará a reflexão e entendimento de como utilizar a ACL – Abordagem Centrada no Aluno de forma eficaz e interativa. Desta forma, essa pesquisa tem como objetivo geral: Identificar os principais benefícios da ACL – Abordagem Centrada no Aluno e das ferramentas de Coaching para os alunos de nível superior; e, como objetivo específico: Identificar as principais ferramentas utilizadas e suas formas de aplicação.

FERRAMENTAS DE COACHING E CIÊNCIAS APLICADAS AO PROCESSO
Sulivan França, presidente da SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching, afirma que o coach: “É um processo com foco 100% em solução, visa apoiar a pessoa que busca um desenvolvimento seja, com foco pessoal ou profissional”.

As Ciências e Metodologias Aplicadas ao Coaching são: Construtivismo; Psicologia Organizacional; Psicologia Social; Psicologia Humanista; Psicologia do Esporte; Psicologia Clínica; Psicologia do Desenvolvimento; PNL - Programação Neurolinguística; Hipnologia e hipnose/hipnoterapia; Neurociência – Cognitivo Comportamental; Behaviorismo; Teoria Psicodinâmica; Logo terapia (“logos” – sentido -Vida); Leis de Aprendizagem; Teoria do Sistema (Administração e Estratégia).

O processo de coaching utiliza vários gráficos e questionários que pelos profissionais são chamados de ferramentas. Estas são utilizadas em grupo, sala de aula ou individualmente com objetivo de identificar qualidades, recursos internos e externos que podem ser potencializados em benefício do discente, levando ao autoconhecimento, autodesenvolvimento e alcance de objetivos específicos.

A business coach Fabiane Kesseler, em uma entrevista para o periódico Jornal da Comunidade Brasília-DF de 26 de a 02 de maio de 2014, descreve: “O coach, profissional que conduz o coaching, orienta a pessoa a sair do seu estado atual para chegar ao seu estado desejado, retirando os impedimentos que, muitas vezes, ela mesma cria”. Segundo Nina neste mesmo periódico: “Através do coaching, descobre-se a autosabotagem e seus motivos”. Isso significa que através do processo autoconhecimento o aluno pode identificar o que o está impedindo de crescer e atingir os seus objetivos e metas, que por vezes são consideradas: atitudes sabotadoras geradas e praticadas no próprio ser.

O processo de coaching se utiliza de perguntas que são chamadas de estratégicas e cirúrgicas que provocam o cliente, no estudo em questão o aluno, a refletir sobre suas ações e encontrar o seu próprio caminho fazendo uso de processo de gestão e planejamento.

ACOLHIMENTO
Deste ponto em diante falaremos das técnicas utilizadas na ACL – Abordagem Centrada no Aluno e de que forma é desenvolvida em suas características mais expressivas para o assunto em questão.
O acolhimento leva a uma percepção melhor de que o professor está interessado no desempenho do seu aluno que é acolhido a partir do primeiro contato em sala de aula. Esta abordagem é o momento em que se pode estabelecer uma comunicação sem bloqueios, ruídos ou filtragens.

Para que haja uma comunicação eficaz é necessário que, as informações sejam transmitidas de forma clara pelo emissor e recebidos da mesma forma pelo receptor, produzindo assim a compreensão desejada pelo emissor.

Brassi (2008, p.11) afirma que: “A importância da comunicação entre os seres humanos é traduzida claramente pelos conflitos ocasionados por sua falta. Todo o problema enfrentado nos relacionamentos pessoais e profissionais se dá pela falta de uma comunicação eficaz”.

EMPATIA
A empatia se define pela capacidade de se colocar no lugar do outro, ou seja, sentir o que o outro está sentindo, “vê com os olhos do outro” como se realmente estivesse no lugar dele e passando pelas mesmas situações sejam elas de extrema alegria ou extrema tristeza.

É importante ressaltar que por inúmeras vezes observam-se professores carregando “fardos pesados” por não saberem como lidar com a empatia de forma equilibrada. O problema ou sentimentos sempre será do outro e não do profissional empático. Interessante identificar formas de empatia sem indiferença e empatia sem absorção essa atitude gera confiança e abertura para o desenvolvimento, entendimento e, por fim, crescimento do aluno e do professor coach em atingirem seus objetivos.

