Entre outras disciplinas, lecionei Mídias Digitais e Webjornalismo em universidades. Causei um arrepio em meus alunos ao dizer que não tinha conta pessoal de Facebook. O motivo era muito simples: na época do Orkut, meu perfil ficou abandonado por puro desinteresse.

Então, resolvi que não participaria por participar. Alguns estudantes tentaram me convencer do quão absurdo isso era. Usaram argumentos importantes. Um deles é o de que um profissional de comunicação é obrigado a participar das principais redes sociais.

Respondi que pagaria para ver. Afinal, sempre acreditei que a liberdade era uma das características mais relevantes da Internet. Portanto, por que alguém teria o dever de se cadastrar em algo? Por um tempo, fiquei restrito a uma página que criei no Face.

Foi apenas em 2015 que me rendi e adotei um perfil pessoal na rede. Ouvi de mais de uma pessoa o seguinte: “Ah, finalmente se entregou, hein?”. Para não me alongar, minha resposta sempre foi um curto “pois é”. Porém, senti-me na obrigação de compartilhar a experiência.

Decidi relatar como foi aderir ao Facebook depois de tanto tempo, para poder fomentar o debate. Realmente, todo mundo estava lá. Participava de várias outras redes, mas nada se assemelhou ao que experimentei com esse fato novo. Foi impressionante.

De repente, pessoas que imaginei terem se esquecido de mim começaram a me adicionar e a interagir comigo. O perfil pessoal se tornou uma ferramenta mais poderosa do que eu pensava, tanto para contatos quanto para divulgar meus trabalhos.

Ao ler esse breve relato, é possível que muitos estejam a dizer duas frases. A primeira: “Mas que coisa mais óbvia!”. A segunda: “Eu avisei!”. Sem querer ser teimoso, no entanto, ainda prefiro que as pessoas pensem duas vezes antes de aderir a qualquer iniciativa.

O Facebook conseguiu extrapolar o termo “rede social” para se tornar uma extensão das nossas vidas. Isso porque senti que preencheu um vácuo que havia em meu dia a dia. Um vácuo que nem sabia que existia. É como se eu tivesse retornado de algum lugar.

Se isso é bom ou ruim, acredito que é um debate que rende um simpósio inteiro. Até porque pesquisas revelam que houve uma espécie de “fadiga” entre os primeiros usuários da rede, o que fez com que muitos a abandonassem. Você acha que vou julgá-los? Claro que não!

A liberdade que a Internet proporciona deve permanecer. A decisão é de cada pessoa. Entre os indivíduos que cancelaram perfis, dá para perceber uma sensação de que a vida estava muito exposta. Para quem não decidir cair fora, é sempre bom usar com moderação.



Informamos que esse texto é de inteira responsabilidade do autor identificado abaixo.