Quando algo não atinge as nossas expectativas, geralmente, um dos pensamentos que surge em nossas mentes é "como era bom ser criança", não é mesmo? Afinal, quem não sente saudades dos dias livres para brincar, sem conflitos e responsabilidades?

É natural, sentirmos saudades da época em que a única preocupação era a escola. Os pais ou os responsáveis resolviam os imprevistos que surgiam e tudo era mais leve. Porém, gradualmente, até chegar à vida adulta, somos nós que passamos a responder pelo que almejamos e pelas nossas escolhas, aprendemos com o processo natural de amadurecimento que para tudo há uma consequência. Todavia, algumas pessoas enfrentam dificuldades para superar esses processos de transição, entre a fase da infância para a adolescência e, posteriormente à vida adulta.

Dan Kiley, psicólogo norte-americano, estudou o que chamamos de Síndrome de Peter Pan. Este comprometimento é caracterizado por pessoas, que se negam a passar da adolescência para a fase adulta. Isso ocorre, usualmente, com pessoas que foram superprotegidas pelos pais e responsáveis, durante a infância e a adolescência. Quem não se lembra do personagem de desenho animado que se recusa a crescer e quer ser um menino para sempre? Essa é a característica de quem tem essa síndrome. Essas pessoas, ao chegarem à fase adulta, apresentam comportamentos imaturos em relação a todas as áreas da vida.

Frequentemente, quem tem essa síndrome tende a fugir de compromissos, evitam relacionamentos mais profundos e duradouros, se eximem de responsabilidades, dentre outros comprometimentos que exijam responsabilizar-se por algo ou alguém. Comumente são pessoas dependentes e irresponsáveis. Atualmente, a síndrome de Peter Pan é mais comum nos homens.

O autoconhecimento, proporcionado pela psicoterapia é o caminho mais eficaz para o tratamento desta síndrome. Apesar de não ser reconhecida como uma doença mental, atrapalha a rotina e a vida de quem convive com ela. Nesse processo, o indivíduo consegue perceber que está se negando a amadurecer e a assumir as responsabilidades que vêm com a idade. É possível dar-se conta de que muita gente sente saudades da casa dos pais, de um lar com carinho, comida e roupa lavada sempre à mão, sem se preocupar com a rotina e os problemas do dia a dia. Porém, é inviável manter a vida que tivemos na infância para sempre. Precisamos assumir nossas vidas e escrever nossas próprias histórias, errando, acertando e acima de tudo, aprendendo sempre.



Informamos que esse texto é de inteira responsabilidade da autora identificada abaixo.