ESCUTA ATIVA
Outra característica muito importante para o ensino e aprendizagem é a escuta ativa. Quem nunca participou de uma conversa em que o receptor parece que está em “outro mundo”? Ou divagando em pensamentos? E não prestando atenção ao que o emissor está tentando transmitir? Essa experiência é muito desagradável, principalmente quando o emissor faz uma pergunta do tipo: - Então o que acha do que acabo de falar? E o receptor disfarça e pede para que o emissor repita o que disse anteriormente.

A escuta ativa é o ato de ouvir de forma profunda, interessada e acompanhando cada palavra expressa pelo aluno. É ouvir o que “não foi dito”, “ler o que não foi escrito” e “perceber o não perceptível”, devolvendo o conteúdo expresso em forma de reflexo para o aluno. Dessa forma o aluno percebe que o professor coachestá acompanhando-o e isso pode produzir mais insights e comprometimento da parte do discente.
Portanto é imprescindível que o professor coach tenha uma escuta ativa, ou seja, saber ouvir e compreender os desejos do discente e ainda surpreender as suas expectativas de ouvir e compreender o que o ele não disse, prestando atenção nas entrelinhas da conversa, no tom de voz e nos sinais não verbais.

Neste particular Bernabeu (2008, p. 55-56) registrou que:

De nada adianta usarmos todas as técnicas da comunicação colaborativa, fazermos perguntas e ajustarmos nossa linguagem não-verbal, se não ouvimos ou prestamos atenção no que a outra parte nos diz. O segredo para prestar atenção consiste em nos interessarmos verdadeiramente pela outra pessoa (citado por CARNEGIE, 2005), deixando a mente aberta para ouvir e eliminando os diálogos internos. Agindo assim, não teremos que nos preocupar com a nossa linguagem não-verbal. Estaremos olhando nos olhos da outra pessoa com naturalidade, nosso corpo estará voltado para ela e as expressões faciais serão coerentes com o assunto em pauta. Uma atenção genuína, a base da audição ativa, exige paciência e auto-controle. Ao invés de reagir aos argumentos ou à maneira como a pessoa se expressa, devemos nos concentrar no significado do que é dito, do que é omitido, na linguagem corporal da outra pessoa e em seu tom de voz. A audição é ativa porque além de dedicarmos atenção à outra parte, também interagimos com ela, fazendo perguntas que nos permitem compreender seu modelo mental e estimulando-a a ser mais precisa e específica. As perguntas também servem para confirmar se o que entendemos foi o que a outra pessoa quis dizer. Se o assunto for complexo e tivermos dificuldade para guardar todas as informações, é só tomar nota. O simples ato de registrar o que é dito serve tanto como ferramenta para lembrar a conversa como para demonstrar nosso interesse pelo assunto.

Diante disso observa-se que a escuta ativa é um instrumento indispensável para a o ensino e aprendizagem, sendo utilizada como mecanismo de interação, gestão de conflitos, alinhados a empatia e aceitação incondicional.

ACEITAÇÃO INCONDICIONAL – NÃO JULGAMENTO E NÃO ACONSELHAMENTO
O não julgamento e não aconselhamento são essenciais para que o professor coach não interfira nas decisões do discente e nem se demonstre insatisfeito com suas escolhas pessoais, que na visão do aluno é o que ele percebe de acordo com o momento. Isso é demonstrar respeito para com o aluno. É sabido que em sala de aula em algumas situações, faz parte do procedimento de ensino, o direcionamento das tarefas, conversas ou conflitos. O que se aborda neste momento é a interferência nas decisões pessoais do discente, neste campo o professor coach se exima de tomar partido, aconselhar ou direcionar de forma enfática e “desrespeitosa” a decisão do aluno.

O método de aconselhamento não-diretivo e descrito por Scheeffer (1981, p. 25) da seguinte forma: “A principal função do orientador não é inculcar a autocompreensão ao cliente, mas criar, durante a entrevista, uma atmosfera favorável para que o cliente atinja, ele próprio, esse autoconhecimento”.

