Uma coisa que sempre me causou irritação é avaliar as pessoas pelos carros que dirigem. Para mim, isso é uma forma superficial de chegar a conclusões sobre a vida de um ser humano. Infelizmente, no entanto, esse é um preconceito que pode ser percebido com frequência.

Certa vez, um empresário disse que recebeu uma proposta para a gestão dos investimentos dele. Veja o comentário que fez: “Por que vou colocar meu dinheiro nas mãos de quem dirige aquele carro? Se eu conquistei tudo o que conquistei, o que ele tem a me ensinar?”.

A pior coisa, em minha avaliação, é alguém acreditar que sabe tudo, por mais sucesso que tenha obtido na vida. É óbvio que ninguém é obrigado a contratar um serviço, mas julgar um profissional dessa maneira é absurdo. Não se sabe as pedras que encontrou no caminho.

Acredito que, às vezes, a riqueza produz uma cegueira. Em função das conquistas do passado, alguns empresários criam uma espécie de película protetora contra qualquer ideia que não seja deles. Dessa forma, acabam por perder colaboradores incríveis.

Isso ocorre porque funcionários engajados gastam saliva para convencer proprietários com esse perfil de alguma situação na companhia. Se eles percebem que estão certos e que lidam com alguém que não está aberto a ouvir, vão sair para procurar outros rumos.

Como pesquisas indicam, a remuneração adequada é fundamental, mas está longe de ser a principal prioridade quando o assunto é manter talentos. Colaboradores diferenciados querem reconhecimento, precisam sentir que fazem parte das decisões e do sucesso da empresa.

O discurso vazio é rapidamente percebido pelos melhores funcionários. É importante frisar isso porque existem empresários que contratam setores inteiros, mas depois não dão a autonomia necessária para que possam desempenhar a função. Aí fica difícil.

Penso que o equilíbrio entre o passado de glórias e a profissionalização é a mistura que vai fazer com que a empresa seja sustentável. Quando o proprietário se abre a novas ideias, tem a chance de fazer um paralelo entre uma visão diferente e a experiência que adquiriu.

Nesse cenário, o empresário se torna a referência, o exemplo a ser seguido. Passa a ser o grande líder que surge naquele momento em que a companhia mais precisa. É a ele que os colaboradores vão recorrer para resgatar as origens e os princípios do empreendimento.

Cerca vez, o dono de um pequeno estabelecimento olhou para o melhor funcionário e disse: “Algumas pessoas nascem para ter empresa e outras para trabalharem de carteira assinada, como é o seu caso”. Poucos dias depois, o rapaz abriu o próprio negócio.



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