Em 2013 a empresa de telefonia celular no Reino Unido O2 lançou uma propaganda muito interessante que dizia: “Be more dog” (traduzindo, seja mais cachorro) na qual estrelava um gato que, assim como um cachorro, corria livremente em um parque, pegava um frisbee com a boca, rasgava jornais e cavava buracos no jardim. 

A ideia era mostrar ao público consumidor que eles estavam deixando de aproveitar as pequenas coisas da vida e que, deixando de ser um gato e sendo um pouco mais cachorro, as pessoas iriam apreciar mais. E, refletindo sobre essa mensagem, algumas coisas vieram à minha mente:

- Gatos praticam yoga diariamente:  Quem tem um felino, ou já conviveu algumas horas com um, sabe como eles conseguem se desdobrar ao meio quando estão “tomando banho”. Eles fazem posições alucinantes, conseguindo alcançar partes do corpo inimagináveis. Além da perda de gordura e ganho de flexibilidade corporal, a yoga pode ajudar com suas as articulações, respiração e autocontrole;
 
- Eles praticam meditação todos os dias: Se você reparar, gatos passam uma grande parte do dia meditando. Eles se sentam ou deitam, relaxados, olhando singelamente para o nada. Às vezes nem escutam o barulho ao redor. A meditação pode auxiliar na redução dos níveis de ansiedade, diminui a pressão sanguínea, melhora o sistema imunológico, enfim, são diversos os benefícios para os praticantes de meditação; 
 
- Gatos não precisam da aprovação de ninguém: Eles são animais extremamente independentes, que curtem um colo de vez em nunca ou um carinho no pescoço, mas apenas quando eles sentem necessidade. Já tentou pegar um gato no colo e forçar carinho nele? Não rola. Eles raramente aceitam. Gatos fazem o que gostam e na hora que querem. Não precisam de aprovação. A constante necessidade de autoafirmação que algumas pessoas sentem pode acabar prejudicando, pois permite que o outro opine e, de alguma forma, tome as rédeas de nossas vidas;
 
- Eles confiam em si e em sua intuição: Eles pulam. Alto. Sem medo. Conseguem calcular bem seu ponto de partida e o ponto de chegada, confiando em si mesmos. Claro que existem alguns que calculam um pouquinho errado vez ou outra, que confiam demais em si e acabam caindo. Mas, no geral, eles sabem bem o que estão fazendo e confiam em sua intuição na hora do “pulo do gato”. Quando há baixa autoconfiança, a vida parece estagnar. Temos receio de ir para a frente, mas sabemos que não queremos andar para trás. Quantas coisas não deixamos de fazer pois não confiamos em nós mesmos ou porque não escutamos nossa intuição?;
 
- Eles têm 7 vidas: Reza a lenda, e se é verdade ou não, eu já não sei. Mas já vi gatos sobrevivendo a quedas fantásticas. Claro que nós, humanos, não temos a oportunidade de 7 vidas, literalmente falando. Mas, e se você trocar isso pelo fracasso? Todos temos momentos em que fracassamos. Muitas vezes a queda é dura, machuca. Mas os gatos levantam e saem correndo depois disso. Se resguardam por um tempo, mas, se não estiverem machucados, eles metem a cara de novo, com mais determinação do que nunca. Alguns podem achar que eles esqueceram da queda. Eu prefiro acreditar que eles simplesmente preferem não desistir.
 
E é por isso que eu acredito que a companhia O2 estava enganada quando fez sua campanha “Be more dog”. É claro que existem momentos que devemos ser mais cachorro, curtindo a vida livremente, com o rosto para fora da janela de um carro em movimento. 

Mas essa agitação toda pode cansar um pouco o nosso corpo e a nossa mente. Brincadeiras à parte, bom mesmo é sermos mais humanos. No mundo atual, sinto que parecemos evitar isso, focando muito na busca da perfeição, tanto no outro quanto em nós mesmos. Por isso faça yoga, medite, confie em si, erre mas aprenda com isso e, acima de tudo, não espere a aprovação do outro para ser feliz. 

Pule alto. Caia e se erga. Tenha coragem!

Sempre que possível, seja um pouco mais gato.



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