REFLEXO DE CONTEÚDO, DE SENTIMENTO E CLARIFICAÇÃO
O reflexo de sentimento é uma forma de reiteração, ou seja, retorno ou feedback sem direcionamento, sugestão ou correção.

Esse procedimento é utilizado em diálogos mais profundos de abordagem centrada no aluno, o reflexo é feito sempre focalizando no conteúdo expresso. É a forma de repetir com outras palavras tudo ou parte do que o discente disse sem fazer comentários diretivos ou críticos. É a forma de resumir, de expressar como o professor coach entendeu o que o discente disse. Já o reflexo de sentimento se dá de maneira similar, porém, com o foco no sentimento expresso. O resumo é feito relatando os sentimentos observados pelo ouvinte.

Clarificar ou elucidar é a maneira de expressar verbalmente o que se entendeu com o conteúdo e sentimentos expressos pelo discente sem críticas, sugestões ou aconselhamentos.
Uma técnica de coaching que se assemelha aos reflexos de conteúdo, de sentimento e a clarificação é o chamado “rapport” de acordo com França (2013, p. 21):

O “rapport” é uma harmonia na comunicação, permitindo que você encontre a outra pessoa no modelo que ela tem do mundo. Quando estabelecido, é uma dança na qual duas pessoas espelham seu comportamento verbal e não-verbal. Para obter o “rapport” você pode espelhar qualquer parte do comportamento da outra pessoa, ajustando seu comportamento verbal e não verbal para se mover junto com ela, fazendo tudo isso com discrição, elegância e sutileza, para não penetrar na consciência da outra pessoa. O “rapport” permite que você crie uma ponte até o outro, estabelecendo contato e maior nível de compreensão.

Outra técnica descrita por Sulivan França (2013. p. 23) que se assemelha aos procedimentos descritos acima é o chamado “backtracking”ele afirma:“Backtracking” é a habilidade de reafirmar pontos-chave usando as palavras da pessoa com quem estamos interagindo, acompanhando-a com o mesmo tom de voz e linguagem corporal. É importante repetir as palavras-chave que assinalam os valores da outra pessoa”.

METODOLOGIA
Essa pesquisa utilizou-se o método qualitativo, pois esse método torna possível evidenciar as diversas interações sobre os objetos de estudos. Segundo Goldenberg (2009):

[...] “Na pesquisa qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória [...] (p.14). Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa em pesquisa se opõem ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, baseado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes pesquisadores se recusam a legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar em leis e explicações gerais. Afirmam que as ciências sociais têm sua especificidade, que pressupõe uma metodologia”. (p.16-17)

O campo de coleta de dados foi uma Faculdade em Brasília-DF, com dezesseis alunos do curso de Pós-graduação em Psicologia Organizacional na disciplina de Coaching e Dinâmica de Grupo com carga horária de 48h/a.

Para coleta de dados foram utilizados dois instrumentos de pesquisas: um roteiro de observação e um roteiro de entrevista. A observação segundo Ludke (1986, p.25), “[...] para que se torne um instrumento válido e fidedigno de investigação cientifica, a observação precisa antes de tudo ser controlada e sistemática”.

A pesquisa foi realizada nos meses de abril e maio nos dias 12/04/2014, 26/04/2014 e 10/05/2014. Os sujeitos dessa pesquisa foram os alunos da pós-graduação e o próprio autor. A coleta se deu através de um instrumento em forma de questionário contendo cinco questões abertas. O instrumento de coleta de dados foi aplicado no último dia do curso. Também foi utilizada na metodologia a observação do próprio autor que foi o professor coach responsável pelo desenvolvimento da disciplina.

Nessa pesquisa a observação foi utilizada para reconhecer a importância do processo de coaching e da abordagem centrada na pessoa, no caso o aluno. Em relação a entrevista Ludke(1986, p. 33-34) descreve:
[...] a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde. A grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos.

