Viver em função do passado é algo negativo, sem dúvida alguma. Agora, uma coisa com a qual não concordo é a memória curta. E muitas pessoas insistem em ignorar experiências negativas que tiveram e cometem os mesmos erros. É surpreendente.

Assisti ao filme Perdido em Marte e o longa traz um ensinamento interessante. Quando você está no espaço, tem praticamente certeza de que algo vai dar errado. Diante disso, é preciso agir para resolver cada problema, da melhor forma possível, até completar a missão.

No caso dos astronautas, o que permite a solução dos desafios é a preparação pela qual passam antes de iniciarem essas viagens. Parece-me que o empreendedorismo funciona de forma semelhante. Sabemos que vai haver pedras no caminho e temos que prosseguir.

O grande empreendedor está ciente disso e encara a situação. Quando comete um erro, não desiste. Faz uma reflexão sobre ele e transforma aquilo em aprendizado. Isso não se aplica ao Zé da Memória Curta. Tenho sérios problemas com esse perfil.

O Zé da Memória Curta é aquele que foi sócio de outro Zé da Memória Curta e o negócio foi um desastre. A empresa fecha, a sociedade se desfaz, os dois brigam e cada um vai para o seu lado. Dois anos depois, em um churrasquinho de final de semana, surge uma reaproximação.

Entre uma cerveja e outra, mais uma sociedade entre eles nasce. Agora, com certeza, vai dar certo. Só que não. Mais uma vez, portas fechadas e discussão. Um fala mal do outro para Deus e o mundo. Passa algum tempo, um novo jantarzinho aparece e o ciclo se repete.

Negócios, eventualmente, dão errado. Se duas pessoas tentaram empreender e não conseguiram, nada impede de trabalharem juntas novamente. Podem dar a volta por cima tranquilamente. O problema é quando os padrões negativos se repetem.

Não é só em sociedades empresariais que isso se manifesta. A situação fica evidente em outras relações do dia a dia. É incrível , por exemplo, como um Zé da Memória Curta é capaz de confiar, pela milésima vez, em outro igualzinho a ele. Gente assim não muda nunca.

Presenciei uma conversa curiosa dia desses. Um homem narrou para outro a vida de uma pessoa que viram passar. Ele disse: “Antes, comia marmita. Agora, é só em churrascaria. Isso mostra que, quando é pra ser, é”. Deu a entender que os negócios dele engrenaram bem.

O que muitos não percebem é que nem sempre “era pra ser”. O indivíduo é que assumiu o controle da situação e tentou fazer algo de diferente na vida. Construiu o próprio destino. Aprender com os erros é mais do que algo importante. É uma questão de sobrevivência.



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