“Se temos de esperar,
que seja para colher a semente boa
que lançamos hoje no solo da vida.
Se for para semear,
então que seja para produzir
milhões de sorrisos,
de solidariedade e amizade”
(Cora Coralina)


Em artigo anterior falamos que a envelhescência, período entre 45 e 65 anos, é a preparação para a velhice, assim como a adolescência prepara os jovens para a idade adulta.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, em 2040, 23% da população brasileira será constituída por pessoas de mais de 60 anos. Os idosos, principalmente mulheres, representam um segmento em crescimento e que ganham visibilidade na sociedade brasileira.

Esse envelhecimento tem como característica ser constituído em sua maioria por mulheres com 65 anos ou mais. A feminização da velhice ocorre em razão do crescimento relativo da taxa de mulheres idosas. A mulher está preparada para viver a envelhescência e construir metas para viver uma velhice saudável?

Atualmente, existem duas vertentes para analisar a situação dos idosos. Uma que vê os(as) idosos(as) sob o estigma da dependência, fragilidade, solidão e não produtividade, o que traz a preocupação governamental com os sistemas de saúde e de seguridade social.

Por outro lado, tem crescido a visão da velhice como uma etapa da vida bem sucedida e saudável [1]. Esta visão se deve a mudanças no ambiente social e econômico.

As análises do estudo de Carolina Guidotti[2] mostram o papel das políticas públicas para possibilitar uma experiência diferente de envelhecer. Por exemplo, a autora destaca a importância do maior acesso à educação para melhorar o bem estar e a saúde dos(as) idosos(as).

Segundo a autora, a partir dos dados do IBGE, mais de 70% dos(as) idosos(as) nascidos(as) nas primeiras décadas do século passado tinham completado no máximo três anos de educação formal. O percentual de pessoas da geração nascida entre 1951 e 1960, nessas mesmas condições, será inferior a 30% quando atingirem 60 anos ou mais. Em 2040, praticamente metade da população, entre 60 e 69 anos, terá ensino médio completo, o que significa o dobro de 2010.

Guidotti reafirma o que já foi afirmado por diversos estudos e pesquisas que o maior nível de escolaridade influencia a qualidade de vida e as condições de saúde. Influencia, ainda, a participação social e a autonomia das pessoas nessa condição. As análises feitas por Guidotti mostram, também, diferença das características de homens e mulheres, realçando como evidência o nível de escolaridade. As mulheres têm nível de escolaridade mais elevada.

A autora afirma que as estimativas indicam que, em 2030, de cada quatro mulheres de 70 a 79 anos, uma deverá morar só.

Assim, é importante implantar políticas públicas que reconheçam essa tendência de idosas passarem a viver sozinhos e colocar em prática a gestão pública do cuidado, com socialização da responsabilidade pelas idosas, função esta que ainda está no âmbito da família, e especialmente, depositada nas tarefas das mulheres.

Nos aspectos individuais, a fase de envelhescência é fundamental para conhecer as tendências e possibilidades, e para construir metas para uma velhice saudável e bem sucedida.

As mulheres que trabalham fora, quando estão no processo de envelhecimento, começam a pensar na aposentadoria como algo importante, que lhes permitirá fazer coisas que não conseguem fazer devido aos compromissos com o trabalho.

Entretanto, a maioria das mulheres quando aposenta, após um tempo, percebe sua vida mudando e muitas entram em crise, achando que sua vida está desmoronando, que não têm um propósito para sua existência.

Não tem mais o trabalho, não é mais jovem, os filhos(as) cresceram e vão viver suas próprias vidas. A síndrome do ninho vazio agrava a sensação de “não ser mais útil”. A autoestima começa a ser abalada.

É importante que as mulheres sejam preparadas para o envelhecimento. O trabalho de coaching pode ser feito um pouco antes, no período da envelhescência, preparando o cliente para construir metas para vivenciar a velhice de maneira saudável.

Mas, o Coach também pode apoiar as mulheres que entraram na velhice sem ter metas claras de como viveriam esse período, apoiando-as a viver esse momento, transformando fraquezas em fortalezas. E, assim, garantir que essas mulheres construam metas para viver a velhice de modo digno, com bem estar e satisfação, recuperando a autoestima.

O foco no que você quer alcançar e saber reconhecer as oportunidades são elementos importantes para garantir o sucesso. Há vários exemplos de mulheres que conseguiram reconhecimento por seu trabalho na maturidade. Um exemplo disso é a poetisa Cora Coralina, que publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade. Se você é mulher e quer trabalhar metas para ter uma velhice saudável, estamos preparados para apoiá-la a construir sua meta, a perceber suas potencialidades e a construir um caminho em direção à sua meta.


Bibliografia

GUIDOTTI, Carolina. “Um olhar sobre o novo envelhecer”, Jornal da Unicamp, Campinas, 16 de março de 2015 a 22 de março de 2015 – ANO 2015 – Nº 619, //www.unicamp.br/unicamp/ju/619/um-olhar-sobre-o-novo-envelhecer

VILELA, Elisandra. Mente na Terceira Idade - Informações sobre o funcionamento da mente na terceira idade e gerontologia, longevidade da mulher e suas consequências. Vya Estelar, //www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher_longevidade.htm

[1] Vide o artigo “Um olhar sobre o novo envelhecer”, Carolina Guidotti, //www.unicamp.br/unicamp/ju/619/um-olhar-sobre-o-novo-envelhecer.

[2] Carolina Guidotti é demógrafa. Em sua dissertação de doutorado “Envelhecimento demográfico e mudanças na transição à velhice entre brasileiros de distintas gerações”, ela analisa as características da transição à velhice no trabalho, na saúde e no âmbito doméstico.



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