ANÁLISE DE DADOS
Abaixo estão descritas de forma sintetizada as abordagens feitas através do instrumento de pesquisa e seus dados primordiais, trazendo para a discussão a observação do próprio autor e a refutação teórica e bibliográfica. Segue a primeira pergunta feita:

Em sua opinião o que significa conhecer e vivenciar um processo de coaching?

Um dos alunos disse: “Entendo que é relevante conhecer o desconhecido, no sentido de que, o processo de coaching é uma ferramenta que proporciona uma visão mais ampla, que determina e traça metas aonde o cliente quer chegar.” De acordo com o periódico Jornal da Comunidade de 26 de abril a 02 de maio de 2014: “[...] todas as fases da vida podem ser contempladas com esse processo de empoderamento de si [...]. Afinal ele tem o objetivo de levar o indivíduo a traçar um projeto de vida”. Conforme se observa nesta afirmação, o discente obteve um contato com algo que ainda não conhecia em si isso lhe proporcionou uma visão holística do seu mundo interno e externo levando a ter objetivos concretos em relação a atitudes e datas.

Outro discente diz: “Ajuda a fazer auto-reflexão, ver os déficits que interferem nos objetivos e assim procurar uma auto-ajuda para o caminho do sucesso e consequentemente a motivação”. França (2013, p. 18) afirma: “[...] percebe que ações ele pode executar para desenvolver competências que o aproximará das metas provendo assim um desenvolvimento de competências que o cliente não tinha levado em consideração”. Sendo assim o aluno pode ver em qual lugar está em relação ao seu lugar desejado. Outro discente responde:

“Reflexões, para que possam ocorrer mudanças e cumprimento de metas”. França (2013, p. 18) afirma: “O processo de coaching consolida a mentalização para a materialização com a execução das metas de procedimento que fornecerão ao cliente mais recursos e desenvolvimento para a execução da meta”. O aluno percebe como este processo pode ajudá-lo a conseguir atingir a sua meta de uma forma sistemática.
As ferramentas utilizadas nas sessões sejam elas individuais ou em grupo trabalham com a motivação e auto-estima, sendo assim semelhantemente um aluno diz: “É muito importante para que nossa vida pessoal e profissional. O processo de coaching é maravilhoso para o nosso crescimento.” Este aluno se identificou com o processo e expressa em sua fala como isso o marcou de forma positiva e expressiva.

França (2013, p. 08) descreve que: “O coaching é o processo de apoiar uma pessoa na identificação e criação de estados desejados, desenvolvendo e acessando seus recursos internos”. Em paralelo a esta afirmação um aluno descreve: “No processo de coaching a pessoa busca uma meta, a realização dessa meta. É nesse processo de realização, que ocorre o autoconhecimento, a auto-análise, o que aprimora o individuo”. É possível observar que este discente observou e identificou um aprimoramento em relação ao seu estado atual ao iniciar o curso e no momento da entrevista.

O homem em sua essência tem desejos, necessidades e motivações sejam elas intrínsecas ou extrínsecas. Estímulos variados o motivarão para conquistar certos estágios na vida. França (2012, p. 09) afirma: “Anthony Robbins, comunicador e escritor americano, identifica seis necessidades humanas essenciais: 1ª. Certeza e conforto; 2ª. Incerteza e Variedade; 3ª. Amor e Conexão; 4ª Significância e Importância; 5ª. Crescimento e 6ª. Contribuição”. Na essência do ser, de certa forma, geral ou parcial o indivíduo ou grupo quer atender suas necessidades de forma plena. Um discente diz: “Conhecer e vivenciar o processo de coaching significa abrir portas para algo novo em nossa vida. É conhecer uma metodologia que pode contribuir para nos tornarmos pessoas melhores, com objetivos e metas para a vida profissional e pessoal”.
O processo de coaching modela os nossos modelos mentais e amplia nossa visão de mundo de acordo com um discente: “Muito importante, pois ampliar a nossa visão como é um processo de coaching, pois ainda não tinha passado por essa experiência”. Este em particular se demonstrou bastante envolvido e interessando em aprofundar o processo.

