Escrito por Sulivan França - 07 de Fevereiro de 2014

Apesar de ser tradicionalmente utilizado nos esportes, o coaching tem ganhado mais espaço na área organizacional. O coaching executivo, o gerente como coach e o coaching pessoal são novas profissões nas quais pessoas ajudam outras de forma profissional. Ironicamente, vários procedimentos utilizados na área esportiva passaram a ser adotados no coaching das organizações.O interessante é que no início de qualquer profissão não existem definições, limites e práticas predefinidos.

O coach ou seus clientes não sabem exatamente o que está acontecendo. A compreensão compartilhada das diferenças entre coaching e seus congêneres – gerenciamento, consultoria, liderança e aprendizado – não são nítidas.

No atual estágio da evolução da profissão, algumas pessoas se autodenominarão coaches em negócios por simples autodeclaração. É tão simples quanto imprimir um cartão de visita e um folheto de propaganda. Então, alguns desses coaches vão se juntar e decidir que são eles os responsáveis pela definição daquilo que é e não é coaching. Logo depois, eles procurarão aumentar sua autoridade assumindo o direito de atestar – decidir os critérios pelos quais alguém pode ou não se chamar legitimamente de coach.

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Há algo um tanto quanto desconfortável nesse processo. Quem certificará os certificadores? Os seres humanos, na ausência de autoridade, são criaturas curiosas. Na verdade, estamos naquele momento em que talvez sejamos humanos ao máximo. Mas, quase imediatamente, desconfortáveis com a incerteza aparente, corremos para estabelecer autoridade e arriscamos perder uma porção de nossa humanidade no processo. A pressa no estabelecimento da autoridade poderia ser chamada de dúvida no processo evolucionário. Mas no coaching há uma diferença inerente quando o comparamos a outras profissões.

Se o resultado do coaching é uma performance de alto nível – a vitória em um jogo ou a obtenção de um objetivo de vida ou de negócios -, não é o coach que ganha, mas seus clientes: o indivíduo ou a equipe. O coach não pode fazer um gol ou impedir que este seja marcado. O coach não pode correr a corrida, atingir a cota, alcançar a linha de chegada da síntese do processo ou desenhar o produto. Apesar disso, muitas vezes os coaches recebem altos salários pelo impacto percebido na performance individual e da equipe.

O fato de a eficácia de um coach ser medida pelo sucesso de seus clientes aponta para uma diferença inerente dessa nova profissão. Além de não existir nenhuma disciplina de conhecimento específico chamada coaching, o coach é, muitas vezes, menos experiente que seu cliente. O coach não precisa transferir seu conhecimento, seus conselhos ou mesmo sua sabedoria. O que ele deve fazer é falar e agir de modo que outros aprendam e trabalhem na sua performance máxima.É, portanto, uma profissão indireta, uma profissão evocativa. “Tirar o melhor de outro indivíduo ou equipe” é, no máximo uma metáfora.

Coaches não podem literalmente alcançar e trazer à tona o melhor de ninguém além de si mesmos. O que pode ser feito é dizer, ser e fazer, e deixar que os outros respondam ou não com sua própria excelência. Aqueles que são considerados bons coaches têm maior probabilidade de ver a excelência emergir. Entretanto, não se pode explicar muito a relação de causa e efeito.

W. Timothy GallweyContinua: Parte II   

Myles Downey, em Coaching Eficaz, editora CENGAGE Learning, 3ª edição, 2010. 

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