Escrito por Sulivan França - 10 de Janeiro de 2014

Alcançada a melhoria das habilidades, é tempo de explorar o meio de o indivíduo não transitar apenas dentro de um nível (tornando-se mais hábil), mas movimentar-se entre os níveis, alcançando a transformação.

O fracasso é um conceito geralmente evitado pelo coaching. No coaching integral, porém, é ingrediente essencial para que o indivíduo dê um salto de qualidade: somente quando todas as opções falham, pode haver a transformação.

O que é Coaching?

Isso acontece quando tudo o que o coachee fez (é ao que me refiro quando falo em fracasso neste contexto) provou-se insatisfatório, quer as ações possam ser consideradas “bem-sucedidas” ou “malsucedidas”. Essa não-satisfação é a base de que a oportunidade de transformação precisa ocorrer. Se as opções continuarem válidas, o coachee insistirá nelas.

O processo de transformação

A transformação só acontece quando o coachee fica insatisfeito ou descontente com as opções do nível em que se encontra.

Um bom exemplo disso é a tentativa de transformar um relacionamento insatisfatório. Pode-se perguntar aos envolvidos: “Que tipo de relacionamento você deseja?”

Como escreve Paul Watzlawick em The Pragmatics of Human Communication (Pragmática da Comunicação Humana), isso interrompe a antiga dinâmica e provoca comentários sobre a situação.

Na verdade, o objetivo desse questionamento inicial é descobrir a natureza do relacionamento pretendido. Sem isso, é provável que persistam as antigas opções: discussões, mutismo, irritação, etc. Quando essas opções falham – e as discussões se tornam insuportáveis -, surge a possibilidade de transformação.

O ponto final desse tipo de processo (a pergunta sobre a natureza do relacionamento) não é inevitável, mas cria a oportunidade de uma alteração fundamental: abre espaço para a transformação. Assim, para “mudar” de nível, é preciso estar descontente com o atual estado de coisas. Sem isso, falta energia.

Como se verifica também no ambiente profissional, todo progresso precisa ser fruto da insatisfação. Pequenas mudanças operadas em uma empresa são opções.

Transformação corporativa

Quando um novo líder assume, geralmente muda o rumo seguido pela organização, abrindo caminho para a transformação.

O psicólogo dr. Clare Graves acredita que isso seja equivalente ao movimento:

“Em cada estágio da existência... O homem está sempre em busca do Santo Graal, do modo de vida que quer ter... Ele acredita que vai encontrar a resposta.No entanto, para sua surpresa e decepção, descobre em cada estágio que a solução para a existência não é aquela que encontrou. Cada estágio alcançado o deixa desconcertado e perplexo. O que acontece é muito simples: a cada grupo de problemas resolvidos, outros aparecem no mesmo lugar. A busca é interminável”.

Qual o Papel do Líder?

Mas em cada estágio existe uma esperança, que se apresenta sob forma de transformação contínua para níveis cada vez mais elevados, o que supera a insatisfação. É então que o coach integral pode intervir, sem apressar o processo, porém ele não deve impor uma transformação – ela vai acontecer quando as condições forem favoráveis.

O coach tem de dar suporte ao coachee, explorando e implementando intervenções adequadas ao atual nível de consciência, ajudando-o a melhorar suas competências. Talvez você descubra que o coachee fica preso a essas intervenções por bastante tempo.

Caso este tenha vivido um longo ciclo de satisfação antes da experiência de insatisfação, o coach deve esperar. Afinal, trata-se da vida e do bem-estar do coachee, no contexto mais amplo possível. Se a transformação não acontecer, tudo bem.

O mais provável, porém é que as opções acabem perdendo o apelo, dando lugar ao ciclo natural de busca de novas satisfações.

Todos já passamos por experiência semelhantes a esta. Quem, por exemplo, nunca desejou um carro novo ou uma roupa nova para, ao conseguir, logo descobrir que não representavam a realização?

E, assim, vamos em busca de uma nova opção que nos satisfaça por algum tempo. Somente quando todas as opções se mostram insatisfatórias, o coachee desperta para a oportunidade de transformação.


Esse texto possui informações extraídas do livro "Coaching Integral: além do desenvolvimento pessoal" de Martin Shervington, editora Qualitymark, 2006.
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