França (2012, p. 10) descreve: “Incerteza e Variedade – certo de grau de surpresa, variedade, desafio, diferença e novidade na vida”. Um discente compartilhou o quanto essa experiência de novidade de vida foi importante em seu processo de ensino e aprendizagem, este descreve: “A parte de conhecimento me ajudou a esclarecer algumas dúvidas que eu tinha e vivenciar ajudou-me a refletir sobre minha vida, refletir sobre o que estou fazendo para melhorar e alcançar meus objetivos”.

Uma das ferramentas utilizadas no processo é a swot pessoal, uma maneira de identificar quais os seus pontos fortes e fracos que estão diretamente ligados as suas qualidades e defeitos. Outra característica dessa ferramenta é identificar as suas ameaças e oportunidades que estão diretamente ligadas ao seu meio externo. Um discente diz: “Significa um individuo procurar se autoconhecer, identificar pontos fortes e fracos de sua personalidade e a partir disso buscar melhorar em nossos pontos fracos, traçando metas e buscando objetivos e sonhos”. Sobre isso outro discente comenta: “Aprender algo novo e passar por um momento de questionamento que leva a pessoa a refletir sobre a vida”.

Esta primeira pergunta teve objetivo principal extrair dos alunos o seu entendimento sobre o processo de coaching e o qual o proveito eles obtiveram vivenciando as ferramentas.
A segunda pergunta foi a seguinte:

Aprender e treinar Abordagem Centrada na Pessoa (empatia, respeito, escuta ativa, acolhimento e não-julgamento) de acordo com Carl Rogers pode gerar mudanças. Em sua visão que mudanças são essas?
Responde um dos discentes: “A abordagem centrada na pessoa proporciona à pessoa a possibilidade do auto conhecer-se no sentido, que esse conhecer faça com que se tenha uma visão ótica e proporciona um entendimento melhor das pessoas”. Observou-se que o autoconhecimento é uma ferramenta eficaz no processo de mudança de mente e conseguintemente de comportamento, de acordo com Singh (2005, p. 72) pode se chamar esse processo de metanoia com significado de “mudança” e também “redenção”.

Observou-se também uma forma de interpretação dos comportamentos tanto intrapessoais e interpessoais. Um dos discentes completa: “Exercita a reflexão, além de aprendermos a nos colocarmos no lugar da outra pessoa, aprendendo a respeitar a opinião alheia, colabora também para um planejamento estratégico da nossa vida pessoal e profissional”. Segal (2005, p. 15) afirma: “Não só os romancistas e os psicanalistas interpretam o comportamento. Todos interpretam o comportamento dos outros o tempo inteiro”. Sendo assim a ACP - Abordagem Centrada na Pessoa ou ACL – Abordagem Centrada no Aluno, possibilitaria uma melhor interpretação dos eventuais comportamentos.

De certo modo as interpretações pessoais e coletivas também podem influenciar no comportamento. Segal (2005 p. 16) descreve: “Com essas interpretações tentamos dar sentido ao comportamento e aos sentimentos nossos e dos outros”. Um discente afirma: “Sim. Pode gerar mudanças em tudo, como você ver a outra pessoa, entender mais sobre as pessoas e seus comportamentos, escutar e entender os outros”.
Outro discente afirma: “As mudanças são individuais, mas a partir do momento que é sinalizado é fácil trabalhar o bicho papão que habita em cada um de nós”. Segal (2005, p. 46) descreve sobre a importância de encararmos a verdade e identificarmos fantasias nocivas: “Elas não só prejudicam a capacidade de ver, sentir e pensar de fato, mas também ameaçam as relações com as outras pessoas e com nós mesmos”.
Neste tópico podemos observar a importância do ouvir compreensivo quando um aluno afirma: “Fazer com que a pessoa se sinta acolhida, compreendida, traz o crescimento por escutar o outro de uma forma diferenciada do que foi dito”. O ouvir empático pode gerar uma reciprocidade de crescimento e amadurecimento pessoal. Sobre isso outro discente descreve: “Muda-se a forma como escutamos e compreendemos os outros, ficamos com uma visão mais humanizada, e, isso abre possibilidade de nos relacionarmos de forma mais próxima com as outras pessoas”.

