Eram quase 13 horas na capital paulista, onde estava para gravar cursos que serão oferecidos na modalidade de educação a distância. O sol forte lembrava o mês de janeiro, apesar de estarmos em agosto. Entrei em um restaurante para almoçar.

Passei a manhã inteira em gravação e os trabalhos continuariam na parte da tarde. Entre um compromisso e outro, decidi comer algo leve para me sentir mais disposto. Pedi uma salada completa e um suco de abacaxi com hortelã.

De repente, uma cena chamou a atenção de quem estava naquela parte da cidade. Uma senhora de cabelo curto e grisalho carregava uma caixa e a deixou no chão, do outro lado da rua. Usava óculos, uma blusa colorida, bermuda e tênis.

Ela sacou um microfone, ligou o som de fundo e começou a cantar. Entre as canções, estavam grandes sucessos da música mundial. O Inglês era perfeito. Fiquei emocionado com a forma com que aquela mulher decidiu se sustentar.

Larguei a salada e comecei a prestar atenção. As primeiras doações se iniciaram imediatamente. Clientes do restaurante sorriam, surpresos com o aparecimento daquela personagem, que trouxe uma trilha sonora para o almoço.

No dia seguinte, peguei um táxi. O motorista puxou uma conversa interessante. Relatou que é baiano e está em São Paulo há 25 anos. Ele acredita que qualquer pessoa que queira trabalhar encontra uma forma de ganhar dinheiro na cidade.

"Meu primo também está aqui. Em determinado momento, decidiu voltar para a Bahia. Abriu uma loja de tapetes, mas não deu muito certo e veio novamente para a capital", contou-me o simpático taxista, que encontrei na Avenida Paulista.

Durante a conversa com ele, lembrei-me da cantora que alegrou meu almoço. Quando me aproximei para fazer uma pequena contribuição a ela, percebi que não era apenas o som de fundo que saía da caixa. A voz principal também estava gravada.

Fui para a segunda parte do meu trabalho com a esperança de que aquela senhora realmente fosse a artista que pareceu ser. Isso para não acabar com o encanto dos jovens que correram para filmar e enviar o vídeo para os amigos via Whats.

Quanto ao taxista, gostei da aula de negócios que me deu: "O problema da loja de tapetes é que o cliente compra um tapete hoje e o próximo ele só vai adquirir daqui a uns 300 anos. Bem que eu falei pro meu primo abrir um barzinho".



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