A tolerância é uma característica que só pode ser percebida na prática, Scheeffer (1981, p. 59) afirma:

A capacidade de aceitar os outros não é um traço que se adquira em cursos ou mesmo na prática do aconselhamento. É sobretudo uma atitude básica com relação aos seres humanos, que se desenvolve através de experiências vitais (embora não saibamos exatamente quais são as experiências que a produzem).

Assim um discente conclui que: “Mudanças internas podem nos tornar pessoas mais maduras e responsáveis no ato de lidar com o outro. Pode nos tornar mais compreensivos e tolerantes no dia a dia”. Outro diz: “Aceitar as pessoas como elas são”. Scheeffer (1981, p. 59) sugere: “[...] talvez a leitura de obras literárias, poemas etc. aprofundem o nosso respeito pela personalidade humana; é possível que o fato de exercermos, diariamente, um trabalho de contato humano ajude a sentirmo-nos á vontade com as pessoas”. Da mesma forma um discente afirma: “De comportamento e entendimento do outro a partir da visão empática. Entender que o outro é diferente, que busca seus objetivos tanto quanto você pode ajudar a traçar as metas e buscar alcançá-los”.

No geral certos conflitos são causados por falta de uma boa percepção, estes conflitos podem ser de ordem intrínseca ou extrínseca um aluno diz: “Percepção de algo que pode está oculto dificultando seu desenvolvimento e crescimento como pessoa”.

A terceira pergunta foi à seguinte:

O que significa autoconhecimento e qual sua importância?

Responde um dos discentes: “Conhecer nossas fortalezas e fraquezas ajudam encontrar os pontos a serem melhorados. É importante para o crescimento pessoal e social”.
Rogers (1974, p. 222) contribui sobre a aceitação do Eu: “[...] processo da compreensão é a aceitação do eu ou, para nos exprimirmos em termos perceptivos, a percepção do carácter relacional de todos os impulsos”. Outro aluno acrescenta a esse pensamento e reflete; “O autoconhecimento entendo que seja o conhecer-se em todos esses aspectos de empatia, respeito, escuta e colocá-lo em prática no seu dia a dia”.
Sobre a compreensão e aceitação do autoconhecimento um aluno diz: “O autoconhecimento é conhecer a si próprio, da maneira íntima possível. A partir do momento que somos conhecedores das nossas limitações e de pontos fortes é possível fazer diferença”. Rogers (1974, p. 223) afirma: “O factor da escolha. [...] outro elemento envolvido na compreensão que tem sido pouco reconhecido. A compreensão autêntica inclui a escolha positiva de objectivos mais satisfatórios”. Este aluno compartilha: “É o conhecimento mais profundo de quem é você e bastante importante tanto na vida profissional quanto pessoal”.

Quando entramos em contato com quem nós somos temos uma atitude a tomar ou mudamos ou recalcamos tais informações, um discente descreve: “Autoconhecimento é a pessoa se conhecer, descobrir questões sobre ela mesma que antes não tinha vindo à tona. Com ele a pessoa pode querer mudar o que lhe incomoda, se aprimorando como ser humano”. Da mesma forma que um conselheiro não-diretivo aceita sentimentos negativos e positivos assim é no processo de autoconhecimento, Rogers (1974, p. 51) reforça este procedimento: “Os sentimentos positivos são aceites nem mais nem menos do que os sentimentos negativos, como uma parte da personalidade. Sobre este aspecto um discente acrescenta: “Auto se conhecer é um processo longo e difícil, mas que é de fundamental importância para a pessoa sobre o qual é seu local no mundo”.

Rogers (1974, p. 145) afirma: “Na nossa cultura, a maior parte dos adultos foram formados para dar uma maior atenção às idéias do que aos sentimentos”. Vemos então a importância de trabalhar um processo de autoconhecimento de forma geral, um aluno contribui dizendo: “Autoconhecimento é conhecermos melhor nossos sentimentos, ações, atitudes. É saber nossos limites, ter equilíbrio emocional para lidar com as adversidades humanas. É de extrema importância que nos conhecemos para que possamos conter nossas emoções”.

Outra fonte importante de se falar nessa discussão é a vontade que está alinhada ou estagnada pelo comodismo ou a repressão de sentimentos que impedem o crescimento do ser. Meininger (1974, p. 95) descreve: “Tais pessoas são tipicamente vítimas de lições recebidas muito cedo e que lhes ensinaram (erradamente) que suas reações e sentimentos naturais não eram precisos e deviam ser ignorados”. Um aluno concorda neste sentido dizendo: “É muito além do que o conhecimento, pois vem primeiro o querer, à vontade para se ter esse autoconhecimento, pois é muito importante saber ter e como saber usar esse autoconhecimento” e Meininger (1974, p. 95) conclui: “Ensiram-lhes a não sentir o que realmente sentiam, e sim o que lhes era dito para sentir, ou o que era permitido que sentissem”.

Um aluno comenta sobre os limites que o autoconhecimento pode ajudar a identificar: “Conhecer a si mesmo. Conhecendo a mim mesmo eu sei meus limites e consigo identificar o que eu quero, onde almejo chegar”. Esta percepção demonstra que o principal objetivo do coaching é a mudança do “estado atual” para o seu “estado desejado”.

Este discente faz uma alusão a swot pessoal dizendo: “Busca pelo próprio entendimento, conhecer os próprios pontos fortes e fracos para buscar da melhora pessoal, profissional ou outra qualquer para assim traçar metas e objetivos, construindo um comando para alcançá-lo”. Outro reafirma focando em saber tomar decisões importantes, diz: “Significa se conhecer, saber lidar com situações diversas, se portar ante problemas e vitórias”.

O próximo aluno reflete sobre o “livre-arbítrio” e descreve: “Perceber, aceitar, mudar ou não algo em si próprio. A importância de se melhorar à medida que si percebe onde se deve mudar”.
A quarta pergunta foi a seguinte:

Como o autoconhecimento pode levar o aluno ao autodesenvolvimento?

Responde um aluno: “Quando me reconheço e aproveito as minhas fraquezas e as transformo em oportunidades para melhorar minha vida em todo”. Meininger (1974, p. 140) afirma: “Em geral, quando desejamos melhorar nossa capacidade de tomar decisões, procuramos novas técnicas, ideias ou regras que possam nos ajudar a atingir esse objetivo”. Dessa forma pode se chegar ao autodesenvolvimento. Outro aluno diz: “Auxilia a fazer estratégias e descobertas de como ultrapassar os obstáculos e atingir suas metas e sonhos”. Outro completa: “Por que o autoconhecimento ajuda o aluno a melhorar seus pontos negativos e conhecer os seus positivos”.

Neste próximo podemos observar a ratificação em relação a swot pessoal, um discente reforça: “Quando a pessoa se conhece, seus pontos fortes, pontos fracos, sentimentos, se desenvolve, ocorre um crescimento” e outro completa dizendo: “Levando o aluno a conhecer e entender seus pontos fortes e fracos assim melhorando sua performance, pois se conhecendo pode-se trabalhar as deficiências e conservar as potências”.

Este discente focaliza na motivação em conquistar a meta estabelecida e dessa forma ele consegue transformar o autoconhecimento em autodesenvolvimento, diz: “Sim, se nos conhecermos bem podemos nos desenvolver como pessoas e como profissionais. Uma vez que nos conhecemos, temos objetivos e metas para alcançar”.

Interessante que o próximo aluno traz algo diferente dos demais e fala sobre a importância dos exercícios práticos em sala de aula, contribui: “Disponibilidade de tempo, oportunidades de mostrar estes desenvolvimentos propostos em sala”.

Os demais alunos reforçaram a importância de transformar o conhecimento obtido de si próprio em pontecialidades que os levem ao alcance de suas metas.
A quinta e última pergunta foi a seguinte:

Aprender sobre Coaching, Autoconhecimento e Abordagem Centrada na Pessoa gerou benefícios para você como aluno (a) do curso de Especialização em Psicologia Organizacional? Quais?
Seguem as respostas:

· “O conhecimento da disciplina e a possibilidade da aplicabilidade no meu dia-a-dia como pessoa e o respeito às diferenças em um contexto geral.”
· “Com certeza! Sonhar é preciso e conquistar os sonhos, ainda mais. Para isto é preciso traçar caminhos e saber como fazer. Descobrir os pontos a serem melhorados vai auxiliar a ser uma pessoa ainda melhor!”

· “Gerou que o coaching funciona.”

· “Sim. Que através de algumas técnicas é possível compreender e trabalhar algumas deficiências que todos nós possuímos, no entanto é pontual e individual o que faz toda diferença, uma vez que deve ser traçado metas e planos de ação para liquidar as deficiências.”

· "Sim. Amei o curso a disciplina e ajudou a me conhecer melhor como pessoa. Ajudou a conhecer meus limites, minha importância.”

· “Sim. Em função de me conhecer melhor, de detectar pontos que precisa melhorar tanto no lado profissional, quanto pessoal. E também em função da escuta, de escutar o outro e estar inteira com o outro.”

· “Muito, pois estamos o tempo todo lidando com pessoas, ter conhecimento sobre as relações humanas, facilitando o entendimento sobre o ser humano.”

· “Sim. Conhecer algumas ferramentas contribuiu para profunda reflexão sobre atitudes e ações do dia a dia, que podem ser mudadas para que eu me torne um ser humano melhor, tais como: paciência e tolerância para o próximo.”

· “Curiosa para aprender sobre as diferenças entre pessoas. Respeito à diversidade, integridade, planejamento.”

· “Muito. Fez com que eu refletisse mais a respeito dos comportamentos das pessoas, a respeito dos meus comportamentos, a me questionar onde quero chegar, qual meu objetivo, o que estou fazendo para melhorar como pessoa e como profissional.”

· “Sim. Entendi ainda mais a importância da empatia. Perceber que só podemos ajudar alguém se autoconhecendo primeiro e que o coaching não é terapia e a busca para traçar metas e alcançá-las, é de suma importância.”

· “Sim. Não só como aluna, mas uma profissional que lida diariamente com pessoas me fortalece e me orienta cada contato como lidar com pessoas infinitamente diferentes, respeitando a subjetividade de cada um.”


Tanto Rogers (1974) como França (2013) concordam que o autoconhecimento é uma ferramenta eficaz para o desempenho das pessoas, que desejam sair da sua maneira atual de comodidade e crescer interiormente, assim também conseguir atingir as suas metas, essa última é mais reforçada por França (2013), Rogers (1974) por sua vez enfatiza mais a aceitação de si e dos outros na forma de: autoconhecimento, empatia, escuta ativa, não-julgamento, não-aconselhamento e respeito acima de tudo na decisão do aluno, cliente ou coachee, neste último aspecto ambos estão de acordo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se através deste estudo um grande avanço no desenvolvimento e motivação dos envolvidos em todo o processo, isso se torna explícito nas questões do instrumento de pesquisa utilizado. Alguns discentes tiveram a sua percepção modelada para um novo nível de entendimento e abordagem de si e dos outros.

A coaching realmente é uma ferramenta de desenvolvimento tanto pessoal como profissional e pode ser utilizado no processo de ensino e aprendizagem como um instrumento de desempenho, interação, concentração, gestão de tempo e planejamento estratégico.

A abordagem centrada na pessoa e no aluno é indispensável para estabelecer boas relações interpessoais, relação professor-aluno, convívio em todos os níveis acadêmicos de forma a estimular a reciprocidade e aceitação incondicional reforçando o respeito a regra de ouro: “faça com o outro o que gostaria que fizesse com você”.

É importante ressaltar que estes instrumentos de crescimento pessoal só funcionarão se forem colocados em prática durante todos os processos de relacionamento, procurando constantemente a auto-análise e o feedback sincero, levando sempre em consideração qual o principal objetivo, o amadurecimento focado em desempenho em todos os níveis pessoais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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